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O termo bullying ainda gera dúvidas pela falta de tradução, mas pode ser resumido em práticas sem consentimento que causam assédio físico e moral. Com potencial de afetar a vida adulta, geralmente ele se apresenta dentro da família ou no ambiente escolar, em atos de desrespeito, humilhação e intimidação.

O psicólogo e especialista em Análise do Comportamento, Antonio Júnior, explica que as sequelas do bullying geralmente aparecem ainda no início das agressões, em um "super curto prazo".

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"Os prejuízos geralmente começam na infância mesmo e, obviamente, sem nenhum tipo de acolhimento, eles vão se estender até a vida adulta das formas mais variáveis possíveis", comentou.

Dentro da escola, os abusos escondidos atrás de “brincadeiras” e apelidos também repercutem na segregação da vítima na sala de aula ou em sua exclusão das atividades.

Os prejuízos sociais desse comportamento na vida adulta facilitam o desenvolvimento de depressão, decréscimo da autoestima, dificuldade da vítima de inserção no mercado de trabalho e para estabelecer relações amorosas.

Transtornos de ansiedade, também são comuns e podem evoluir para comportamentos auto lesivos e abuso de substâncias chegando a atingir consequências extremas, como tentativas de suicídio ou a busca da vingança à agressão.

O psicólogo explica que o bullying se perpetua pelo que classificou como “comportamento modelo”. "O agressor geralmente tem a referência de alguém de quem ele copia esse tipo de comportamento. Boa parte desses indivíduos sofrem comportamento agressor dentro de casa e na família", analisa.

Figura central na prevenção ao bullying, a família precisa oferecer uma rede de apoio aos filhos através do diálogo aberto. “A maior possibilidade de prevenção está a partir do momento em que o indivíduo tem uma via de comunicação aberta com a família dele e se sente seguro em casa para expressar alguma situação das quais ele passa. Muito provavelmente se ele sofre uma situação de abuso, ele vai denunciar para a própria família para que procure providências sobre o assunto, orientou Antonio Junior.

Outro eixo no combate ao bullying passa pela aproximação dos pais com a escola. “Participar das reuniões pedagógicas, conversar com os professores pelo menos semanalmente para saber como anda o comportamento do filho e da turma em relação ao filho", complementou.

Basta abrir as redes sociais para se deparar com vários relatos de pessoas que dizem sofrer transtornos psiquiátricos. Parece que nossos amigos e familiares foram atingidos por uma onda de depressão, TDAH e crises de ansiedade depois de ver vídeos no Youtube, podcasts e publicações.

Essa tendência expõe mais um prejuízo do exagero de informações ao qual somos submetidos em uma rotina debruçada sobre telas. O presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o doutor em Neuropsiquiatria Leonardo Machado, alertou para os perigos de substituir a psicoterapia por dicas no Instagram.

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"Quando você pega informações da internet, elas nem sempre são passadas de maneira correta. Nem sempre são profissionais, às vezes são pessoas que têm o diagnóstico e vão fazer algum comentário sobre. Além de a pessoa se identificar, ela pode supervalorizar alguns pontos e, eventualmente, pegar informações equivocadas", destacou Leonardo.

Dificuldade na produção de laudos

O especialista mencionou que a 'moda' do autodiagnóstico também se deve à dificuldade de produzir laudos psiquiátricos por sua característica dimensional. Nesse sentido, faltam exames com marcadores biológicos para ajudar a definir o quadro do paciente, como ocorre com a tuberculose e a gripe, por exemplo.

Como os transtornos primários partem de características comuns - como a procrastinação -, os diagnósticos só são cravados após a avaliação da intensidade, da persistência e do impactos dos sintomas na vida do paciente.

As pessoas que queimam as etapas do tratamento acabam submersas em um campo do conhecimento que não dominam e, geralmente, passam a se enxergar com uma condição mais grave do que realmente é. 

"Isso acontece até com estudante de medicina quando está aprendendo psiquiatria", citou o neuropsiquiatria.

Normalização do debate

Apesar da banalização do assunto, por outro lado, a abordagem recorrente do tema  vem ampliando o debate entre os jovens, saiu das redes sociais, e, aos poucos, vem quebrando o preconceito entre os mais velhos.

"Eu percebo a procura de ajuda em todas as faixas etárias a partir de informações que viram na internet. Eu acho que isso é muito bom. É diferente quando a pessoa pensa que tem porque viu na internet, mas procurou ajuda e fica aberta a uma avaliação, do que quando ela fecha o diagnóstico e pronto", observou. 

A ideia de que a depressão e a ansiedade podem aumentar consideravelmente o risco de desenvolvimento de câncer é difundida, embora vários estudos feitos sobre o tema tenham se revelado inconclusivos. Um novo trabalho, baseado em dados de mais de 300 mil pessoas na Europa e no Canadá, derruba essa correlação: não há elo direto entre transtornos mentais e tumores cancerígenos.

A pesquisa foi publicada na revista científica Cancer, da Sociedade Americana de Câncer. O trabalho é assinado por pesquisadores da Universidade Centro Médico Groningen, na Holanda, que acompanharam cidadãos da Holanda, do Reino Unido, da Noruega e do Canadá ao longo de 26 anos.

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A principal conclusão do estudo é que as pessoas que tiveram depressão ou ansiedade não apresentaram risco significativamente aumentado de desenvolver câncer de mama ou próstata, apenas para citar dois exemplos. O trabalho mostra um leve aumento de risco de câncer de pulmão, mas, segundo os cientistas, isso estaria relacionado a outros fatores presentes nestes pacientes, como tabagismo, consumo excessivo de álcool e sobrepeso.

"Nossos resultados representam um alívio para muitos pacientes de câncer que acreditavam que seu diagnóstico poderia ser atribuído a episódios anteriores de ansiedade ou depressão", afirmou Lonneke van Tuijil, uma das autoras do estudo. Para alcançar um resultado robusto, Lonneke van Tuijil e sua equipe usaram dados do consórcio internacional Fatores Psicossociais e Incidência de Câncer, que reúne informações de 18 estudos feitos com 320 mil pessoas, ao longo de 26 anos.

NO SENTIDO OPOSTO

A relação oposta entre os males, porém, é detectada até com certa frequência. Um estudo do Observatório de Oncologia, por exemplo, chegou a mostrar que a chance de um paciente com câncer desenvolver depressão varia de 22% a 29%.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos aprovou nesta sexta-feira (04), pela primeira vez, uma pílula para o tratamento da depressão pós-parto, condição que acredita-se que afete anualmente cerca de meio milhão de mulheres no país.

A droga antidepressiva, chamada zuranolona, "é o primeiro medicamento oral indicado para tratar a depressão pós-parto (DPP)", informou a FDA. "Até agora, o tratamento para a DPP estava disponível apenas como injeção intravenosa aplicada por profissional de saúde em alguns centros."

Asima Ahmad, diretora médica do Centro de Saúde Carrot Fertility, em Menlo Park, Califórnia, disse que "cerca de uma a cada oito mulheres apresenta sintomas de DPP. Entre as que relatam sintomas, 75% não recebem tratamento."

Desenvolvida especificamente para tratar a doença, a pílula mostrou que age mais rapidamente do que outros antidepressivos e deve ser tomada por duas semanas. Os testes mostraram efeitos colaterais menos severos do que os de outros antidepressivos usados atualmente.

A chefe de psiquiatria do Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA, Tiffany Farchione, explicou que a DPP "é uma condição de risco de vida séria e potencial, em que a mulher experimenta tristeza, culpa, sentimentos de falta de valor e, em casos graves, pensamentos de causar danos a si mesma ou ao bebê".

Desenvolvida pela Sage Therapeutics, a pílula será comercializada com o nome Zurzuvae e seu preço ainda não foi anunciado.

Rafa Kalimann decidiu relembrar o seu antigo programa Casa Kalimann, que era exibido no Globoplay. O assunto foi abordado durante a participação da influenciadora no podcast PocCast, no último domingo, dia 16.

