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O papa Francisco criará no sábado 21 novos cardeais, incluindo cinco latino-americanos, que em sua maioria poderão votar para definir o sucessor do jesuíta argentino ou tornar-se o novo pontífice.

A cerimônia, oficialmente chamada consistório, que acontecerá no sábado (30) na Praça de São Pedro do Vaticano, será a nona do papado de Francisco desde sua eleição em 2013.

O evento será acompanhado por analistas em busca de indícios sobre o rumo da Igreja, devido à idade avançada de Francisco (86 anos), que não descarta a possibilidade de renunciar ao cargo, como fez seu antecessor Bento XVI, em caso de declínio de seu estado de saúde.

Francisco, o primeiro papa das Américas, incluiu na lista cinco cardeais latino-americanos, mas apenas três serão eleitores em um conclave.

Três deles são argentinos: monsenhor Víctor Manuel Fernández, prefeito do poderoso Dicastério para a Doutrina da Fé; Ángel Sixto Rossi, arcebispo de Córdoba; e Luis Pascual Dri, confessor no Santuária de Nossa Senhora de Pompeia que, por ter mais de 80 anos, não poderá participar em um eventual conclave.

Os outros dois latino-americanos são o arcebispo de Bogotá, o colombiano Luis José Rueda Aparicio, e o venezuelano Diego Rafael Padrón Sánchez, arcebispo emérito de Cumaná, que também supera o limite de idade.

Durante o pontificado, Francisco trabalha para promover o clero de países em desenvolvimento e distantes de Roma, como parte da sua filosofia de diversidade e inclusão. Também defende uma Igreja mais tolerante, com atenção especial aos pobres e marginalizados.

Após o consistório, a Igreja Católica terá 137 cardeais eleitores, 73% deles (99) nomeados por Jorge Bergoglio, enquanto 21% foram criados por Bento XVI e 6% por João Paulo II.

- Pompa e tradição -

Como é habitual, os futuros cardeais ajoelharão diante do pontífice para receber o capelo cardinalício, cuja cor vermelho escarlate evoca o sangue derramado por Cristo na cruz.

Francisco também entregará o anel de cardeal, que substitui o anel episcopal que recebem como bispos.

Depois da cerimônia acontecerá a tradicional "visita de cortesia", na qual o público é convidado a saudar os novos cardeais nos salões dourados do Palácio Apostólico.

Considerados tradicionalmente os "príncipes" da Igreja Católica Romana, os cardeais são os principais conselheiros e administradores do pontífice.

Alguns lideram departamentos dentro da Cúria Romana, o governo da Santa Sé, mas a maioria trabalha em seus países.

- "Universalidade" -

Fiel ao princípio de "universalidade" da Igreja, o pontífice jesuíta também olha para outras "periferias" do catolicismo, onde o número de fiéis aumenta, como África ou Ásia.

Entre os novos escolhidos há clérigos de duas áreas geopoliticamente delicadas: o patriarca latino de Jerusalém, a principal autoridade católica na Terra Santa, e o bispo de Hong Kong, crucial para tentar melhorar as relações do Vaticano com a China comunista.

A nova lista de cardeais também inclui os arcebispos de Juba (Sudão do Sul), Cidade do Cabo (África do Sul) e Tabora (Tanzânia).

"Isto significa que o papa quer estar cercado por pessoas dotadas de uma experiência do mundo global, não apenas por setor de especialização", declarou à AFP o vaticanista italiano Marco Politi.

Mas o clero europeu, onde o catolicismo está em declínio, continuará fortemente representado.

Os novos cardeais incluem o prelado suíço que atua como núncio apostólico da Santa Sé na Itália, o arcebispo de Lodz (Polônia) e o arcebispo de Madri, monsenhor José Cobo Cano.

O mais jovem na lista é o arcebispo de Setúbal (Portugal), que recentemente organizou a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa.

Américo Aguiar, 49 anos, será o segundo integrante mais jovem do Colégio de Cardeais, atrás apenas do prefeito apostólico em Ulan Bator (Mongólia), Giorgio Marengo, seis meses mais jovem.

O Papa Francisco anunciou neste domingo, 09, que escolheu 21 novos cardeais, incluindo prelados de Jerusalém e Hong Kong - locais onde os católicos são uma pequena minoria -, enquanto continua a deixar sua marca no corpo de clérigos que selecionará seu sucessor.

O papa anunciou as escolhas durante habitual aparição semanal ao público na Praça de São Pedro, dizendo que a cerimônia para instalar formalmente os clérigos como cardeais será realizada em 30 de setembro.

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Entre os escolhidos estão vários religiosos que ocupam ou estão prestes a assumir importantes cargos no Vaticano, incluindo o arcebispo de La Plata, Argentina, Victor Manuel Fernández, 59, a quem o papa acaba de nomear para liderar o poderoso escritório da Santa Sé para garantir a ortodoxia doutrinária e supervisionar processos de acusações de abuso sexual contra o clero em todo o mundo.

Os novos cardeais também incluem o bispo de Hong Kong, Stephen Sau-yan Chow, 64, e o principal funcionário do Vaticano no Oriente Médio, monsenhor Pierbattista Pizzaballa, 58, patriarca latino de Jerusalém.

Esses dois clérigos guiam rebanhos em áreas geopolíticas de grande interesse para o Vaticano.

No domingo, em comentários anteriores à leitura da lista de novos cardeais, o Papa Francisco expressou esperança de que as autoridades israelenses e palestinas iniciem um "diálogo direto" para acabar com a "espiral de violência" - uma referência aos recentes confrontos mortais na região.

Francisco citou repetidamente as dificuldades da minoria cristã no Oriente Médio nas últimas décadas.

Em entrevista em abril à Associated Press, Pizzaballa, um prelado italiano que é o principal clérigo católico da Terra Santa, disse que a comunidade cristã de 2.000 anos da região está sob ataque crescente, com o governo mais de direita na história de Israel encorajando extremistas que perseguem clérigos e vandalizaram propriedades religiosas em um ritmo acelerado.

