Brasileiros relatam vida na Itália após coronavírus

Governo proibiu deslocamentos e fechou comércios do país

sex, 13/03/2020 - 07:47
ALBERTO PIZZOLI/AFP ALBERTO PIZZOLI/AFP

Com os principais pontos turísticos vazios, bares e restaurantes fechados, ruas desertas e pessoas trancadas em suas casas, a Itália vive um isolamento inédito no país desde que o governo do primeiro-ministro Giuseppe Conte anunciou medidas extremamente restritivas na tentativa de conter a propagação do novo coronavírus (Sars-Cov-2) na última quarta-feira (11). "A mudança foi surpreendente. Diversos lugares estavam abertos, mas agora estão fechados e a gente não pode sair. Na semana passada, as pessoas até saiam de casa, só que nos últimos dias tudo mudou", relatou Rafael Natale à ANSA.

De férias no país europeu, o brasileiro de 29 anos viu a drástica redução na circulação de pessoas em Roma, uma das cidades italianas que recebe milhares de turistas, principalmente em decorrência de seus famosos monumentos, como a Fontana Di Trevi e o Coliseu. As restrições têm como objetivo despovoar o máximo possível as ruas de toda a Itália para evitar a disseminação da doença que, até o momento, já matou 1.016 e contaminou outras 15.113 pessoas na nação desde o início da epidemia.

"Logo no começo, as pessoas entraram em pânico e correram para o supermercado comprar comida e estocar", contou a auxiliar de limpeza Rosemeire Soares, que está na Itália desde junho de 2018. 

"A vida do italiano mudou mesmo. Cinema, shopping, tudo fechado. O mercado tem limite de pessoas para entrar. No mercado pequeno, entra uma pessoa por vez. Você precisa pegar uma senha, ficar do lado de fora esperando a outra pessoa fazer compra, passar no caixa, para depois você entrar", acrescentou a brasileira. 

Soares mora na cidade de Gênova, na região da Ligúria, onde foram contabilizadas 11 mortes e 274 casos em decorrência da Covid-19, segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil nesta quinta-feira (12). Desde que a Covid-19 começou a se propagar no território italiano, "poucas pessoas estão saindo nas ruas e estão indo nos lugares. Todo mundo está ficando mesmo em casa, usando máscaras, luvas. Realmente mudou totalmente a vida de todo mundo aqui", revelou.

No entanto, Soares explicou que, depois das medidas impostas por Conte, "a população está mais controlada, mais tranquila, porque o governo deixou bem claro que as restrições são para o vírus não se propagar".

Apesar de todo temor, a moradora da cidade de Casalgrande, na província de Reggio Emilia, Ana Beatriz Segalla, revelou que lá "está tudo bem normal", mas as pessoas só saem de casa "para fazer compras, mais nada". Há um mês na Itália, Keroly Ellen, por sua vez, viajou para Loria, na região do Vêneto, para trabalhar como babá. Ela também relatou à ANSA que, até o momento, a população ainda não sentiu tanto os impactos das medidas, mas já está tomando os cuidados e estocando comida.

"Não se vê muitas pessoas nas ruas, mas aparentemente não estão tão preocupados, pois ainda não teve casos na cidade", contou. Independentemente da região, o decreto de quarentena serve para toda a Itália e determina a proibição de deslocamentos pelo país, a não ser em casos de necessidade comprovada de trabalho, saúde ou em urgências.

O texto ainda prevê o fechamento de estabelecimentos não-essenciais, com exceção de mercados e farmácias, e pede que as pessoas se mantenham a pelo menos um metro de distância entre si. "Alguns mercados têm uma certa quantidade de pessoas que podem entrar por vez. E ainda anunciam para ficarmos com um metro de distância uns dos outros", finalizou a jovem de 21 anos, que teve sua viagem de volta ao Brasil adiada.

Da Ansa

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