Vacinas da AstraZeneca e Pfizer reduziram hospitalizações

Estudo conduzido com 99% da população escocesa associa reduções de até 94% aos imunizantes

por Vitória Silva seg, 17/05/2021 - 14:53
Pixabay Vacina da AstraZeneca é associada a 94% das reduções em hospitalizações por Covid na Escócia. Pixabay

Um estudo realizado com 99% da população da Escócia, país do Reino Unido, avaliou a efetividade das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca – produzida no Brasil pela Fiocruz – em relação às hospitalizações por Covid-19. A análise indicou que, para ambas as vacinas, a aplicação de uma única dose resultou na redução substancial do risco de hospitalização. Para o imunizante britânico-sueco, a redução foi de 94%, já para o americano, 85%. O levantamento é de fevereiro de 2021.

A pesquisa utilizou como metodologia o corte prospectivo, com diversas informações de vigilância e banco de dados. Estão envolvidos na avaliação cientistas de instituições britânicas, como a Universidade de Oxford, de Edimburgo, do sistema de saúde pública da Escócia, dentre outros colaboradores. O estudo foi divulgado em preprint no site da revista The Lancet.

“Conduzimos um estudo de coorte prospectivo usando o banco de dados de Avaliação da Pandemia Precoce e Vigilância Aprimorada de COVID-19 (EAVE II) compreendendo vacinação vinculada, atenção primária, teste de Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (RT-PCR), registros de hospitalização e mortalidade por 5.4 milhões de pessoas na Escócia (cobrindo aprox. 99% da população). Um modelo de Cox dependente do tempo e modelos de regressão de Poisson foram ajustados para estimar a eficácia contra a hospitalização relacionada a COVID-19 após a primeira dose da vacina”, escreveram os autores.

O estudo associa a primeira dose da vacina da Pfizer com um efeito de redução de 85% do número de hospitalizações em um período de 28 a 34 dias após a vacinação. No mesmo intervalo de tempo, o efeito da vacina da AstraZeneca se relaciona à redução de 94% das hospitalizações. No período do estudo, cerca de 20% da população da Escócia tinha recebido a primeira dose das vacinas. Após esta primeira aplicação, dos 8 mil casos de pessoas hospitalizadas, apenas 58 pessoas eram do grupo vacinado.

Para Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, um dos motivos da relevância deste estudo é ser um dos primeiros a demonstrar a efetividade da vacina no mundo real. A vacina da AstraZeneca, por exemplo, já tinha demonstrado alta efetividade nos estudos clínicos de Fase 3, com 76% de proteção contra a infecção sintomática na primeira dose, taxa mantida ao menos durante 3 meses, aumentando a 82% de proteção após a aplicação da segunda dose.

Neste sentido, o estudo realizado na Escócia se soma aos estudos clínicos de Fase 3 ao ser o primeiro no mundo real a reforçar uma maior confiança na imunização com apenas uma dose, a qual permite que se vacinem mais pessoas no primeiro momento.  

O estudo também demonstra a efetividade da primeira dose em pacientes maiores de 80 anos de idade, grupo etário mais vulnerável à Covid-19. Para este grupo, o impacto na redução das hospitalizações é de 81%.

“O importante é que essas efetividades estão associadas com essa importante redução da hospitalização, mas também a uma queda significativa do número de casos de Covid-19 nos países que estão aplicando as vacinas", explicou Krieger. O pesquisador salienta que a vacinação não foi a única estratégia adotada por estes países; ela foi utilizada de forma conjunta com estratégias de controle da dinâmica social.

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