Por décadas, o Vaticano e a China tiveram tensões alternadas com melhoras das relações, com a insistência da nação comunista de que tem o direito de nomear bispos e a prisão de padres que professavam lealdade ao papa.

No início deste ano, o bispo de Hong Kong, que, como Francisco, é jesuíta, fez a primeira visita à China continental em quase 30 anos de um religioso naquele cargo.

Ao anunciar seus nomes, Francisco disse que a nomeação de cardeais de todo o mundo "expressa a universalidade da Igreja, que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da Terra".

Os cardeais servem como conselheiros do pontífice em questões de ensino e administração, incluindo as finanças atingidas por escândalos do Vaticano. Mas o dever mais importante destes religiosos é se reunir em um conclave secreto para eleger o próximo pontífice. Francisco nomeou vários grupos de novos cardeais em seu papado de 10 anos.

Isso significa que, cada vez mais, os homens que votarão em seu sucessor, em caso de renúncia ou morte, são clérigos que apoiam seus valores, prioridades e perspectivas.

Os últimos cardeais indicados por Francisco foram oficialmente confirmados no posto - conhecido informalmente como "príncipe da igreja" - em agosto de 2022.

Três dos clérigos escolhidos para receber trabalham na África, continente onde a Igreja experimentou crescimento nas últimas décadas. São eles: monsenhor Stephen Brislin, 66, arcebispo da Cidade do Cabo, África do Sul; monsenhor Protase Rugambwa, 63 anos, arcebispo coadjutor de Tabora, Tanzânia; e monsenhor Stephen Ameyu Martin Mulla, 59, arcebispo de Juba, no Sudão do Sul, que o papa visitou no início deste ano. O Sudão do Sul conquistou a independência do Sudão, de maioria muçulmana, em 2011, mas foi assolado por guerras civis e conflitos.

O cargo para o qual Francisco indicou Fernández é tradicionalmente chefiado por um cardeal. Mas a rapidez com que o arcebispo de La Plata foi escolhido publicamente como cardeal - oito dias após a nomeação - foi notável e destaca a atenção que o pontífice dá a esse cargo.

Um grupo com sede nos Estados Unidos, que rastreia como a hierarquia católica lida com alegações de abuso sexual por parte do clero, diz que Francisco fez uma escolha "preocupante" ao escolher o arcebispo argentino, que em 2019 se recusou a acreditar nas vítimas que acusaram um padre naquela arquidiocese de abusar sexualmente de meninos.

Entre outros cardeais nomeados estão religiosos de Lisboa, Portugal, que o papa visitará no mês que vem para um encontro de jovens católicos; Penang, Malásia; a ilha francesa da Córsega; Bogotá, Colômbia; e Lodz, Polônia.

Dezoito dos 21 novos cardeais têm menos de 80 anos e podem votar em um conclave.

Fonte: Associated Press

O papa Francisco comemorou o décimo aniversário de seu pontificado nesta segunda-feira (13) com uma série de entrevistas e um podcast no qual critica os Estados totalitários, particularmente a Nicarágua de Daniel Ortega, que ameaça suspender suas relações com o Vaticano.

O jesuíta argentino, Jorge Bergoglio, tornou-se o 266º pontífice da Igreja Católica em 13 de março de 2013, sucedendo ao alemão Bento XVI, o primeiro papa a renunciar desde a Idade Média.

"Parece que foi ontem", confessou Francisco, o primeiro papa latino-americano da história, em um podcast transmitido nesta segunda-feira pelo canal oficial do Vaticano, Vatican News.

Líder de uma igreja em crise, o ex-arcebispo de Buenos Aires, pastor que não fez parte da influente Cúria Romana, optou pela transparência econômica e "tolerância zero" para abusos sexuais, respeitando as posturas mais tradicionais em relação ao celibato, aborto, casamento homoafetivo e homossexualidade.

Crítico severo do neoliberalismo, do imperialismo e dos conflitos militares, o papa argentino se identifica com uma Igreja que pede acima de tudo justiça social, que defende os migrantes que fogem da guerra e da miséria e que é sensível à ecologia e à natureza.

Durante esses 10 anos, o chefe da Igreja Católica se posicionou sobre a atual política internacional, denunciou a situação na Ucrânia desde o início da guerra e se ofereceu como um grande mediador.

- "Paz para a Ucrânia" -

Esta semana começou um novo conflito um país de sua região, a Nicarágua, ao criticar seus excessos autoritários e os ataques contra a Igreja após a condenação do bispo nicaraguense Rolando Álvarez a 26 anos e 4 meses de prisão. Essa reação levou o governo da Nicarágua a considerar romper relações com o Vaticano.

Nas inúmeras entrevistas concedidas por ocasião do décimo aniversário de seu pontificado, ele voltou a abordar o tema da guerra, especialmente na Ucrânia.

"Paz. Paz para a martirizada Ucrânia e para todos os outros países que sofrem o horror da guerra, que é sempre um fracasso para todos", respondeu ele em entrevista ao jornal italiano Il Fatto Quotidiano.

Todos os seus apelos à paz para a Ucrânia foram ignorados. "Precisamos de paz", insistiu ele no podcast do Vatican News.

- "Que o Senhor tenha misericórdia de mim" -

Durante a década bergogliana, o diálogo inter-religioso aumentou notavelmente, especialmente com o Islã. O papa Francisco, em particular, melhorou os laços com o grande imã da prestigiosa mesquita Al-Azhar, no Cairo, entre os muitos líderes que lhe enviaram mensagens de felicitações.

Em uma carta publicada pelo Vatican News, o xeique Ahmed al-Tayebal elogiou os esforços do papa para "construir pontes de amor e fraternidade entre todos os seres humanos".

Mensagens também foram enviadas pelo patriarca ecumênico Bartolomneu, líder dos cristãos ortodoxos, e pelo líder anglicano Justin Welby, arcebispo de Canterbury.

