Papa pede 'humildade' e 'sobriedade' aos cardeais
Em um discurso de 30 minutos, o papa, de 85 anos, lembrou que a Cúria (governo central da Igreja) 'não é apenas um instrumento logístico e burocrático', mas 'o primeiro órgão chamado a dar testemunho'
Em seus tradicionais votos natalinos, o papa Francisco pediu à Cúria Romana, nesta quinta-feira (23), que dê provas de "humildade" e "sobriedade" e fuja da "mundanalidade" e do "orgulho".
Em quase nove anos de pontificado, o papa fez desse encontro anual, com frequência, uma antologia de severas reprimendas.
Em 2014, ele enumerou 15 "doenças" que assolam a Cúria, que vão do "Alzheimer espiritual" à "fossilização mental". Na edição deste ano, porém, Francisco usou um tom mais moderado do que seus críticos esperavam.
O Natal "é o momento em que cada um de nós deve ter a coragem (...) de se libertar das suas roupas e de sua posição, do reconhecimento social, de seu pedaço de glória do mundo e de assumir sua própria humildade", declarou Jorge Bergoglio aos cardeais e bispos reunidos na Sala de Bênçãos do Vaticano.
Em um discurso de 30 minutos, o papa, de 85 anos, lembrou que a Cúria (governo central da Igreja) "não é apenas um instrumento logístico e burocrático", mas "o primeiro órgão chamado a dar testemunho".
"A organização que devemos instalar não tem modelo de empresa, mas um modelo evangélico", acrescentou.
"Nós, membros da Cúria, devemos ser os primeiros a nos comprometermos com uma conversão à sobriedade", insistiu, após lançar um apelo para "se viver com transparência, sem favoritismos e sem clientelismo".
"Todos nós somos leprosos em busca de uma cura", disse Francisco.
"O orgulhoso, doente em seu pequeno mundo, não tem mais passado nem futuro, não tem raízes nem frutos. Vive com o gosto amargo da tristeza estéril", declarou ele, referindo-se às críticas ao modo de vida de alguns membros do clero.