Grupos distribuem marmitas solidárias durante o lockdown

Apesar da liberação, grupos devem ficar atentos às normas de circulação de veículos

Leiajá]por Katarina Bandeira sab, 16/05/2020 - 16:25
Júlio Gomes/LeiaJáImagens Moradores de rua, do centro do Recife, formaram filas para receber marmitas Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Com a intensificação das regras de isolamento social, que entraram em vigor neste sábado (16), a circulação de pessoas e veículos foi alterada para tentar manter parte da população em suas casas. Porém, a fome não pode esperar, nem mesmo durante a quarentena. Em bloqueios espalhados pela cidade agentes de trânsito permitem que grupos que distribuem alimentos para pessoas em situações de vulnerabilidade continuem atuando, com algumas restrições. 

Voluntário em um grupo que distribui marmitas no centro do Recife, Sérgio Ricardo, foi uma das pessoas paradas no bloqueio da Avenida Agamenon Magalhães, sentido Recife. Os agentes chamaram a atenção do rapaz, que estava utilizando um veículo de placa ímpar, cuja a circulação permanece proibida nos dias pares e realizaram orientações educativas para que ele pudesse continuar as atividades. 

“A gente orienta para que eles sigam o decreto do rodízio de placas. Nós não vamos restringir porque eles estarão ajudando outras pessoas e a nossa intenção também é ajudar”, explica o coordenador de trânsito Rui Eduardo.  “Se for nos dias pares, pegue um carro que é de placa par”, orienta. O agente também pede para que os voluntários se atentem aos horários de circulação. “Não adianta sair de oito horas dizendo que vai entregar almoço. Ele [o voluntário] sai de um horário de onze horas vai fazer a ação e a gente verifica se ele está com o equipamento certinho para a gente ter a certeza e liberar a ida para a ação solidária”.

De acordo com Sérgio, uma das orientações foi que os voluntários providenciassem um ofício indicando que pertenciam a alguma organização ou grupo de apoio para poder circular. “A nossa declaração está sendo as marmitas. Eles estão sendo bem flexíveis, de fato. Passamos aqui antes para pegar as marmitas e agora estamos nos dirigindo à Rua do Imperador para entregá-las aos moradores de rua”, conta. O rapaz explicou que usou um carro de placa ímpar porque teve um imprevisto com o veículo que conseguiu de placa par. “Hoje, a gente só tinha esse carro”.

“Antes a gente passava o dia todinho com fome”

Na Rua do Imperador, no bairro de Santo Antônio, Centro, moradores de rua faziam fila para ter acesso as marmitas entregues por Sérgio. Danúbio, 63, que mora pelas vielas do entorno há cerca de dez anos, disse que desde que começou a quarentena a ajuda tem melhorado a vida de todos que habitam na região. “Eles estão ajudando a gente. Tem café da manhã, almoço, jantar, roupa. Tá vendo? Eu, feito gente?”, disse o morador. “Antes a gente passava o dia todinho com fome, de noite é que vinha coisa ‘pra gente’, agora vem o dia todinho”, conta emocionado.

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