Entregadores de APP tentam criar o seu próprio aplicativo
Trabalhadores querem criar uma cooperativa e assim se livrar dos desmandos das empresas
Diante da insatisfação dos entregadores de aplicativos com as condições de trabalho oferecidas pelas empresas, os trabalhadores estão se mobilizando para fundar uma cooperativa. Com o aplicativo de entrega, eles seriam os seus próprios patrões.
Parte dos entregadores acredita que a autogestão seria o melhor caminho, mas o processo de criação da cooperativa para concorrer com as grandes plataformas de entrega como Uber Eats, Rappi e Ifood não sai nada barato.
Só o desenvolvimento inicial de um aplicativo custa cerca de R$ 500 mil. Na luta para transformar a idéia em algo mais palpável, o movimento 'Entregadores Antifacistas' conta com o apoio voluntário de advogados, economistas, programadores e estudiosos do cooperativismo de plataforma.
Segundo a BBC, os 'Entregadores Antifascistas' buscam inspiração em cooperativas de entrega que já existem no exterior, estando o grupo brasileiro em contato com a francesa CoopCycle, federação que reúne 30 cooperativas do tipo, sendo 28 na Europa e duas no Canadá.
A CoopCycle permite que as cooperativas das diferentes cidades compartilhem serviços, como o uso de um software e aplicativos comuns com o objetivo de baratear os custos.
Entre outras coisas, o movimento brasileiro trabalha para adaptar a plataforma francesa para um sistema de pagamentos que opere no Brasil, além de incluir o serviço de motos no sistema.
Em entrevista à BBC, a entregadora Eduarda Alberto revelou que "o primeiro desafio está sendo convencer a galera do Coopcycle a inserir motocicleta na própria plataforma deles, porque pouparia muito trabalho de desenvolvimento. Se não for viável, a gente vai desenvolver uma nova em cima do código aberto que eles liberam".
Eduarda confirma que, enquanto a cooperativa não se torna realidade, criou o coletivo de entregas 'Despatronados'. Na última segunda-feira (21), quando o site foi ao ar, 36 pessoas já se inscreveram para entrar no coletivo. A entregadora aponta que, até a última sexta-feira (24), a rede já contava com 190 clientes cadastrados que podem acionar as entregas pelo WhatsApp, mas tudo isso está limitado ao Rio de Janeiro ainda.