Sincera, Rafa revelou que o projeto surgiu durante uma reunião, e que não perderia a chance de apresentar:

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- Tiveram uma reunião e eles apresentaram [o projeto e disseram] você vai apresentar. Falei: tá bom. Sei [apresentar]? Não sei. Vou? Vou, porque não sou boba. Acho assim, tem essa oportunidade na sua frente, você acha que isso vai te agregar de alguma maneira, vai te dar experiência… se vai dar certo ou não, você só vai saber se fizer. Se eu tivesse recusado, teria me arrependido muito. Eu aprendi muito ali, descobri novos caminhos, conheci várias pessoas que são incríveis e me ajudam muito nesse processo [como atriz].

A influenciadora e ex-BBB ainda afirmou que deu o seu máximo durante o período em que apresentou:

- A condição que eu tinha de entregar naquele momento era aquela, e eu dei o meu máximo. Então foi muito bom viver essa experiência, mas o pós-programa foi muito traumático. Eu buguei, entrei em depressão, foi muito ruim, porque eu virei motivo de chacota. Eu levei [toda a culpa] sozinha, e doeu muito.

Vale pontuar que o programa foi ao ar em 2021.

O Dia Mundial do Sono, celebrado em 2023 nesta sexta-feira (17), tem como tema “O sono é essencial para saúde”. A primeira comemoração da data ocorreu em 2008 a fim de chamar a atenção para a conscientização e promoção da saúde do sono.

Neste ano, o apelo global organizado pela Sociedade Mundial do Sono  tem o objetivo de diminuir o peso que os problemas do sono provocam na sociedade, por meio da prevenção e do tratamento.

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Neste dia, profissionais de diversas especialidades médicas de 70 países se organizaram para realizar atividades locais e nacionais que demonstrem que o sono é considerado pilar fundamental da saúde humana, tanto do corpo quanto da mente.

No Brasil, de 13 a 19 de março, profissionais de saúde estão participando de palestras, cursos e divulgação dentro de universidades. Já o público em geral tem à disposição informações online sobre a importância de dormir bem.

A Associação Brasileira do Sono (Absono), Associação Brasileira da Medicina do Sono (ABMS) e Associação Brasileira de Odontologia do Sono (Abros) lançaram, em conjunto, a Cartilha da Semana do Sono – 2023 com explicações e dicas à sociedade.

A publicação mostra que é durante o sono que ocorrem as principais funções restauradoras, como reposição energética, hormonal, reconstituição de tecidos e sínteses de proteínas.

Distúrbios do sono

Existem mais de 100 distúrbios do sono. As três associações brasileiras associadas ao sono (Absono, ABMS e ABOS) afirmam que ter uma boa noite de sono vai contribuir para melhorar a qualidade de vida e pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares (arritmias e hipertensão arterial) e diabetes; manter o peso corporal saudável, evitando a obesidade; fortalecer o sistema imunológico; liberar hormônios; consolidar a memória, concentração e aprendizado; regular o humor, diminuir o risco de depressão e ansiedade; reduzir o estresse; diminuir o número de acidentes, como os de trabalho e de trânsito.

A fadiga causada pela privação do sono ou pelo sono de baixa qualidade pode sobrecarregar física, mental e emocionalmente, com alterações do humor. A psicóloga clínica comportamental e mestre em Medicina do Sono, Mônica Müller, explica a evolução dos quadros de má qualidade do sono, com quatro sintomas principais. “Na insônia inicial, a pessoa tem dificuldade para conciliar o sono. O segundo sintoma é a dificuldade de manutenção. O terceiro é a insônia terminal, com despertar precoce - o indivíduo acorda antes do horário desejado/programado e não consegue voltar a dormir. Por fim, o quarto sintoma é o sono não reparador, com queixas de fadiga, cansaço extremo, o que dificulta à pessoa funcionar [bem] durante o dia”.

Transtornos cognitivos

O sono de baixa qualidade pode dificultar a atenção, concentração, memória, o aprendizado, planejamento, a tomada de decisão, o raciocínio lógico, a imaginação, criatividade e capacidade de reter novas informações.

Com 23 anos de experiência no assunto,  Mônica Müller tem percebido pacientes impactados pelo hábito nocivo da privação intencional do sono, provocado pelo acúmulo de tarefas.  “São pessoas que trabalham até mais tarde, que utilizam a noite para fazer outras tarefas, que, muitas vezes, não conseguem se organizar durante o dia. Elas acabam se privando de sono, porque no dia seguinte precisam acordar cedo. Elas têm outros compromissos. Então, é preciso considerar que fadiga gera essa sobrecarga. E o sono de má qualidade, se é mantido durante muito tempo assim, vai repercutir negativamente no funcionamento tanto mental, quanto físico”.

Mônica detalha algumas consequências negativas dessa chamada síndrome do sono insuficiente. “São alterações do humor, em especial para pessoas que apresentam pré-disposição ou já têm transtornos psiquiátricos, sendo os carros- chefe a ansiedade e a depressão. Ela cita ainda o transtorno do humor bipolar, onde a privação de sono é extremamente danosa e pode desencadear episódios de mania. A fadiga e o cansaço extremo precisam ser evitados a todo custo.”

Transtornos respiratórios - ronco e apneia

Mônica também fez uma associação direta de prejuízos cognitivos aos transtornos respiratórios, principalmente a apneia do sono, que é a interrupção da respiração por dez segundos ou mais durante a noite. O distúrbio é considerado grave e perigoso, pelo risco de óbito. “Nessa parada respiratória, a pessoa não tem uma boa oxigenação do sangue. Como consequência da dessaturação do oxigênio, acaba sendo levado gás carbônico ao cérebro. O prejuízo na circulação nessa área mata, literalmente, as células nervosas”.

Nesta semana, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) divulgou levantamento, realizado em fevereiro deste ano, que mostra que a baixa qualidade do sono representa 25% das queixas nos consultórios de otorrinolaringologia no Brasil. O mapeamento, feito com 430 médicos de todo o país, considerou os atendimentos realizados por esses especialistas entre 2020 e 2023.

Quase 94% das queixas recebidas pelos otorrinolaringologistas estão relacionadas a roncos e à apneia obstrutiva do sono. O coordenador do Departamento de Medicina do Sono da ABORL-CCF, Danilo Sguillar, considera o percentual bastante expressivo.  "Mais de 930 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem da apneia obstrutiva do sono”. O médico enumera os efeitos nocivos da interrupção da respiração. “Além da parada respiratória, os sinais mais comuns desse problema são o ronco alto, a sonolência diurna e as alterações cardiovasculares e metabólicas como pressão arterial elevada, arritmia e diabetes.” Por isso, o ronco deve ser considerado sinal de existência de apneia.

A pesquisa da ABORL-CCF destaca que a faixa etária dos pacientes predominante está entre 40 e 65 anos de idade e há um predomínio (85,2%) do gênero masculino. As queixas em menor número aos otorrinolaringologistas são de insônia, bruxismo, sonolência excessiva e comportamentos como sonambulismo, terror noturno e pernas inquietas. Por isso, a categoria defende a boa respiração pelo nariz.

Durante a pandemia, o estudo revelou que a insônia ganhou destaque nos consultórios. Representou 47,7% das queixas, percentual maior que o das reclamações de ronco e apneia. O médico projeta um quadro de melhora. “Agora, as informações mais sólidas, a vacinação que vem ganhando cada vez mais projeção, com a quarta e quinta doses, fazem com que a gente crie mais confiança, uma relação de mais estabilidade e, obviamente, isso se reflete no nosso sono. Então, seguramente, os próximos meses, os próximos anos vão fazer com que essas queixas relacionadas a insônia, aos pesadelos vão perder destaque”.

Para quem já tem apneia, a otorrino especialista em Medicina do Sono em Brasília, Aliciane Mota, aconselha: “de forma geral, o paciente pode dormir de lado. A maioria se beneficia com o decúbito lateral, porque existe a apneia com um componente posicional. E quando você se coloca de barriga para cima, tende a ter mais apneia. Vale também levantar a cabeceira, não com travesseiro comum. Sugiro aqueles em formato triangular”.