"Ele é um papa deste tempo. Ele soube captar as necessidades de hoje e propô-las a toda a Igreja universal (...). Está impulsionando a igreja dos próximos tempos", afirmou Don Roberto, um padre que viajou ao Vaticano no domingo para comemorar o décimo aniversário do pontificado de Francisco.

A batalha contra a cultura do abuso sexual cometido contra menores por membros da igreja tem sido um dos desafios mais dolorosos de seu papado.

Embora tenha levantado o segredo pontifício, encontrado vítimas e obrigado os religiosos a denunciar os casos à hierarquia, a pedofilia continua sendo a pedra no sapato de seu pontificado. As associações de vítimas exigem medidas mais fortes.

E o que ele deseja para si? "Que o Senhor tenha misericórdia de mim. Ser papa não é um trabalho fácil. Você não pode estudar para fazer este trabalho", respondeu ele.

Aos 86 anos e com uma saúde frágil que o obriga a usar uma cadeira de rodas, Francisco não descarta a possibilidade de renunciar, como seu antecessor Bento XVI.

"Mas no momento não tenho isso em minha agenda", disse ele à revista jesuíta Civita Cattolica no mês passado.

O Brasil passou a ter oficialmente dois novos cardeais, um deles da Amazônia - o primeiro na história da Igreja Católica no País. Com a cerimônia do Consistório Ordinário Público, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no último sábado (27), os brasileiros dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, e dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, passam a integrar o Colégio de Cardeais que tem entre suas atribuições a escolha do sucessor do Papa Francisco, caso este venha a morrer ou se aposentar.

Ao todo, Francisco nomeou 21 novos cardeais para o colégio, que passa a contar 227 membros, dos quais 132 são eleitores.

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O oitavo consistório do pontificado de Francisco acontece em um momento em que o próprio papa, aos 85 anos, admitiu a possibilidade de uma renúncia, após retornar de exaustiva agenda no Canadá, no fim de julho.

Amazônia Tensa

Crítico das políticas do atual governo para a Amazônia, o franciscano dom Leonardo Steiner, de 71 anos, natural de Forquilhinha (SC), tem contato intenso com a Região Amazônica desde 2005, quando foi nomeado bispo pelo então papa João Paulo II para a Prelazia de São Félix, no Mato Grosso. Após ser nomeado pelo papa Francisco como arcebispo da Arquidiocese de Manaus, em 27 de novembro de 2019, ele participou da articulação para realizar o Sínodo da Amazônia.

Dom Leonardo considerou sua nomeação "uma expressão de carinho, acolhida, proximidade e de cuidado do papa Francisco para com toda a Amazônia", disse. Ele lembrou que "a colaboração que posso dar ao Santo Padre é justamente fazer com que a Amazônia seja lembrada, pois em alguns momentos o papa sempre nos lembra que esta parte do Brasil está em seu coração".

Conforme o arcebispo, a situação da Amazônia é muito tensa. Ele lembrou as mortes do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, assassinados em maio deste ano por criminosos que agem no Amazonas, e disse que os mandantes não foram presos.

Citou ainda o assassinato da missionária americana Dorothy Stang em, em fevereiro de 2005, no Pará, em que houve dificuldade para a punição dos mandantes. "Corremos até um pouco de perigo, diante da violência que existe, da apreensão que nós vivemos, de esquecermos dos nossos povos como índole, como cultura."

Juventude

Nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio em 2010 pelo papa Bento XVI, dom Paulo Cezar da Costa assumiu a Arquidiocese de Brasília em outubro de 2020. Natural de Valença (RJ), atuou também na diocese de São Carlos, interior paulista. Com 55 anos, é considerado um cardeal jovem.

Dom Paulo Cezar disse que sua nomeação significa a confiança do papa, mas também a responsabilidade de levar adiante aquilo que Francisco quer para a Igreja. "Que seja uma Igreja próxima, evangelizadora e missionária. O sentimento é de gratidão por aquilo que Francisco está fazendo, seja pela Igreja do Brasil, da Amazônia, pela Igreja de Brasília, e ao mesmo tempo sentimento do amor misericordioso de Deus para comigo."

Ele lembrou que os tempos atuais são desafiadores e o papa espera muito da Igreja do Brasil. "A primeira grande visita que Francisco fez foi para o Brasil e de certa forma nosso país está no coração dele. Acho que o papa quis brindar a Igreja do Brasil, a Amazônia, o Centro-Oeste com dois servidores do povo de Deus. Sempre tive a consciência de que nosso ministério é ser servidor do povo de Deus. Que nossa Igreja possa ser um pouco mais bonita, mais evangelizadora, mais missionária."

Encontro dos cardeais

Nesta segunda e nesta terça-feira, haverá um encontro dos cardeais para refletir sobre a nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, que entrou em vigor em 5 de junho. A convocação para esse "pré-conclave" aumentou as especulações sobre uma possível renúncia de Francisco, que completa dez anos de papado em março de 2023 e está com a saúde debilitada. Francisco foi submetido a uma cirurgia do cólon em 2021 e tem mobilidade reduzida por causa de dores no joelho.

Dos novos nomeados, 16 têm direito a voto por terem menos de 80 anos. Além dos dois brasileiros, o papa argentino nomeou outros dois cardeais da América do Sul - Paraguai e Colômbia - e de outros países considerados mais periféricos, onde a Igreja vem crescendo, como Índia (dois), Nigéria, Timor Leste, Cingapura e Mongólia.

O número de cardeais eleitores variou ao longo da história. Em 1586, o Papa Sisto V fixou o número em 70. Em 1973, o Papa Paulo VI limitou o número a 120, o que foi mantido pelo Papa João Paulo II.

Purpurados brasileiros

Até a nomeação dos novos cardeais, o Brasil tinha cinco membros no colégio cardinalício. Os mais antigos, nomeados pelo papa Bento XVI são dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP); dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida (SP); e dom Assis João Braz de Aviz, atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano.

