80% das crianças de até 5 anos comem ultraprocessados

A pesquisa também aponta para um baixo consumo de água pura em algumas regiões do país

por Rachel Andrade ter, 07/12/2021 - 15:10
Pixabay Criança comendo melancia Pixabay

 Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) divulgou seus resultados  nesta terça-feira (7) e revelou que oito em cada dez crianças brasileiras de até cinco anos já consumiam alimentos ultraprocessados, como biscoitos, farinhas instantâneas, refrigerantes e bebidas açucaradas, dentre outros produtos nocivos à saúde. O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019) mostra que crianças menores de dois anos também consomem esse tipo de alimento em alta frequência. Especialistas afirmam que essa prática pode gerar consequências na saúde das crianças. 

Segundo Gilberto Kac, coordenador nacional do Enani-2019 e pesquisador do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ, os resultados encontrados apontam para possíveis problemas sociais no país. “Os resultados do Enani-2019 mostram que, em geral, a alimentação das crianças brasileiras está distante das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). As prevalências dos indicadores estudados – consumo de ultraprocessados, frutas e hortaliças e de água pura – variam entre as macrorregiões, de acordo com o Indicador Econômico Nacional (IEN), denunciando as grandes desigualdades sociais do Brasil. Esperamos que os novos resultados possam ajudar a planejar estratégias de promoção da alimentação saudável, bem como o monitoramento da evolução desses indicadores ao longo do tempo”, declarou a UFRJ. 

 Alimentos industrializados  A pesquisa apontou que o consumo de alimentos ultraprocessados, mais alto do que o recomendado, é combinado com o baixo acesso a alimentos frescos, como frutas e hortaliças, que deveriam predominar na tabela nutricional das crianças. O coordenador do levantamento ainda observa que é muito alto o consumo de temperos industrializados, como caldos em cubo e molhos prontos. “Um quinto (20,9%) das crianças brasileiras de até cinco anos consome esses produtos em seu dia a dia, o que é preocupante, porque são itens ricos em sódio, conservantes e outras substâncias perigosas”, alertou Kac. 

 Consumo de água pura  De acordo com os especialistas, a água pura é recomendada a ser consumida por crianças a partir dos seis meses de vida. Chamou a atenção dos pesquisadores que 72,1% das crianças de até cinco anos que participaram das entrevistas haviam bebido água no dia anterior. “Isso significa que um quarto (27,9%) das crianças brasileiras nessa faixa etária não consumiu água pura no dia anterior à entrevista”, aponta Kac.   

O levantamento contou com entrevistas que foram feitas de fevereiro de 2019 até março de 2020 em 123 municípios brasileiros, e envolveu 14.558 crianças de até cinco anos. O Enani-2019 foi encomendado pelo Ministério da Saúde e coordenado pela UFRJ, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Universidade Federal Fluminense (UFF).  Mais informações podem ser obtidas no site do Enani (enani.nutricao.ufrj.br).

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