Violência divide os manifestantes no caos de Minneapolis
No caso de Floyd, o oficial que ajoelhou sobre seu pescoço foi acusado na sexta-feira (29) de assassinato em terceiro grau, por provocar uma morte de forma involuntária, e homicídio culposo
As chamas iluminam a noite e a fumaça provoca um odor asfixiante nas ruas próximas a uma delegacia de polícia cercada em Minneapolis, cidade do norte dos Estados Unidos que foi abalada por protestos após a morte de um homem negro em uma ação da polícia.
"A verdadeira razão pela qual estamos aqui é porque a polícia continua matando pessoas negras em todos Estados Unidos", afirmou um jovem afro-americano, que pediu para não ser identificado.
Com o rosto coberto por uma máscara, para se proteger do coronavírus ou do gás lacrimogêneo utilizado pelas forças de segurança para dispersar os protestos, o jovem conta que chegou ao local para participar em manifestações pacíficas com os amigos, apesar do toque de recolher imposto após três noites de distúrbios.
Perto de um banco em chamas, ele expressa a revolta que toma conta do país desde a morte de George Floyd na segunda-feira (25) por um policial, que o manteve algemado no chão, ajoelhado em seu pescoço por mais de cinco minutos. A cena foi gravada por uma pessoa que estava no local.
"Estamos em 2020 e estamos lidando com o mesmo problema que tínhamos nos anos 1960... parece que Minneapolis finalmente chegou ao limite", completa o jovem.
"George Floyd não é o primeiro", afirma Jerry, branco, de 29 anos. "O que devemos fazer, relaxar e aceitar?", questiona.
De acordo com o jornal The Washington Post, mais de 1.000 pessoas morreram depois que foram baleadas pela polícia ano passado nos Estados Unidos. Na estatística, os negros estão representados em excesso.
No caso de Floyd, o oficial que ajoelhou sobre seu pescoço foi acusado na sexta-feira (29) de assassinato em terceiro grau, por provocar uma morte de forma involuntária, e homicídio culposo.
A família de Floyd deseja que os outros três oficiais que participaram na ação também sejam acusados.
Na sexta-feira à noite, helicópteros sobrevoaram Minneapolis enquanto os manifestantes enfrentavam a polícia e explosões eram ouvidas nas ruas.
"Dá medo, mas ao mesmo tempo é necessário", disse um jovem estudante. "Aconteceram muitos protestos pacíficos e nada mudou. Às vezes as coisas devem piorar antes de melhorar".
Outros pensam de maneira diferente: "Estão piorando a situação, dando a eles (a polícia) uma razão para atirar", disse Phae, de 34 anos, visivelmente exausta.
"Concordo plenamente, mas não quero perder todas as minhas coisas", diz uma jovem que mora em cima de uma loja cercada e que teme que vire alvo da violência.
As autoridades locais foram conciliadoras nos primeiros dias dos protestos, mas após os protestos chamaram a Guarda Nacional e endureceram o tom.
"Não há honra em queimar sua cidade", disse o prefeito de Minneapolis, Jacob Frey. "Isto tem que parar".
Algumas lojas destruídas pelo fogo pertencem a famílias negras, afirmou Tim Walz, governador de Minnesota: "Não se trata da morte de George. Não se trata de iniquidades reais. Trata-se de caos".