Os outros dois foram nomeados pelo Papa Francisco: dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ); e dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do Brasil. Dom Geraldo Majella Agnelo, nomeado cardeal em 2001, renunciou em 2011 por motivo de idade.

Com as novas nomeações, o Brasil passa a contar 24 cardeais em sua história, sendo cinco mineiros, cinco catarinenses, quatro gaúchos, quatro paulistas, dois pernambucanos, um fluminense, um cearense, um alagoano e um potiguar.

Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, de Pernambuco, nomeado pelo papa Pio X em 1905, foi o primeiro sacerdote a ser elevado a cardeal na América Latina.

O papa Francisco olha para o futuro da Igreja com a posse, neste sábado (27), de 20 novos cardeais, incluindo dois brasileiros, em mais uma etapa na preparação de sua sucessão.

O pontífice de 85 anos, que enfrenta as dificuldades a idade e não descarta a possibilidade de renunciar por motivos de saúde, prepara os próximos anos com a "criação' de 20 novos cardeais, 16 deles com direito a voto no conclave para a eleição de seu sucessor.

A cerimônia acontecerá às 16h (11h de Brasília) com a presença de religiosos de todo o mundo, que foram convocados para uma reunião paralela e inédita de dois dias, na segunda-feira e terça-feira.

Esta é uma ocasião particular, oficialmente dedicada à reforma da Constituição Pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho, que para muitos é uma espécie de pré-conclave, durante o qual será feito um balanço da situação da Igreja após quase 10 anos de liderança do papa latino-americano.

A reunião provocou muitas especulações, em particular sobre o estado de saúde do papa, que passou por uma cirurgia no cólon em 2021 e sofre com dores no joelho direito que o impedem de caminhar e o obrigam a usar uma cadeira de rodas.

Com a posse dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos sensíveis aos problemas sociais, procedentes de regiões distantes, onde a Igreja é minoritária ou está em crescimento.

Cardeais latino-americanos

A relação inclui nomes do Brasil, Paraguai, Índia, Singapura, Mongólia e Timor Leste.

Na lista de 16 cardeais com menos de 80 anos e, portanto, direito a voto em caso de conclave pela renúncia ou morte do papa, estão três latino-americanos: dois brasileiros - Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da região amazônica, e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília - e um paraguaio - Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção.

Um quarto, o colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal, tem mais de 80 anos e não poderá participar em uma eleição do futuro pontífice.

Os novos cardeais "representam a Igreja de hoje, com uma forte presença do hemisfério sul, onde vivem 80% dos católicos", destacou o vaticanista Bernard Lecomte.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março de 2023 completará 10 anos à frente da Igreja, Francisco será responsável pela designação de 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, quase dois terços do grupo.

Um número determinante em caso de eleição do papa, que exige justamente maioria de dois terços.

Fiel a sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, próxima aos esquecidos, o papa argentino selecionou dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

Três futuros cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente designado, o belga Lucas Van Looy, de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido às críticas de sua gestão ao escândalo de abusos sexuais por integrantes do clero.

A Europa continua sendo o continente com maior representação no Colégio Cardinalício com 40% dos representantes, à frente da América do Sul e da Ásia (16% cada), África (13%) e América do Norte (12%).

O papa Francisco, que enfrenta as dificuldades a idade e não descarta a possibilidade de renunciar por motivos de saúde, prepara sua sucessão com a posse no sábado de 20 novos cardeais, 16 deles com direito a voto no conclave para a eleição de seu sucessor.

O pontífice de 85 anos convocou todos os cardeais do mundo para uma reunião inédita de dois dias, que acontecerá após a "criação", o termo religioso, dos 20 novos "príncipes da Igreja".

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A cerimônia de posse dos novos cardeais acontecerá no sábado a partir das 16H00 (11h00 de Brasília) durante uma cerimônia solene na basílica de São Pedro no Vaticano.

Dedicada à reforma da Constituição Pontifícia, aprovada em março e em vigor desde 5 de junho, a convocação de quase 300 cardeais é uma espécie de pré-conclave, durante o qual será feito um balanço da situação da Igreja após quase 10 anos de liderança do papa latino-americano.

A reunião provocou muitas especulações, em particular sobre o estado de saúde do papa, que passou por uma cirurgia no cólon em 2021 e sofre com dores no joelho direito que o impedem de caminhar e o obrigam a usar uma cadeira de rodas.

Francisco não descartou a possibilidade de renunciar diante das dificuldades de saúde, como admitiu no fim de julho aos jornalistas que acompanharam sua viagem ao Canadá.

"Mudar de papa não seria uma catástrofe", declarou, antes de explicar: "Não pensei nesta possibilidade, mas isto não quer dizer que depois de amanhã não vou pensar".

"A porta está aberta", acrescentou.

Com a posse dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos procedentes das periferias do mundo, certamente mais abertos, menos acostumados às intrigas da Cúria Romana.

- Cardeais latino-americanos -

A relação inclui nomes do Brasil, Paraguai, Índia, Singapura, Mongólia e Timor Leste.

Na lista de 16 cardeais com menos de 80 anos e, portanto, direito a voto em caso de conclave pela renúncia ou morte do papa, estão três latino-americanos: dois brasileiros - Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília - e um paraguaio - Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção.

Um quarto, o colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal, tem mais de 80 anos e não poderá participar em uma eleição do futuro pontífice.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março de 2023 completará 10 anos à frente da Igreja, Francisco será responsável pela designação de 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, quase dois terços do grupo.

Um número determinante em caso de eleição do papa, que exige justamente maioria de dois terços.

Fiel a sua linha a favor de uma igreja mais social, menos europeia, próxima aos esquecidos, o papa argentino selecionou dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja.

Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

Três futuros cardeais ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente designado, o belga Lucas Van Looy, de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido às críticas de sua gestão ao escândalo de abusos sexuais por integrantes do clero.