Qualidade do sono

Os especialistas explicam que a necessidade e o limite de horas de sono podem ser diferentes de pessoa para pessoa e são variáveis em cada fase da vida, conforme as alterações hormonais. Um recém-nascido, por exemplo, passa de 14 a 18 horas por dia dormindo, consideradas essenciais ao desenvolvimento, sobretudo, neurológico. Nas crianças, o sono contribui na liberação do hormônio do crescimento. Já a adolescência é caracterizada por uma situação passageira de mudança de padrão do sono. Nessa faixa etária, os adolescentes precisam dormir mais horas (de 8 a 10), com a tendência de dormir e acordar mais tarde. Em tese, os adultos necessitam, em média, de 8 horas de sono por dia. E com o avanço da idade, podem acordar mais vezes à noite e há maior propensão para dormir e acordar mais cedo. Durante o dia, os cochilos podem ser mais frequentes neste momento da vida.

O sono é dividido em duas fases: o sono não REM (Rapid Eyes Movement) e o sono REM. Os estágios do sono se alternam durante a noite. No sono não REM são quatro estágios:

1: Sono de transição: marcado pelo adormecimento. Nesta transição entre estar acordado e dormindo, há relaxamento dos músculos e pode ser caracterizado por cochilos;

2: Sono leve, com a diminuição dos ritmos cardíacos e respiratório e da temperatura corporal;

3: Sono intermediário: a atividade cerebral começa a diminuir e o corpo começa a entrar em um sono profundo;

4: Sono profundo: fundamental para o descanso do corpo, com a liberação de hormônios e recuperação de células e órgãos.

Após o quarto estágio, o corpo caminha para o sono REM, com atividade cerebral intensa. É a fase dos sonhos, fixação da memória e o descanso profundo, essencial para a recuperação e o acordar disposto.

Recomendações

Para dormir bem à noite, os médicos recomendam hábitos saudáveis de higiene do sono:

· ir para o quarto somente quando estiver sonolento (a), para não ‘fritar’ na cama;

· manter uma rotina regular de horários para deitar e se levantar;

· reduzir ruídos e manter o ambiente escuro à noite;

· se necessitar levantar no período noturno, usar lâmpadas adequadas nos ambientes, evitando a luz branca;

· manter a temperatura agradável no quarto;

· evitar o uso de medicamentos para o sono sempre prescrição médica;

· manter fora do quarto animais de estimação que podem atrapalhar o sono;

· cerca de duas horas antes de ir para a cama, evitar o uso de telas (TV, celular e computador);

· evitar alimentação pesada próximo ao horário de dormir;

· evitar o uso de bebidas alcóolicas e com cafeína, como café, chás preto, branco e mate, chocolate, guaraná e outros termogênicos;

· evitar alimentos com glicose

· praticar exercícios físicos regularmente, mas, evitá-los três a quatro horário de deitar;

· perder o excesso de peso corporal;

· não dormir em excesso durante o dia para acumular cansaço físico e mental para a noite

· não fumar;

Para quem já apresenta dificuldades para pegar no sono ou se manter dormindo:

·  não permanecer muito tempo na cama acordado;

·  ao acordar no meio da noite, evitar conferir o horário

·  se tiver os pés frios, usar meias para dormir;

·  não pensar em preocupações diárias ao se deitar;

· evitar discussões e polêmicas, no início da noite.

Ajuda profissional especializada

A otorrino Aliciane Mota aponta que diante dos transtornos do sono, em especial a apneia, é fundamental procurar com urgência a ajuda de um profissional com atuação em Medicina do Sono.  “Procure um médico. Para o tratamento, ele vai precisar de outros colegas da área de saúde. Pode ser um fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo do sono, dentista. Então, há vários braços na área da saúde colaborando.”

A psicóloga Mônica Müller defende a análise individual de cada paciente. “Não significa que todas as pessoas vão receber as mesmas orientações. Cada um tem um ritmo próprio, uma necessidade de sono própria. O profissional específico do sono vai entender, durante o tratamento, quantas horas de sono aquela pessoa de fato precisa”.

E finaliza explicando o que é um tratamento exitoso: o paciente consegue ir para a cama com bastante sonolência, bastante cansaço para que durma rapidamente e mantenha o sono durante a noite toda. Ele vai se sentir, principalmente, reparado durante o dia. Ter disposição para fazer atividades é um termômetro bastante importante”.

Hábitos

Uma pesquisa global sobre hábitos e condições de sono em mais de dez países, feita pela ResMed em janeiro de 2023, com mais de 20 mil indivíduos, mostra que 49% dos brasileiros mantêm o hábito de usar telas para tentar adormecer, seguido pela prática da leitura (34 %) e do costume de passar tempo com um familiar ou animal de estimação (20%), antes de dormir.

Um estudo brasileiro revelou que pessoas que tiveram um quadro leve da Covid-19 e desenvolveram ansiedade e depressão após a doença podem ter alterações cerebrais que afetam diretamente a estrutura e a função do cérebro, o que também compromete a memória.

A pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) será apresentada na 75ª Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, em Boston. 

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A PhD da Unicamp Clarissa Yasuda salientou que ainda há “muito o que aprender” sobre a Covid longa, e que uma gama de problemas de saúde estão incluídos na doença, como a ansiedade e depressão meses após a infecção. “Nossas descobertas são preocupantes. Mesmo pessoas com um caso leve de Covid-19 apresentam mudanças em seu cérebro meses depois”, disse. 

O estudo reuniu 254 pessoas com idade média de 41 anos e tiveram uma infecção leve da Covid pelo menos três meses antes. Os cientistas avaliaram os sintomas de depressão e ansiedade em cada participante. 

Dos 254, 102 voluntários apresentaram sinais das condições e 152, não. Varreduras cerebrais em todos os participantes foram realizadas após a avaliação e, nessa fase, eles analisaram se havia danos à massa cinzenta do cérebro para determinar se aconteceu um encolhimento da região. 

Os participantes que tiveram ansiedade e depressão depois da Covid-19, apresentaram um encolhimento na área límbica do cérebro, conhecida como a área emocional. No entanto, os voluntários sem sintomas e diagnóstico não tiveram encolhimento cerebral. 

O estudo também usou software especial para avaliar a função cerebral e as mudanças na forma como as áreas do cérebro se comunicavam. Ao total, foram analisadas 84 pessoas sem sintomas de ansiedade e depressão, 70 com sinais das condições e 90 sem diagnóstico recente de Covid-19. 

Os pesquisadores descobriram que as pessoas que apresentavam sintomas de ansiedade e depressão tinham alterações funcionais generalizadas em todas as 12 redes cerebrais testadas. Por sua vez, o grupo sem sintomas teve mudanças em apenas cinco. 

“Os nossos resultados sugerem um padrão severo de mudanças em como o cérebro se comunica, bem como em sua estrutura, principalmente em pessoas com ansiedade e depressão com síndrome de Covid longa, que afeta tantas pessoas”, detalhou Yasuda. 

“A magnitude dessas mudanças sugere que elas podem levar a problemas de memória e habilidades de pensamento. Por isso, precisamos explorar tratamentos holísticos, mesmo para pessoas levemente afetadas pela Covid”, complementou. 

 

Duas pesquisas, envolvendo pesquisadores da Erasmus University Rotterdam, da University of Amsterdam e da Oxford University, publicadas, em dezembro, na revista Nature Communications, do prestigiado grupo Nature, avançaram no estudo da relação da composição de nossa microbiota intestinal - conhecida popularmente por flora intestinal, embora o termo não seja cientificamente correto -, e a depressão. As análises envolveram uma grande amostra de indivíduos (uma delas conta com 2.593 pacientes e a outra, 3.021), provenientes de estudos prospectivos em andamento.

