Opas alerta para 'crise de saúde mental' nas Américas
Desde que a covid-19 chegou à região, há 16 meses, o estresse e o medo invadiram o cotidiano, com perdas de empregos sem precedentes que se somaram à emergência sanitária
A Organização Pan-Americana da Saúde informou nesta quarta-feira(18) que 60% da população sofre de ansiedade ou depressão nas Américas, alertando para uma "crise de saúde mental" na região devido à pandemia e instando os países a tomarem medidas para aliviá-la.
“Hoje enfrentamos uma crise de saúde mental que, se não for resolvida, terá graves consequências. Não só agravará o fardo dos transtornos mentais em nossa região, mas também prolongará o impacto da pandemia”, alertou em coletiva de imprensa a diretora da Opas, Carissa Etienne.
Desde que a covid-19 chegou à região, há 16 meses, lembra ela, o estresse e o medo invadiram o cotidiano, com perdas de empregos sem precedentes que se somaram à emergência sanitária.
Etienne disse que embora a demanda por apoio psicológico nunca tenha sido tão alta, três quartos dos países que forneceram dados à Opas relataram problemas para oferecer apoio à população.
"Mais da metade dos programas escolares de saúde mental e mais de três quartos dos programas fora da escola foram parcial ou totalmente interrompidos em um momento em que mais de 15% dos jovens sofrem de depressão", disse ela.
“Quase 90% dos países participantes relatam que os serviços de psicoterapia e aconselhamento em saúde mental foram interrompidos, mas hoje até 60% das pessoas em nossa região sofrem de ansiedade ou depressão”, acrescentou. Ela também destacou maiores dificuldades no acesso a medicamentos e tratamentos especiais.
Etienne ressaltou a importância de integrar a atenção à saúde mental aos planos de resposta à covid-19 e instou os países a honrar seus compromissos a esse respeito.
"Os países devem investir em saúde mental agora para enfrentar a ameaça constante da pandemia e limitar seus efeitos em cascata nos próximos anos", disse ela.
Nesse sentido, destacou o fortalecimento dos serviços psicossociais no Chile, em Trinidad e Tobago e na Costa Rica, que, segundo ela, são modelos a serem seguidos.
"Esta pandemia é um lembrete de que uma boa saúde mental é vital para a saúde de nossa região e o bem-estar de nossas sociedades", disse Etienne.