Descarte correto de óleo ajuda meio ambiente e gera renda
Produto utilizado na cozinha, se despejado no ralo da pia, pode entupir encanamentos. Na natureza, concorre para reduzir o nível de oxigênio dos organismos aquáticos e aumentar o risco de enchentes.
Você sabe quantos litros de óleo o brasileiro consome por ano? De acordo com dados da Oil World, empresa de consultoria e análise baseada na Alemanha, citados no site Ecóleo, o consumo per capita fica em torno de 20 litros. O resultado disso é a produção de mais de 3 bilhões de litros de óleo por ano.
Além dos problemas que pode causar à saúde, como o aumento do colesterol ruim, hipertensão e diabetes, o óleo também é vilão ecológico: o descarte inadequado é altamente prejudicial para o meio ambiente. Basta um litro de óleo descartado pelo ralo da pia para contaminar 20 mil litros de água, entupindo encanamentos, reduzindo o nível de oxigênio dos organismos aquáticos e até mesmo aumentando o risco de enchentes.
Segundo a pesquisadora Vânia Neu, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), o tempo de decomposição do óleo de cozinha é indeterminado e nesse processo ocorre a liberação de gases do efeito estufa. Os prejuízos também podem afetar diretamente quem faz o descarte inadequado. “Quando o óleo é despejado pelo ralo da pia, ele se solidifica. Em contato com outros materiais (papel higiênico, restos de alimentos, dentre outros) inicia a formação de estruturas espessas dentro das tubulações de esgoto, que com o passar do tempo podem obstruir parcial ou totalmente as tubulações, gerando altos custos para o saneamento”, explica.
Por todos esses malefícios, ONGs, empresas e comunidades criam estratégias para a reutilização e descarte adequado desse material. Segundo a pesquisadora, existem várias maneiras para reutilizar o óleo. “Você pode utilizar para fabricação de sabões e detergentes para uso na higiene pessoal e limpeza da casa ou destinar para empresas de reciclagem que podem transformar o óleo em biocombustível, massa para vidraceiro, produtos de limpeza, tinta a óleo e também a rações destinadas para alimentação animal”, afirma Vânia Neu.
Zenilda Lisboa, 51, trabalha há anos com a venda de salgados. Ela conta que existem encomendas que chegam a usar até cinco litros de óleo. Como forma de reaproveitar esse material, a autônoma realiza a doação para a pastoral da comunidade Divina Providência, em Marituda. Lá o óleo é tratado e transformado em sabão, a renda é usada para ajudar pessoas carentes da região. “É muito importância essa iniciativa para o meio ambiente, pois não podemos descartar esse óleo no esgoto que é muito prejudicial”, diz.
A pesquisadora Vânia explica que o processo de produção do sabão sustentável é muito simples e barato, que qualquer pessoa pode fazer em casa, mas são necessários cuidados especiais. “A saponificação é uma técnica milenar pela qual se obtêm sabão com a mistura de gordura e uma base forte, que geralmente é o hidróxido de sódio. Porém, quem nunca fez, recomendo buscar informações e que use de equipamentos de proteção. Por mais que a saponificação seja uma técnica simples e segura, quando não realizada com os cuidados necessários, existem riscos de acidentes”, alerta.
Quem deseja aprender a transformar o óleo de cozinha em sabão pode acessar o facebook da Ufra pelo site fb.com/acoessustentaveisufra. Lá estão vídeos e uma oficina gratuita sobre a prática.
Descarte adequado
Ainda não há um projeto próprio para a destinação do óleo de cozinha em Belém, mas a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) trabalha em parceria com coorporativas de reciclagem.
Para o descarte é preciso esperar o óleo esfriar. Em seguida, com auxílio de um funil, o óleo pode ser colocado em garrafas pet ou de vidro. Os resíduos podem ser levados a esses pontos de coleta:
ACCSB/ARAL – Passagem Sol Nasce p/todos, margem direita do canal São Joaquim (Val-de-Cans);
CONCAVES – Avenida Bernardo Sayão, entre Roberto Camelier e Quintino Bocaiúva (Jurunas);
CCMRFS – Travessa Padre Eutíquio, 2646. Entre Quintino Bocaiúva e São Miguel (Cremação);
COOCAPE – Avenida Dr.Freitas, passagem São Luiz nº 94 (Pedreira);
CTCMRI – Passagem São José de Ribamar, quadra 01;
COCAVIP – Conjunto Recanto Verde, AL 275, Maracacuera (Icoaraci);
ASCADOUT – Rua da Tucumaeira, entre rua Paulo Costa e rua das Mangueiras;
CATAMOSQUEIRO – Rua Arthur Pires Teixeira, AL. Claudio Guimarães;
COOPALIX – Rua Marx nº37, Santana do Aurá;
ASCAJUBA – Estrada do Vai-quem-quer;
COOPCRESAN – Passagem Alacid Nunes ° 268, Vila São Raimundo (Tenoné).
Por Rebeca Costa.