"O trato gastro intestinal é permeado por milhões e milhões de bactérias. Tem mais bactérias dentro de nós do que a contagem total de células do nosso próprio corpo", diz o médico psiquiatra Arthur Danila, coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, sem envolvimento com as pesquisas. Ao conjunto de bactérias que está no intestino se dá o nome de microbiota ou microbioma intestinal.

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A depressão ainda é uma doença bastante incompreendida. A introdução dos antidepressivos foi um divisor de águas na saúde mental da população, mas a administração desses medicamentos não é certeza de melhora de todos os quadros depressivos. Nesse sentido, nos últimos anos - principalmente nas últimas duas décadas -, o eixo intestino-cérebro ganhou destaque.

Quando estamos em um estado saudável (eubiótico), elas convivem harmonicamente em/com nosso intestino. Elas ajudam em nossa digestão, na proteção contra bactérias nocivas e no combate de inflamações, além de auxiliarem na modulação das emoções, como alguns estudos têm demonstrado.

"Acontece que em alguns estados de humor e alguns estados psiquiátricos, essa composição está alterada. A disbiose é igual à distonia, quando alguma coisa está em ‘dis’, é porque está errada, está incômoda, está atrapalhando", explica Arthur Danila. "O estado de disbiose prejudica tanto a digestão dos alimentos que a gente ingere quanto tem uma repercussão em níveis de inflamação, não só do cérebro, mas de todo o corpo."

Ao analisarem amostras fecais e formulários autorrelato de sintomas depressivos, os pesquisadores europeus encontraram associação de 12 gêneros e uma família de bactérias que vivem ali com a depressão. Algumas delas foram encontradas em maior abundância (especificamente, os gêneros Sellimonas, Eggerthella, Lachnoclostridium e Hungataella) nos indivíduos com sintomas de depressão de alto nível, outras, reduzidas (como Coprococcus e Ruminococcaceae (UCG002, UCG003, UCG005), por exemplo).

Essas bactérias são conhecidas por fazerem parte da síntese de glutamato, butirato, serotonina e ácido gama-aminobutírico (GABA), que são "os principais neurotransmissores relevantes para a depressão", de acordo com os cientistas.

Segundo os pesquisadores, a associação com as bactérias foi tão forte quanto outros fatores de risco previamente mapeados para a depressão, como tabagismo e consumo de álcool, por exemplo. "Os resultados do estudo identificaram alvos potenciais para intervenções psicobióticas que justificam uma investigação mais aprofundada e podem impactar positivamente a depressão e o bem-estar em nível individual ou populacional", escreveram, em um dos estudos.

Robustez

Arthur Danila avalia que os estudos não trazem uma grande novidade, mas são muito importantes, ao passo que dão robustez, visto o tamanho amostral das análises, às "hipóteses que já vinham sendo feitas de que a modulação da microbiota intestinal é importante não só por uma questão gastrointestinal, mas também influencia questões emocionais".

Nos próprios artigos, os pesquisadores destacam que as associações com o eixo intestino-cérebro já eram exploradas anteriormente, mas com estudos em animais e, quando em humanos, com amostras pequenas.

Com os dois estudos, no entanto, não é possível cravar que só tratar a microbiota, com o uso de probióticos ("microorganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro", na definição da OMS) ou psicobióticos (probióticos comprovadamente benéficos para a mente humana), resolverá sozinho um caso de depressão. Isso porque o que os pesquisadores encontraram foi uma associação e não uma causalidade, além disso, a depressão é provavelmente multifatorial.

"Probiótico ou psicobiótico não substitui qualquer tratamento em monoterapia. Não dá pra gente dizer hoje que para tratar depressão, toma só o probiótico ou psicobiótico e está tudo bem. A gente não tem o poder de eficácia tamanho pra poder justificar exclusivamente essa conduta. Mas a prescrição de probióticos e psicobióticos pode auxiliar de maneira adjuvante no tratamento da depressão ou da ansiedade, em casos selecionados desde que passando em avaliação médica especializada", explica Danila.

A associação encontrada pelos estudos acende um alerta para importância de manter o corpo em eubiose, e, para isso, a chave está no que comemos. "A dieta mais saudável possível é aquela que oferece as melhores condições para as bactérias boas sobreviverem dentro do intestino e as bactérias ruins caírem fora", resume o psiquiatra Arthur Danila.

"Como garantimos isso? Com uma alimentação saudável baseada predominantemente em vegetais e alimentos integrais, porque eles têm altas taxas de fibras e alimentos, e minimamente ou não processados", completa.

Respirar ar poluído por um longo período aumenta o risco de depressão, apontam dois novos estudos, que se somam às evidências crescentes de um efeito prejudicial da poluição na saúde mental.

A primeira pesquisa, publicada na semana passada na revista Jama Psychiatry, acompanhou cerca de 390.000 pessoas por 11 anos no Reino Unido. Os níveis de poluição a que foram expostas foram estimados segundo a localização de seu domicílio.

Os pesquisadores estudaram as taxas de partículas finas (PM2,5 e PM10), dióxido de nitrogênio (NO2) e óxido nítrico (NO), poluição causada em parte por centrais de combustíveis fósseis e pelo tráfego de veículos. “A exposição a longo prazo a múltiplos contaminantes foi associada a um risco maior de depressão e ansiedade", concluíram os cientistas.

O risco observado é não linear, ou seja, cresce fortemente acima de um nível de concentração relativamente baixo e tende a estagnar depois. “Sabendo que as normas de qualidade do ar de muitos países ainda excedem amplamente as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021, deveriam ser estabelecidas normas ou regulações de poluição mais estritas”, destacaram os autores do estudo.

O segundo estudo, publicado nesta sexta-feira na Jama Network Open, concentrou-se no efeito de partículas finas (PM2,5), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3) em pessoas com mais de 64 anos. O objetivo era estudar as consequências da poluição atmosférica no desenvolvimento de uma depressão tardia.

Esses trabalhos usaram uma base de dados do Medicare, seguro de saúde pública reservado aos idosos nos Estados Unidos, e estudaram uma população de 8,9 milhões de pessoas, das quais 1,5 milhão sofrem de depressão.

“Observamos associações nocivas estatisticamente significativas entre a exposição a longo prazo a níveis elevados de poluição atmosférica e o aumento do risco de diagnóstico de depressão no fim da vida”, apontaram os pesquisadores. “Indivíduos desfavorecidos socioeconomicamente apresentaram um risco muito maior de depressão na velhice neste estudo”, ressaltaram. “Eles estão expostos tanto ao estresse social quanto às más condições ambientais, incluindo a poluição atmosférica.”

A associação entre poluição e depressão poderia ser explicada pela relação observada entre altas concentrações de poluentes e inflamações cerebrais, segundo os dois estudos. Esses trabalhos "se somam aos elementos cada vez mais numerosos que mostram que deveríamos nos preocupar com os efeitos da poluição na saúde mental", observou Oliver Robinson, professor de neurociências e saúde mental da University College London, que não participou das pesquisas.

Luísa Sonza usou seu Twitter para desabafar sobre depressão. A cantora já falou abertamente sobre a doença e também já se afastou das redes sociais para se recuperar mentalmente.

Luísa abriu o coração e revelou que tem vezes em que fica mal:

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Tem dias que é simplesmente insuportável viver.

Continuando com seu desabafo a cantora explicou que não tinha acontecido algo específico, como perguntaram para ela:

"Não, gente. Não precisa algo ter acontecido para um depressivo odiar viver ou sofrer por estar vivo. A vida dele, inclusive, em teoria, até pode estar perfeita".

Sonza recebeu vários conselhos e palavras de consolo de seus fãs e amigos, como Xamã.

Selena Gomez abriu o coração ao falar sobre ansiedade, depressão e psicose em seu novo documentário, Selena Gomez: My Mind & Me. Segundo informações do The Mirror, a cantora disse que queria educar os jovens sobre a importância de priorizar sua saúde mental ao explicar o motivo de ter decidido expor suas lutas e relacionamento tumultuado com a fama na produção.