De acordo com o rito, os futuros cardeais se ajoelharão diante do papa para receber o barrete vermelho cardinalício, uma cor que lembra o sangue que Cristo derramou na cruz.

Após a cerimônia acontecerá a tradicional "visita de cortesia" ao Vaticano, que permite a aproximação dos moradores de Roma para saudar pessoalmente os novos cardeais.

O papa Francisco anunciou neste domingo (29) que nomeará 21 novos cardeais de todo o mundo, incluindo quatro da América Latina, durante o próximo Consistório em 27 de agosto.

"No sábado, 27 de agosto, celebrarei um Consistório para a criação de novos cardeais", declarou o pontífice logo após sua tradicional oração dominical da janela do Palácio Apostólico que dá para a Praça de São Pedro.

Este será o oitavo Consistório do pontificado do Papa Francisco. Em caso de conclave, apenas 16 deles, com menos de 80 anos, poderão participar da eleição de um novo Papa.

O anúncio do papa era esperado há vários meses, já que o número de cardeais eleitores caiu para 117, quando tradicionalmente é pelo menos 120. Em 27 de agosto, o número de cardeais deve subir para 133.

"Estes são os nomes dos novos cardeais", acrescentou o pontífice antes de revelar seus nomes e títulos.

Entre eles estão Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus no Brasil, e Paulo Cezar Costa, arcebispo da capital, Brasília. Também estão listados o arcebispo de Assunção, o paraguaio Adalberto Martínez Flores e Jorge Enrique Jiménez Carvajal, arcebispo emérito de Cartagena, na Colômbia. Este último está entre os cinco que não poderão votar durante o conclave por terem mais de 80 anos.

Em seus tradicionais votos natalinos, o papa Francisco pediu à Cúria Romana, nesta quinta-feira (23), que dê provas de "humildade" e "sobriedade" e fuja da "mundanalidade" e do "orgulho".

Em quase nove anos de pontificado, o papa fez desse encontro anual, com frequência, uma antologia de severas reprimendas.

Em 2014, ele enumerou 15 "doenças" que assolam a Cúria, que vão do "Alzheimer espiritual" à "fossilização mental". Na edição deste ano, porém, Francisco usou um tom mais moderado do que seus críticos esperavam.

O Natal "é o momento em que cada um de nós deve ter a coragem (...) de se libertar das suas roupas e de sua posição, do reconhecimento social, de seu pedaço de glória do mundo e de assumir sua própria humildade", declarou Jorge Bergoglio aos cardeais e bispos reunidos na Sala de Bênçãos do Vaticano.

Em um discurso de 30 minutos, o papa, de 85 anos, lembrou que a Cúria (governo central da Igreja) "não é apenas um instrumento logístico e burocrático", mas "o primeiro órgão chamado a dar testemunho".

"A organização que devemos instalar não tem modelo de empresa, mas um modelo evangélico", acrescentou.

"Nós, membros da Cúria, devemos ser os primeiros a nos comprometermos com uma conversão à sobriedade", insistiu, após lançar um apelo para "se viver com transparência, sem favoritismos e sem clientelismo".

"Todos nós somos leprosos em busca de uma cura", disse Francisco.

"O orgulhoso, doente em seu pequeno mundo, não tem mais passado nem futuro, não tem raízes nem frutos. Vive com o gosto amargo da tristeza estéril", declarou ele, referindo-se às críticas ao modo de vida de alguns membros do clero.

Com os 13 novos cardeais anunciados pelo papa Francisco no domingo passado - que serão empossados no consistório marcado para 28 de novembro -, consolida-se na cúpula da Igreja Católica uma tríade que se torna marca deste pontificado: descentralização, rejuvenescimento e pluralidade.

Dentre os purpurados que assumem, nove são eleitores em um eventual conclave - ou seja, têm menos de 80 anos. As vozes da periferia seguem bem representadas. Torna-se cardeal o bispo Cornelius Sim, o único de Brunei, país muçulmano onde a evangelização cristã é proibida. Também recebem o barrete cardinalício o arcebispo Antoine Kambanda, sobrevivente do genocídio de Ruanda - praticamente toda a família morreu no massacre de 1994 - e o arcebispo filipino José Advincula.

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"Um cardeal viaja várias vezes em sua vida a Roma - pelo menos uma vez por ano. Ao nomear o bispo Cornelius Sim cardeal, administrador apostólico de uma diocese com apenas três padres em Brunei, uma monarquia muçulmana, o papa torna essa realidade ‘periférica’ da Igreja ainda mais presente no Vaticano", afirma ao Estado a vaticanista argentina Inés San Martín, diretora do escritório romano da Crux Catholic Media. Para ela, isso proporcionará ao Vaticano uma "experiência muito diferente" se comparada com a trazida pelos purpurados de um país onde católicos são maioria.

Americanos

Altamente simbólicas foram as indicações de dois arcebispos de grandes dioceses do continente americano. Ex-presidente da conferência episcopal dos Estados Unidos, o arcebispo de Washington, Wilton Gregory, será o primeiro negro americano cardeal - em um momento em que o país vive onde de protestos raciais (mais informações nesta página). Olhando para um Chile também tomado por manifestações e vandalização de igrejas, Francisco tornará purpurado o espanhol Celestino Aós Braco, arcebispo de Santiago.

Para o vaticanista italiano Andrea Gagliarducci, o nome de Braco "foi uma escolha quase óbvia", já que a Igreja chilena "passa por forte mudança após o escândalo de abusos" e "precisa de um cardeal, um guia". No caso do norte-americano, Gagliarducci acredita que "não é o fato de ele pertencer ao Black Lives Matter que conta, mas sim o desejo do papa de "mudar o perfil dos cardeais americanos". O vaticanista entende que o recado é que a Igreja busca, no episcopado dos Estados Unidos "não guerreiros culturais, mas construtores de pontes, mesmo em questões candentes como as de vida e gênero".

