Favorito nas eleições alemãs se explica ao Parlamento

Olaf Scholz foi convocaram pelos congressistas a poucos dias das eleições para prestar esclarecimento sobre um incômodo caso que abala o ministério das Finanças, chefiado por ele

seg, 20/09/2021 - 12:22
ANDREAS GEBERT Ministro alemão das Finanças candidato do partido SPD para as eleições legislativas, Olaf Scholz, em comício em Munique, em 18 de setembro de 2021 ANDREAS GEBERT

O favorito das eleições legislativas da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz, defendeu nesta segunda-feira (20) sua ação de combate à lavagem de dinheiro em depoimento aos deputados.

Scholz foi convocaram pelos congressistas a poucos dias das eleições para prestar esclarecimento sobre um incômodo caso que abala o ministério das Finanças, chefiado por ele.

Na reta final da campanha, o candidato do partido social-democrata SPD precisou justificar à comissão de Finanças do Bundestag o porquê de funcionários de seu ministério não terem transmitido à Justiça as informações sobre uma suposta operação de lavagem de dinheiro.

Scholz afirmou que, nos últimos anos, seu ministério "melhorou continuamente" o combate à criminalidade financeira e listou os esforços promovidos.

Mas nenhum ministro "pode resolver (os problemas) com um estalar de dedos", disse aos parlamentares, informaram fontes internas à AFP.

Os deputados esperavam a declaração do ministro por videoconferência, devido à sua apertada agenda de campanha, mas Scholz surpreendeu os 30 membros da comissão e compareceu pessoalmente.

O testemunho ao Bundestag coincide com a reta final da campanha para as eleições legislativas do próximo domingo (26). Até o momento, Scholz aparece como favorito, com 25% das intenções de voto.

Atrás dele, estão os conservadores da CDU de Angela Merkel, agora sob a liderança do impopular Armin Laschet, com pouco mais de 20%, e os Verdes (15%), liderados por Annalena Baerbock.

O gesto presencial de Scholz não apaziguou os ânimos dos deputados. Tanto a oposição quanto seus sócios de governo da CDU/CSU acusaram-no de fracassar na luta contra a lavagem de dinheiro.

O deputado liberal do FDP Florian Toncar consideroiu Scholz responsável por "um espaço carente de direito na luta contra o crime organizado".

O representante social-democrata na comissão, Jens Zimmermann, acusou seus adversários políticos de fazerem deste caso um "espantalho" para prejudicar o favorito nas pesquisas.

- Pagamentos à África -

O ponto de partida desta investigação, em 2020, foi a "declaração de atividades suspeitas por parte de um banco (...) relativas a pagamentos com destino à África por uma quantia superior a um milhão de euros", em torno de US$ 1,17 milhão.

O Escritório Central de Investigação de Transações Financeiras (UIF), subordinado ao Ministério das Finanças, não transmitiu este relatório às autoridades judiciais, o que impediu "cessar esses pagamentos", segundo a Promotoria.

Esta transação "tinha como pano de fundo o tráfico de armas e drogas, assim como o financiamento do terrorismo", disse o banco em seu relatório.

Recentemente, a Promotoria pediu investigações dos ministérios das Finanças e da Justiça, para "verificar se e, caso necessário, em qual medida a direção e os responsáveis dos ministérios (...) estiveram envolvidos nas decisões da UIF".

A oposição parlamentar (os Verdes, os liberais e a esquerda radical) convocou Scholz imediatamente para que desse explicações.

- Scholz insinua complô -

Irritado com as investigações em plena campanha eleitoral, Scholz criticou a maneira como os investigadores estão conduzindo o processo e insinuou ser vítima de um complô político.

Diante da ameaça de uma derrota histórica, os conservadores da CDU também buscam lucrar com o assunto para atacar seu ainda sócio de coalizão.

"Quando uma Promotoria investiga um ministério, a reação adequada é dizer 'vamos ajudar a Justiça' e não denunciar complôs de forma 'populista'", disse o candidato conservador, Armin Laschet.

O ministério de Scholz já foi criticado no ano passado por negligenciar sua vigilância na falência da sociedade Wirecard, o maior escândalo financeiro desde a guerra neste país.

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