- Acho que alguém realmente me perguntou se eu sentia que tinha feito demais. E não vou mentir, talvez houve alguns momentos que foram assustadores para revelar. Mas, ao mesmo tempo, se você tirar alguma coisa disso, espero que as pessoas entendam que meu propósito aqui é a conexão. Eu me usei como um sacrifício para que as pessoas tivessem conversas difíceis. Mas também vou rastejar para um buraco agora por alguns meses, para que ninguém me veja por um tempo. Eu fiz demais.

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A artista se tornou conhecida pelo público quando tinha apenas dez anos de idade após participar da série infantil Barney e Seus Amigos. Em 2007, ela se tornou um fenômeno ao interpretar a protagonista Alex Russo em Os Feiticeiros de Waverly Place.

Um estudo brasileiro identificou o mecanismo que pode estar por trás de quadros de depressão, ansiedade e perda de memória após infecção pelo coronavírus. A pesquisa fornece evidências de que o Sars-CoV-2 atinge não só os neurônios, como, principalmente, os astrócitos - que funcionam como uma espécie de bomba de combustível para o cérebro. O fenômeno produziria um efeito em cadeia no sistema nervoso central.

A covid longa afeta não só pacientes com quadros graves, mas também aqueles que tiveram poucos sintomas. Nas últimas semanas, o País entrou em uma nova onda de covid, associada a subvariantes da Ômicron. Com a alta de casos, médicos destacam a importância de atualizar a vacinação anticovid e orientam o uso de máscara em ambientes fechados e de aglomeração, sobretudo por pessoas mais vulneráveis.

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ANÁLISE

"O grande problema que a gente vai vivenciar agora é a covid longa, tanto é que tem tanta gente querendo entender essa doença", afirmou Thiago Mattar Cunha, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e coautor do estudo.

Ele conta que, em uma das frentes, os pesquisadores fizeram biópsias de 26 vítimas fatais da covid e coletaram, além de amostras de pulmão, material cerebral.

Foram detectadas alterações neuronais em cinco dos pacientes analisados, e o Sars-CoV-2 foi identificado no cérebro de todos eles. "Foi aí que nós identificamos os astrócitos como as principais células que abrigavam os vírus no sistema nervoso central", relembra ele, que explica que os astrócitos não só dão suporte para a célula neuronal, como têm outras funções de apoio. "Qualquer distúrbio que aconteça nos astrócitos afeta, de alguma forma, os neurônios e, consequentemente, o sistema nervoso central."

Após as observações iniciais, os pesquisadores infectaram astrócitos in vitro com o Sars-CoV-2 e observaram que eles podem produzir até substâncias neurotóxicas, que são capazes de matar os neurônios.

O grupo começou a observar, então, que podia haver uma correlação entre o pós-covid e quadros de perda de memória, depressão e ansiedade, por exemplo. "Pacientes com covid longa tinham uma redução de massa, ou de tamanho, de determinadas estruturas cerebrais, como córtex pré-frontal e hipocampo", disse Cunha.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foi conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de representantes da USP. As análises, que começaram no primeiro ano de pandemia, compreendem pacientes afetados de diferentes formas pela doença.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pesquisa liderada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou um conjunto de proteínas ligadas à depressão tardia, doença que acomete idosos. Foram determinadas moléculas que podem contribuir para diagnósticos e tratamentos mais eficazes. O estudo, que foi publicado no periódico europeu Journal of Proteomics, envolve também cientistas das universidades de Connecticut (EUA) e de Toronto (Canadá), além da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Daniel Martins-de-Souza, professor da Unicamp e coordenador do trabalho, destaca que um dos objetivos é entender a similaridade com a depressão. “Ainda não temos ideia de quão similar, do ponto de vista molecular, essa depressão tem com a depressão maior, que afeta quase 10% da população. E, da mesma forma como [ocorre] para depressão maior, não temos biomarcadores que possam identificar ou predizer que alguém vai desenvolver isso no futuro”, aponta. 

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Uma das diferenças entre as duas manifestações da doença pode estar ligada ao aspecto ambiental. “Ou seja, as pessoas passam por experiências na vida que acabam dirigindo mudanças biológicas que levam à depressão. Isso também é verdade para a depressão maior, mas essas características podem ser mais proeminentes nas pessoas com depressão tardia”, relaciona. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos seis a cada 100 pessoas, entre 65 e 74 anos, serão diagnosticadas com depressão.

Análises

Foram estudadas amostras sanguíneas de 50 pessoas, das quais 19 tinham diagnóstico de depressão tardia. A análise mostrou diferenças significativas na concentração de 96 proteínas. Entre elas, 75 são candidatas para a determinação de uma identidade molecular para a doença geriátrica. 

“A gente conseguiu achar o que nós chamamos de uma assinatura molecular. Ou seja, nós identificamos algumas moléculas no sangue que teriam esse poder de distinguir quem tem a depressão e quem não tem”, pontuou Martins-de-Souza. 

As próximas etapas do estudo envolvem  a coleta de novas amostras dessa população. A ideia é “quantificar especificamente estas 75 proteínas para ver se a gente consegue replicar esses dados”, explica o coordenador. 

Além disso, a doutoranda Lícia Silva-Costa, do Laboratório de Neuroproteômica da Unicamp e uma das autoras do estudo, identificou seis proteínas que tem uma correlação a severidade dos sintomas. “Também pode ser uma marcação para predizer que uma pessoa vai ter uma piora muito grande de sintomas, o que poderia ser previamente tratado”, acrescenta o professor. A proposta agora é também validar essas informações com novas amostras.

Incluída no rol dos transtornos mentais, a depressão é uma doença psiquiátrica comum, que se caracteriza por tristeza persistente e falta de interesse em realizar atividades que antes eram consideradas divertidas. A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, desde bebês a idosos. Entre os tipos mais comuns da doença estão a depressão maior, a bipolar, a pós-parto, os transtornos depressivos induzidos por outras substâncias ou medicamentos, entre outras. A distimia, por exemplo, é um tipo de depressão crônica e incapacitante, que apresenta sintomas leves a moderados de tristeza, sensação de vazio ou infelicidade.

“Todas precisam de acompanhamento médico adequado pois, se não tratadas, essas doenças podem levar ao suicídio”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antonio Geraldo da Silva. A campanha Setembro Amarelo, realizada anualmente neste mês pela ABP, chama a atenção sobre a depressão e os perigos que ela pode causar.

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“Praticamente, todos os casos de suicídio são relacionados aos transtornos mentais, principalmente os não diagnosticados ou tratados incorretamente. Dessa forma, a maior parte dos episódios fatais poderia ter sido evitada com as informações corretas sobre saúde mental e doenças psiquiátricas”.

O doutor Antonio Geraldo Silva esclareceu que, devido à sua alta prevalência, a depressão é a doença mais associada ao suicídio. “Não só durante a campanha Setembro Amarelo®️, como em todos os meses, a ABP cumpre sua principal missão, que é disseminar conteúdos relevantes sobre saúde mental para a sociedade, atuando na conscientização da sua importância e na prevenção das doenças mentais”.

Fatores de risco

Segundo informou o especialista, alguns fatores de risco podem levar uma pessoa à depressão. “Existem diversos fatores que podem ser considerados gatilhos e causam impacto no desenvolvimento de uma doença mental, como causas genéticas, que chamamos de genótipo, e os fatores ambientais, os fenótipos. São duas características que, quando combinadas, determinam se a pessoa desenvolverá ou não qualquer tipo de doença”. Silva explicou que o ambiente no qual o indivíduo está inserido e seu comportamento também contribuem para o desenvolvimento de doenças mentais como, por exemplo, conflitos familiares, dificuldades financeiras, problemas no relacionamento, a influência da mídia e das redes sociais. Essas situações podem ser fatores potencializadores para o surgimento de uma doença mental. “Sendo assim, isso também tem impacto no comportamento suicida”, disse o psiquiatra.