Europeus. Este é o primeiro papado em que os europeus não compõem a maioria do colégio cardinalício. Em 1903, no primeiro conclave do século 20, 98,4% dos cardeais eram originários da Europa. No entanto, essa cifra chegou a 42,9% no consistório do ano passado e cairá para 42,2% a partir do dia 28, considerando os cardeais eleitores. Quando o argentino Jorge Mario Bergoglio se tornou papa Francisco, em 2013, a Europa detinha 60,9% do colégio.

"A geopolítica de Francisco é pautada pelas periferias. Vemos isso nas suas viagens, nas pautas que defende e nas nomeações, tanto de cardeais quanto de bispos", comenta ao Estadão a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de História do Catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. "Foi a lugares que jamais tinham sido visitados por um papa ou onde os cristãos são minoria, como Mianmar, Bangladesh, Tailândia e Emirados Árabes. Escolhe cardeais de países que nunca sonharam em ter um."

"O papa Francisco pensa de forma poliédrica. Ou seja, várias facetas para compor o cenário multilateral da Igreja e do colégio de cardeais. Todos precisam ouvir a todos para realizar a sinfonia", afirma o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Junior, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Tornou-se comum no pontificado atual a nomeação de cardeais já com mais de 80 anos. É o caso de quatro dos nomes anunciados no último domingo. Francisco costuma fazer isso como forma de reconhecimento. "Em muitos casos, a trajetória pastoral da pessoa, bem como o povo sofrido que ela representa, pesam muito mais do que o currículo acadêmico na hora da escolha", diz Mirticeli.

Minoria da minoria, o primeiro afro-americano já é nome forte

Dentre os novos anunciados por Francisco para compor o cardinalato, as vozes baixas dos corredores do Vaticano já elegeram o norte-americano Wilton Daniel Gregory, arcebispo de Washington, como o nome mais forte. Aos 72 anos, o primeiro cardeal norte-americano negro da história sintetiza valores muito caros ao pontificado de Francisco. Ao mesmo tempo, ele está no centro de movimentos importantes do mundo contemporâneo.

"É uma mensagem muito clara não apenas no contexto do Black Lives Matter, mas em um momento em que o país norte-americano está profundamente dividido pelo racismo, polarização e radicalização do discurso público", afirma a vaticanista argentina Inés San Martín, diretora do escritório romano da Crux Catholic Media.

Nascido em Chicago, filho de pais divorciados, Gregory decidiu se tornar padre aos 11 anos, antes mesmo de ter se convertido ao catolicismo. Foi ordenado em 1973, doutorou-se em Liturgia Sagrada em Roma e tornou-se bispo em 1983. Ao longo de seu episcopado, ficou conhecido pela postura de acolhimento a católicos LGBT e pela defesa da importância de uma maior representatividade dos negros na Igreja dos Estados Unidos.

O religioso é enfático no discurso antiarmamentista. Em pelo menos duas ocasiões, criticou publicamente o presidente Donald Trump.

Em meio aos atuais movimentos antirracistas, sua voz se ergue em defesa dos negros norte-americanos. Entre 2001 e 2004, Gregory presidiu a conferência episcopal norte-americana (USCCB, na sigla em inglês). Nessa época, conduziu uma política de tolerância zero frente a casos de abusos sexuais do clero. Em 2019, quando a Arquidiocese de Washington estava no epicentro de escândalos sexuais, ele foi nomeado pelo papa Francisco para assumir o posto e recuperar a confiança dos fiéis. A partir daí, já se ventilava que Gregory estava cotado para receber o barrete cardinalício.

Pesquisadora de História do Catolicismo na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, a vaticanista Mirticeli Medeiros concorda que Francisco "só esperava o momento certo para fazê-lo" cardeal. "E o clamor popular, os protestos, o debate em torno do tema talvez o tenham motivado a lançar, de uma vez, essa nomeação", comenta ela.

"Parece ser uma pessoa moderada. Fala pouco mas, quando fala, fala forte", pontua o vaticanista Filipe Domingues, da Universidade Gregoriana de Roma. "Por ser um negro nos Estados Unidos, onde os negros católicos são a minoria da minoria, ele traz uma bagagem que não estava representada no colégio cardinalício."

Para o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Junior, da PUC de São Paulo, a nomeação de Gregory mostra que "a Igreja segue seu caminho sem submeter-se aos imperialismos ou decisões dos grandes detentores do poder mundial". Os cardeais, acrescenta, "são escolhidos sintonizados com o projeto de uma Igreja missionária e próxima dos povos". "São novos horizontes de sentido, um novo modo de ser bispo e ser cardeal."

Na lista, nenhum representante de Brasil e Amazônia

Havia uma expectativa de que o papa Francisco, atento às questões ambientais e na sequência do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia realizado no ano passado, fizesse cardeal algum bispo amazônico. Da lista dos 13 anunciados pelo pontífice, contudo, não consta nenhum novo nome brasileiro ou da região.

Com nove cardeais, o País segue bem representado no colégio cardinalício. Quatro deles ainda são eleitores: o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer; o do Rio, d. Orani João Tempesta; o de Salvador, d. Sérgio da Rocha; e o atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, d. João Braz de Aviz.

"Por que nenhum brasileiro?", indaga-se o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Junior, da PUC-SP, ao ver a lista dos novos indicados por Francisco. "Creio que algum bispo amazônico poderia ser nomeado em um próximo consistório…"

O papel de representante amazônico dentre os purpurados do Vaticano vem sendo cumprido por um amigo pessoal do papa Francisco, o cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e presidente da recém-criada Conferência Eclesial da Amazônia.

"Olhando para o atual colégio, o Brasil tem um número adequado de representantes", analisa o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O papa Francisco anunciou, neste domingo (25), que vai nomear 13 novos cardeais. Nove deles têm menos de 80 anos e serão elegíveis para entrar em um conclave para escolher o sucessor do papa após sua morte ou renúncia.