Além dos fatores ambientais e genéticos, o presidente da ABP lembrou que outros fatores podem impedir o diagnóstico precoce das doenças mentais e, consequentemente, causar impacto na prevenção do suicídio, levando ao aumento de casos, como o estigma e o tabu relacionados ao assunto. “Esses são aspectos importantes que impactam negativamente nos portadores de doenças mentais e no comportamento suicida”. “Praticamente, 100% das pessoas que tentam ou cometem suicídio têm alguma doença psiquiátrica,  diagnosticada ou não. As doenças mais relacionadas ao suicídio, além da depressão, são transtorno bipolar, transtornos relacionados ao uso e abuso de álcool e drogas, transtorno de personalidade e esquizofrenia.

Antonio Geraldo da Silva afirmou que a pessoa diagnosticada com depressão precisa ter uma rede de apoio de familiares ou amigos. “A família e os amigos são fundamentais na busca por ajuda e no apoio ao tratamento. Muitas vezes, são os primeiros a perceber que há algo de diferente e apontar a necessidade de buscar auxílio psiquiátrico”. Os sintomas depressivos variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são tristeza, fadiga, distúrbios de sono, alterações no peso, baixa autoestima, perda de energia, dificuldade de concentração, redução de interesse em atividades anteriormente prazerosas e no contato com pessoas, ideias suicidas.

Buscando auxílio

É sempre bom ressaltar que somente um médico ou profissional da área de saúde pode diagnosticar corretamente a depressão. O presidente da ABP ressaltou que uma vez que se nota prejuízo no comportamento do indivíduo, ou seja, quando os sintomas começam a atrapalhar a vida da pessoa, é hora de buscar um psiquiatra para avaliar o quadro. “Ansiedade e tristeza são características normais do ser humano mas, a partir do momento em que nos impedem de sair de casa, trabalhar, levar uma vida social ativa, nos relacionar com outras pessoas, devemos procurar auxílio”.

Para ajudar uma pessoa depressiva, deve-se orientá-la a buscar cuidados, um tratamento especializado para a doença. “Se a pessoa tem sintomas depressivos, ela precisa e merece procurar ajuda com um médico psiquiatra, que vai indicar e oferecer o melhor tratamento possível”.

O médico lembrou também que os quadros depressivos precisam ser tratados com cuidado e urgência. “Não podemos deixar a doença envelhecer. Se a pessoa está mostrando que tem os sintomas, devemos ajudá-la a procurar um médico para fazer o diagnóstico, entender qual tipo de ajuda ela vai precisar e iniciar o tratamento imediatamente”.

A pesquisa Vigitel Brasil, realizada em 2021 e publicada este ano pelo Ministério da Saúde, incluiu pela primeira vez a depressão. O levantamento mostrou que 11,3% dos cidadãos brasileiros receberam diagnóstico da doença, o que corresponde a cerca de 23 milhões de pessoas, quase o dobro do número divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, que indicava a existência de 12 milhões de brasileiros com depressão. Considerando que nem toda a população tem acesso aos serviços de saúde mental, Antonio Geraldo da Silva destacou que muitas pessoas podem viver com depressão sem conhecer o diagnóstico. “E isso é muito grave. Devido à alta prevalência, a depressão é a doença mais associada ao suicídio”, reiterou. A própria OMS considera que a depressão é a terceira doença mais incapacitante e, diante do envelhecimento da população e das mudanças globais, existem perspectivas de que será a doença mais incapacitante até 2030.

Crianças e jovens

A psiquiatra Janine Veiga disse que a depressão infantil é semelhante à do adulto e que os sintomas são iguais, em maior ou menor grau. A doença pode ocorrer, por exemplo, por predisposição genética; por traumas advindos de situações de abuso; por convívio familiar conflituoso; por eventos estressantes, entre outras razões.

“Se não tratada a depressão, o jovem pode envolver-se com uso de drogas, apresentar dificuldade no relacionamento social e há o risco de agravamento da doença, que pode até chegar ao suicídio”, alertou. Janine recomendou que os pais devem ficar atentos a mudanças de comportamento dos filhos, como alteração do sono, padrão alimentar, irritabilidade, queda no rendimento escolar, choro fácil, desânimo, entre outros.

Pandemia

A psicóloga da Fundação São Francisco Xavier Gabriela Pinheiro Reis afirmou que as consequências da pandemia de covid-19 têm se revelado preocupantes para a saúde mental da população. O Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022, divulgado pela OMS, revelou que apenas no primeiro ano da pandemia 53 milhões de pessoas desenvolveram depressão e 76 milhões tiveram ansiedade, com alta de 28% e 26% de incidência desses transtornos, respectivamente.

De acordo com a OMS, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre indivíduos com idade entre 15 e 29 anos. “O suicídio é um tema sensível e uma triste realidade na sociedade. A campanha Setembro Amarelo tem fundamental importância na conscientização sobre o assunto e na promoção da informação correta e, principalmente, para incentivar as pessoas que estejam passando por momentos difíceis a buscarem ajuda”, comentou Gabriela.

Na avaliação da psicóloga, as doenças mentais precisam ser encaradas sem preconceito. “Não é frescura. Depressão, bipolaridade e ansiedade são doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas o quanto antes”.

Bem me quer

A campanha Bem Me Quer, Bem Me Quero: Cuidar da sua saúde mental é um exercício diário”, realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), visa a conscientizar a população sobre depressão, ansiedade e prevenção ao suicídio por meio da valorização do autocuidado e do equilíbrio na rotina.

Para a associação, algumas atitudes podem fazer a diferença e contribuir para a saúde mental, como não ficar o tempo todo conectado na internet, estabelecer horários, evitar bebidas cafeinadas em excesso e optar por uma alimentação equilibrada.

A presidente da Abrata, Marta Axthelm, chamou a atenção para o fato de que a autocobrança para dar conta de tantos papéis, principalmente no caso das mulheres, que são profissionais, mães, parceiras, amigas, no dia a dia, pode ser um gatilho para a depressão. “É essencial reduzir o tempo de acesso às redes sociais, principalmente no período da noite. No caso da depressão, a condição pode apresentar muito sono, mas tem o outro lado, que é a insônia”.

Segundo Marta, a depressão costuma a apresentar sinais que não são percebidos pelo paciente, na maioria das vezes. No caso do suicídio, quem pensa em tirar a própria vida quase sempre dá sinais, mas boa parte das pessoas que estão ao seu redor não consegue identificá-los. “Por isso, o Setembro Amarelo é tão importante para debater esses temas. Mais uma vez, reforçamos nosso papel de promover iniciativas que despertam a conscientização do autocuidado em prol da saúde mental e que também estimulam a população a olhar ao redor para identificar que alguém próximo precisa de ajuda”, concluiu a presidente da Abrata. : conheça

Um estudo britânico que questiona a eficácia dos antidepressivos químicos provocou um debate intenso na comunidade científica, onde não há um consenso claro sobre as origens da doença.

"Nosso estudo (...) questiona a ideia por trás do uso de antidepressivos", afirmaram no fim de julho os psiquiatras Joanna Moncrieff e Mark Horowitz no site The Conversation, após a publicação da pesquisa na revista Molecular Psychiatry.

O estudo aborda a questão da serotonina, uma molécula essencial para a transmissão de emoções ao cérebro.

A hipótese, em vigor nas últimas décadas e que serviu para uma vasta literatura científica, pressupõe que uma pessoa que não produz serotonina suficiente precisa de um suporte químico.

A nova pesquisa, baseada em uma compilação de publicações prévias e por isto mais sólido que um trabalho isolado, conclui que o vínculo entre um déficit de serotonina e a presença da depressão não é determinante.

A apresentação do estudo, feita por Joanna Moncrieff, uma psiquiatra conhecida pelo ceticismo a respeito das explicações biológicas para a depressão, provocou críticas.