Os novos cardeais serão elevados ao alto escalão em uma cerimônia conhecida como consistório no Vaticano no dia 28 de novembro. Os nomes vêm de todo o mundo e aumentam a possibilidade de que o próximo papa seja uma pessoa que dará continuidade às políticas de Francisco. Recentemente o papa se tornou notícia por demostrar apoio à união civil entre pessoas do mesmo sexo.

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Entre os que têm menos de 80 anos está o arcebispo Wilton Gregory de Washington, D.C., que será o primeiro cardeal afro-americano. Os quatro com mais de 80 anos estão sendo elevados ao alto escalão por causa de seu longo serviço à Igreja. De acordo com as regras da Igreja Católica, eles não podem participar de um possível conclave.

Dois dos novos cardeais servem à Igreja na América Latina: o arcebispo de Santiago, Chile, Celestino Aós Braco, e Felipe Arizmendi Esquivel, arcebispo emérito de San Cristóbal de Las Casas, no México.

O papa fez o anúncio surpresa ao final do Angelus, oração dominical em que ele se dirige aos peregrinos de sua janela com vista para a Praça de São Pedro. Ainda não está claro se o aumento das restrições por causa da segunda onda de coronavírus na Itália pode interferir. na cerimônia.

Confira o nome dos 13 novos cardeais:

Dom Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos

Dom Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos

Dom Antoine Kambanda, arcebispo de Kigali, Ruanda

Dom Wilton Gregory, arcebispo de Washington

Dom José Advincula, arcebispo de Capiz, Filipinas

Dom Celestino Aós Braco, arcebispo de Santiago, Chile

Dom Cornelius Sim, bispo titular de Puzia di Numidia e vigário Apostólico de Brunei, Kuala Lumpur

Dom Augusto Paolo Lojudice, arcebispo de Siena-Colle Val d'Elsa-Montalcino

Frei Mauro Gambetti, franciscano conventual, guardião da Comunidade franciscana de Assis

Dom Felipe Arizmendi Esquivel, bispo emérito de San Cristóbal de las Casas, México

Dom Silvano M. Tomasi, arcebispo titular de Asolo, núncio apostólico

Frei Raniero Cantalamessa, capuchinho, pregador da Casa Pontifícia;

Mons. Enrico Feroci, pároco em Santa Maria do Divino Amore em Castel di Leva.

O Papa Francisco afastou de seu círculo de conselheiros mais próximos o cardeal George Pell, acusado na Austrália de agressões sexuais contra menores, e o chileno Francisco Javier Errázuriz, suspeito de ter escondido os atos de um padre pedófilo no Chile, anunciou o Vaticano.

Os dois altos líderes eclesiásticos fazem parte de um conselho de nove cardeais de todos os continentes, chamado C9, que aconselha o Papa Francisco sobre a reforma da administração da Santa Sé.

O papa Francisco receberá na quinta-feira os principais bispos americanos, indicou nesta terça (11) o porta-voz do Vaticano, em meio ao escândalo sobre os abusos sexuais cometidos por membros do clero, e depois das acusações contra o pontífice de ter protegido um cardeal americano.

O cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, vai participar do encontro no Vaticano, depois de ter dito no mês passado que queria se reunir com o papa após o escândalo.

Outros dois líderes da conferência também estarão presentes, assim como o arcebispo de Boston, Sean O'Malley, presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, detalhou o porta-voz Greg Burke.

No entanto, a questão da reunião não foi detalhada.

A publicação em meados de agosto de um volumoso relatório sobre os abusos cometidos na Pensilvânia (leste) por membros do clero, junto com a renúncia em julho do cardeal americano Theodore McCarrick, suspeito de praticar abusos sexuais contra seminaristas e sacerdotes, abalaram a Igreja Católica americana e revelaram profundas divisões entre bispos, alguns dos quais criticaram abertamente o papa.

Um arcebispo italiano, Carlo Maria Vigano, ex-embaixador da Santa Sé em Washington, acusou o papa Francisco de ter protegido o cardeal McCarrick.

O prelado italiano afirma que advertiu Francisco desde o início de seu pontificado, em 2013, sobre o comportamento desse cardeal americano.

Além disso, a publicação do espantoso relato sobre abusos na Pensilvânia, que envolve mais de 300 padres e cerca de 1.000 crianças, chocou o público.

A comissão contra a pedofilia, presidida pelo cardeal O'Malley e instituída pelo papa Francisco, afirmou no domingo que a luta contra o abuso de crianças deve ser "prioridade" da Igreja Católica.

Caso contrário, "todas as nossas atividades de evangelização, nossas obras de caridade e educação, ficarão ressentidas", advertiu.

Os cardeais dos Estados Unidos se defenderam nesta segunda-feira (27) das acusações de encobrimento de abusos sexuais que pesam sobre um antigo cardeal, reveladas por um bispo conservador que pediu a renúncia do Papa Francisco.

O cardeal Joseph Tobin, de Newark, manifestou sua "comoção, tristeza e consternação" com as acusações, e declarou que "não consegue entender que contribuam para alentar as vítimas de abuso sexual".

"Juntos com o Papa Francisco estamos confiantes em que a análise das acusações nos ajudará a estabelecer a verdade", declarou Tobin.

O arcebispo Carlo Maria Vigano, um ex-enviado do Vaticano aos Estados Unidos, disse no sábado que conversou em 2013 com o Papa Francisco sobre as acusações contra o cardeal americano Theodore McCarrick.

O cardeal Donald Wuerl de Washington - que também foi solicitado a renunciar por encobrir abusos quando era bispo de Pittsburgh - negou ter conhecimento das acusações de abusos contra seu predecessor.

"Durante todo o seu mandato como arcebispo de Washington ninguém se aproximou (de Wuerl) para lhe dizer: 'o cardeal McCarrick abusou de mim' ou fez qualquer outra denúncia similar", destaca um comunicado de sua arquidiocese.