"Globalmente, concordo com as conclusões dos autores, mas não compartilho suas certezas tão inflexíveis”, comentou o psiquiatra britânico Phil Cowen na Science Media Center.

"Nenhum profissional da saúde mental ousaria afirmar que um problema tão complexo como a depressão surge de um único neurotransmissor", disse Cowen.

Alguns críticos ressaltam que a nova compilação dos psiquiatras não mede diretamente o nível de serotonina, e sim a presença indireta.

Moncrieff, que é uma crítica ferrenha da indústria farmacêutica, afirma que a comunidade psiquiátrica continua dominada pela teoria da serotonina.

"Há psiquiatras famosos que começam a duvidar do vínculo entre depressão e déficit de serotonina, mas ninguém se preocupou em alertar o público", ironiza em seu blog.

- Confronto de modelos -

Para o psiquiatra suíço Michel Hofmann, os autores do novo estudo que um passo além da pesquisa. Ao questionar a ligação entre a serotonina e a depressão, eles sugerem que os antidepressivos não devem ser utilizados.

"É um estudo sério (...) mas não acredito que seja um artigo que tenha impacto a curto prazo sobre a prescrição de antidepressivos", disse o especialista à AFP.

Moncrieff explica, no entanto, que não aconselha a interrupção abrupta dos antidepressivos.

Hofmann, assim como outros psiquiatras, recorda que estes medicamentos demonstraram eficácia no momento de aliviar a depressão, independente da origem da doença.

"Os mecanismos dos medicamentos utilizados no tratamento da depressão são geralmente múltiplos e, na maioria dos casos, não sabemos de forma precisa o que faz com que um tratamento seja eficaz", explica.

O debate a respeito da serotonina ilustra o mistério a respeito de uma doença complexa, uma das mais importantes por seu impacto nas sociedades ocidentais.

"Continuamos no campo das hipóteses, continuamos investigando e confrontando os modelos", conclui Hofmann.

Não há evidências "convincentes" de que a depressão esteja associada a baixas concentrações ou atividade de serotonina, sugeriu um estudo britânico publicado na revista científica Molecular Psychiatry, na última quarta-feira, 20. Cientistas envolvidos na revisão avaliam que teoria do desequilíbrio químico influencia decisão de pacientes sobre tomar e continuar usando medicamentos antidepressivos, além de encorajarem mais estudos em relação aos efeitos dessas drogas nos sistemas neuroquímicos. Eles advertem que ninguém deve cessar tratamento sem orientação médica.

"A popularidade da teoria do 'desequilíbrio químico' da depressão coincidiu com um enorme aumento no uso de antidepressivos", destacou a pesquisadora-chefe Joanna Moncrieff, ao site da University College London (UCL), de onde é professora. "Muitas pessoas tomam antidepressivos porque foram levadas a acreditar que sua depressão tem uma causa bioquímica, mas esta nova pesquisa sugere que essa crença não é baseada em evidências", continuou ela, que também é consultora do serviço britânico de saúde (NHS, em inglês).

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Coautor da análise, Mark Horowitz citou que a pesquisa também jogou luz sobre a influência de fatores externos na condição. "Um aspecto interessante nos estudos que examinamos foi o quão forte um efeito de eventos adversos da vida teve na depressão, sugerindo que o humor deprimido é uma resposta à vida das pessoas e não pode ser resumido a uma simples equação química", declarou, ao site da universidade.

Conforme o estudo, a teoria serotoninérgica foi sugerida pela primeira vez na década de 60 e amplamente divulgada na de 90, junto ao advento dos medicamentos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS). Como o próprio nome já diz, a droga inibe a ação da proteína transportadora do neurotransmissor e possibilita aumento das concentrações dele na fenda sináptica.

Desde o começo da pandemia, as vendas de antidepressivos e estabilizadores de humor crescem no País, de acordo com levantamento do Conselho Federal de Farmácia (CFF). Entre 2019 e 2020, o aumento foi de 17%. Os primeiros cinco meses de 2021, em comparação com os do ano anterior, tiveram comércio 13% maior. Mais de 42,9 milhões de unidades foram vendidas entre janeiro e maio do ano passado.

Os cientistas britânicos resolveram, então, fazer uma revisão do tipo "guarda-chuva" de estudos dos campos de pesquisa sobre a relação entre serotonina e depressão. As metanálises e revisões sistemáticas focavam, por exemplo, na ação de receptores e transportadores do neurotransmissor. Algumas das pesquisas envolviam dezenas de milhares de pacientes.

A conclusão foi de que os estudos com evidências consideradas moderadas ou altas não davam suporte à teoria do desequilíbrio químico. Já aquelas que indicavam relação do neurotransmissor à doença, tinham dados de certeza baixa.

Embora a análise não tenha focado no efeito dos remédios antidepressivos e os pesquisadores não indiquem interromper o uso deles sem recomendação médica, pedem mais estudo sobre o efeito dessas drogas e também sobre tratamentos que visem ao gerenciamento de situações estressantes ou traumáticos na vida das pessoas, como a psicoterapia. Além disso, ponderam que pacientes não devem mais ser informados de que a depressão seja causada por baixos níveis de serotonina.

"Milhares de pessoas sofrem com os efeitos colaterais dos antidepressivos, incluindo os graves efeitos de abstinência que podem ocorrer quando as pessoas tentam largá-los, mas as taxas de prescrição continuam aumentando", afirmou Moncrieff, ao portal da universidade londrina. "Acreditamos que essa situação tenha sido impulsionada em parte pela falsa crença de que a depressão se deve a um desequilíbrio químico. Já é hora de informar ao público que essa crença não é fundamentada na ciência".

Brasileiros demoram, em média, 39 meses - ou seja, 3 anos e 3 meses - para procurar ajuda médica para tratamento de depressão. O dado faz parte de um levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido da empresa farmacêutica Janssen, que ouviu 800 pessoas com ou sem relação com a depressão de 11 estados brasileiros. 

Apesar de os pensamentos suicidas terem incomodado cerca de 4 em cada 10 respondentes antes de buscar o diagnóstico, a demora em procurar ajuda especializada ocorreu, principalmente, pela falta de consciência de se tratar de uma doença (18%), por resistência (13%) e medo do julgamento, da reação dos outros ou vergonha (13%). 

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Os dados foram apresentados em um workshop realizado na manhã de hoje (14), em São Paulo, onde especialistas no assunto falaram sobre a “Urgência da saúde mental: um outro olhar sobre a depressão”. 

Segundo a professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC Cintia de Azevedo Marques Périco, a demora na busca por tratamento para a depressão pode trazer sérias consequências ao paciente. 

“O agravamento dos sintomas, a diminuição da eficácia dos tratamentos, a perda de anos produtivos, o impacto econômico e a severa diminuição da produtividade, e ainda prejuízo em seu convívio familiar e social são consequências da doença. A depressão precisa ser levada à sério”, afirmou Cíntia que também é integrante da Comissão de Emergenciais Psiquiátricas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). 

Dados da pesquisa demonstram ainda que há falta de entendimento das pessoas sobre a gravidade da doença e sobre seu impacto na vida do paciente e de todos ao seu redor. Apenas 10% acreditam que a depressão é uma doença com base biológica (e repercussões físicas no corpo). Outros 35% acham que a enfermidade não pode ser tratada com medicamento e 36% acreditam que, para superar a doença, é preciso força de vontade.  Outro estudo recente, publicado na revista The Lancet, aponta que até 80% das pessoas afetadas pela doença no mundo sequer sabem de seu diagnóstico. 

Emergência psiquiátrica

Atualmente, a depressão é considerada uma emergência psiquiátrica devido a sua relação com casos de suicídios e tentativas de autoextermínio. Estudos apontam que cerca de 97% dos suicídios têm ligação com transtornos mentais, especialmente a depressão. 

   Apenas no estado de São Paulo, o Corpo de Bombeiros contabiliza, em média, sete tentativas de suicídio diárias.  “Esses números são ainda mais altos, pois não estamos levando em conta as ocorrências do Samu e da Política Militar. Em muitos casos, suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem um olhar mais humanizado, reconhecendo a depressão como um transtorno mental que precisa de atendimento urgente e especializado”, disse o major Diógenes Munhoz que trabalha na corporação há 22 anos e atuou diretamente em 57 ocorrências de tentativas de suicídio.  O major é ainda idealizador da Técnica Humanizada de Abordagem a Tentativas de Suicídio admitida e usada em mais de 17 estados pelo Corpo de Bombeiros. 

Depressão resistente ao tratamento Em todo o mundo, especialistas têm estudado o crescimento de casos de pacientes com depressão resistente ao tratamento (DRT). Isso ocorre quando não há resposta satisfatória para, pelo menos, dois tratamentos anteriores administrados em dose e tempo adequados. Em geral, esses pacientes também apresentam ideação suicida. 

A depressão resistente ao tratamento (DRT) é um transtorno que impacta cerca de 40% dos pacientes brasileiros, segundo dados do estudo observacional TRAL (Treatment-Resistant Depression in America Latina), realizado na América Latina com quase 1,5 mil pacientes. Estudos apontam que pacientes com depressão podem ter um custo direto de 30% a 250% superior aos dos pacientes sem o transtorno, em casos de DRT, esse custo pode ser ainda superior, chegando a um valor 400% maior. 

Durante o workshop, os especialistas destacaram um novo medicamento para os casos resistentes que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final de 2019. De uso intranasal, o Spravato atua em uma nova via de neurotransmissores e deve ser aplicado em um ambiente hospitalar, segundo o professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Humberto Corrêa, que liderou a condução de um dos estudos com o medicamento no Brasil. 

“Pode ser um hospital dia, uma clínica de infusão ou um hospital propriamente. O paciente não tem acesso direto ao medicamento, não sai com uma receita do consultório para ir à farmácia comprar. É a instituição hospitalar que providencia o medicamento e o profissional de saúde aplica no paciente que volta para casa após a aplicação”. 

O Brasil é o quinto país com mais incidência de depressão no mundo, apresentando um número de casos superior ao de diabetes, segundo Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde.  De 2011 a 2019, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) calculou um aumento de 167% na utilização de serviços relacionados à saúde mental.

Um estudo realizado no Laboratório de Neuroproteômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sugere que os canabinóides podem auxiliar no tratamento de doenças como Alzheimer, esclerose múltipla, depressão e esquizofrenia. Os resultados foram publicados na revista “European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences” na sexta (27) e indicam que essas substâncias podem estimular ou bloquear processos importantes para o funcionamento dos neurônios e de outras partes do sistema nervoso. Isso demonstra um potencial terapêutico dos compostos analisados para abordar quadros neurológicos e psiquiátricos.

O termo canabinóide se refere a diversos componentes que podem ser produzidos no organismo, obtidos sinteticamente ou de plantas do gênero Cannabis. A pesquisa observou o efeito de grupos distintos dessas substâncias em células do sistema nervoso central que participam do suporte aos neurônios, os oligodendrócitos. “Os oligodendrócitos são responsáveis pela formação da bainha de mielina, que serve como um isolante para a transmissão das correntes elétricas nos neurônios”, explica Valéria de Almeida, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo. “A mielina também é importante para fornecer energia para o neurônio e mantê-lo saudável. Quando há defeitos nos oligodendrócitos, vários problemas podem ocorrer no funcionamento dos neurônios e consequentemente do cérebro”, complementa.

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Almeida conta que a ideia do estudo era verificar como esses canabinóides afetam as proteínas dos oligodendrócitos, que funcionam como guias para ativar ou desativar funções importantes no ciclo de vida dessas células. Para isso, os pesquisadores dividiram as células em grupos e expuseram cada amostra a um tipo diferente de canabinóide. O segundo passo foi analisar individualmente cada um dos grupos e comparar os resultados com células que não foram tratadas.

As diferenças no tipo e na quantidade de proteínas produzidas revelam que o tratamento com canabinóides pode alterar mecanismos fundamentais para a produção de energia celular, a formação de novas células, a migração desses componentes para outros locais do cérebro e até mesmo a morte dos mesmos.

O artigo destaca que essas descobertas abrem uma janela de possibilidades para abordar as doenças neurológicas e psiquiátricas. “Modificar a proliferação celular, o ciclo celular e a morte celular pode ser essencial para conferir neuroproteção; modular as vias de migração e diferenciação celular pode influenciar o desenvolvimento de um perfil mais saudável nas células neuronais. Além disso, mudanças no metabolismo energético podem ser investigadas pelo seu potencial de melhorar desregulações vistas em muitas desordens neurodesenvolvimentais e neurológicas”, diz o estudo publicado em inglês.

Valéria de Almeida salienta que, embora ainda seja necessário explorar esses resultados em outros modelos para desenvolver a aplicabilidade terapêutica dos canabinóides, esses dados são um avanço importante para a compreensão de mecanismos alternativos para o tratamento de doenças que afetam o sistema nervoso. “Nossos resultados poderão ser utilizados por outros pesquisadores como direcionamento para procura de novos tratamentos para doenças que apresentam problemas na função de oligodendrócitos ou na mielina”, explica a pesquisadora.

Fonte: Agência Bori

A deputada estadual Delegada Gleide Ângelo (PSB-PE) apresentou, nesta quinta-feira (26), o Projeto de Lei Nº 3369/2022, que cria a Política de Prevenção à Depressão Pós-parto para Mulheres Gestantes, Parturientes e Puérperas. O PL foi apresentado na Semana Estadual de Prevenção e Combate à Depressão Pós-parto, que é celebrada até o próximo dia 29 de maio.

O objetivo da proposta é conscientizar sobre o cuidado com a saúde mental das mulheres durante o pré e pós-parto e o puerpério, marcados por intensa vulnerabilidade emocional. Segundo o texto da medida, toda e qualquer gestante deve ter direito ao acompanhamento terapêutico desde o início do pré-natal, como também após o parto e durante o puerpério. Aquelas mulheres identificadas com sintomas depressivos devem ter encaminhamento imediato e prioritário para tratamento psicológico e psiquiátrico.

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“A sociedade costuma silenciar o sofrimento das mães e romantizar a maternidade. Precisamos romper esse tabu e encararmos de frente as necessidades e urgências que envolvem a saúde mental das mulheres”, explica a deputada.

A depressão pós-parto é um transtorno de saúde mental que pode ser identificado através de diversos sinais como insônia, perda de apetite, taquicardia, irritabilidade intensa e dificuldade no desenvolvimento de vínculos com o recém-nascido. Os sintomas podem persistir durante os dois primeiros anos de vida da criança.

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz, a depressão pós-parto atinge até 25% das mães em todo País, ou seja, uma a cada quatro mães desenvolve o problema.

Uma funcionária de telemarketing foi desligada da função, por justa causa, após apresentar atestado médico e ser vista por foto em um evento. A ex-trabalhadora alegou que estava com depressão e, por isso, foi afastada das atividades. O caso foi levado e julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG).

À justiça, a mulher alegou que soube da demissão através de comunicado, que não apresentava razão específica para a justa causa. Além disso, a ex-funcionária ressaltou que possuía estabilidade por ser líder sindical. Em contraponto, a empresa de telemarketing informou que a empregada apresentou “incontinência de conduta” e “mau procedimento”.

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Além disso, a decisão da instituição foi reforçada após a publicação de um vídeo, pela própria funcionária, nas redes sociais. Na postagem, ela aparece em um evento em São Paulo durante o período de afastamento médico. Com isso, a juíza responsável pela ação, Maria Cristina Diniz Caixeta, apontou que as imagens "não revelam o estado abatido da trabalhadora”.

Após a decisão, a ex-empregada tentou reverter judicialmente a justa causa, assim como, a reintegração e a indenização referente ao período de estabilidade provisória. Os pedidos não foram acatados e a decisão foi mantida e o TRT determinou o arquivamento definitivo do processo.

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