O cardeal Daniel DiNardo, de Galveston-Houston, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, disse que as perguntas feitas por Vigano "merecem respostas que sejam conclusivas e baseadas na evidência".

DiNardo declarou que estava "ansioso" para conhecer o Papa "para obter seu apoio ao nosso plano de ação", o que facilitaria a denúncia de atos de abusos e má conduta por parte dos bispos e melhoraria os procedimentos para resolver as queixas contra os bispos.

Vigano, que foi núncio papal em Washington entre 2011 e 2016, afirmou que Francisco ignorou suas advertências sobre McCarrick e suspendeu sanções canônicas previamente impostas.

Em julho, o Papa aceitou a renúncia de McCarric, agora com 88 anos, que foi acusado de comportamento "gravemente imoral" com seminaristas e padres.

As denúncias de Vigano trouxeram especulações sobre a existência de uma campanha contra Francisco por parte da ala mais conservadora da Igreja.

Os Estados Unidos têm a quarta população católica do planeta, depois de Brasil, México e Filipinas.

O papa Francisco vai nomear de modo oficial nesta quinta-feira (28) 14 novos cardeais de todos os continentes, incluindo um iraquiano e um paquistanês que defendem os direitos dos católicos em países de maioria muçulmana e três latino-americanos.

Em caso de conclave, 11 deles (com menos de 80 anos) poderão participar na escolha de um novo papa. Francisco estabelece, aos poucos, um colégio cardinalício menos europeu, com integrantes comprometidos com a paz e a justiça social.

Entre os novos cardeais que serão nomeados durante um consistório na Basílica de São Pedro do Vaticano está Louis Raphael I Sako, de 69 anos, patriarca da Igreja Católica Caldeia (Iraque, que descreve sua eleição como um "pensamento do papa para os cristãos do Iraque".

"É nossa terra, estávamos aqui antes da chegada dos muçulmanos", afirmou o clérigo poliglota, que defende o diálogo e recorda que entre 400.000 e 500.000 cristãos vivem no país, contra 1,5 milhão antes da queda do regime de Saddam Hussein em 2003.

Joseph Coutts, arcebispo de Karachi, Paquistão, promove o diálogo entre cristãos e muçulmanos, e luta contra os abusos relacionados aos crimes de blasfêmia, em um país onde as igrejas estão sob proteção policial por culpa das ameaças dos grupos muçulmanos extremistas.

O arcebispo de Toamasina (Madagascar), Désiré Tsarahazana, é o único representante da África entre os novos cardeais.

"O povo sofre e precisa receber apoio", afirmou ao tomar conhecimento de sua nomeação.

Um dos três novos prelados da América Latina, o arcebispo jesuíta de Huancayo (Peru) Pedro Barreto, defende os povos da floresta amazônica e já recebeu ameaças por denunciar as condições de trabalho nas minas ilegais.

O pontífice também nomeará sete cardeais europeus nesta quinta-feira, incluindo o italiano Giuseppe Petrocchi, arcebispo de L'Aquila, cidade destruída por um violento terremoto há nove anos.

Três europeus são clérigos próximos ao papa e têm cargos no Vaticano: o jesuíta espanhol Luis Ladaria Ferrer, de 74 anos, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé desde julho do ano passado, o italiano Angelo Becciu, 70 anos, secretário de Assuntos Gerais do Estado, e o polonês Konrad Krajewski, 54 anos, capelão responsável pelas obras de caridade do pontífice.

O arcebispo de Osaka (Japão), Thomas Aquinas Manyo, será o único cardeal japonês no colégio. Outros nomeados serão o português Antonio dos Santos Marto, de Leiria-Fátima, e o italiano Angelo De Donatis, vigário da diocese de Roma.

O papa também selecionou três religiosos que não serão eleitores por sua idade: Sergio Obeso Rivera, arcebispo emérito de Xalapa (México), Toribio Ticona Porco, prelado emérito de Corocoro (Bolívia), e o padre missionário espanhol e autor de livros Aquilino Bocos Merino.

Após o consistório, 59 dos 125 cardeais eleitores terão sido designados diretamente pelo papa Francisco. O colégio cardinalício tem 226 prelados.

O papa Francisco anunciou neste domingo um consistório no dia 29 de junho durante o qual nomeará 14 novos cardeais, procedentes de países como Iraque, Paquistão, Madagascar ou Japão.

Em caso de conclave, 11 deles (com menos de 80 anos) poderão participar na escolha de um novo papa.

"Tenho a felicidade de anunciar que em 29 de junho acontecerá um consistório para a nomeação de 14 novos cardeais. Sua origem mostra a universalidade da Igreja", declarou o papa, pouco depois da tradicional oração de Pentecostes no palácio apostólico na praça de São Pedro.

Dezessete novos cardeais foram ordenados neste sábado (19) pelo papa Francisco, que progressivamente modela a sua imagem o colégio cardinalício, agora menos europeu e mais comprometido com a justiça social. O consistório (assembleia de cardeais) para um novo colégio cardinalício foi celebrado neste sábado na basílica de São Pedro.

Cada novo "príncipe da Igreja" se ajoelhou de forma ritual diante do pontífice para receber seu barrete púrpura, uma cobertura eclesiástica que se ajusta à cabeça e que tem forma quadrangular, assim como o anelo de cardeal.

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"Amem, façam o bem, abençoem e rezem", afirmou o papa, antes de lamentar que o "desconhecido ou o imigrante ou o refugiado" se transformem às vezes para nós em um "inimigo".

"Viemos de países distantes (...) com idiomas, cores e costumes diferentes (...) pensando de forma diferente e celebrando a fé com ritos diferentes. E nada disto nos converte em inimigos", declarou Francisco em uma homilia.

O novo colégio está integrado por 228 membros, que podem auxiliar o papa em sua atividade diária. Mas apenas 121 deles têm menos de 80 anos e podem participar no famoso conclave que elege um novo papa e que, potencialmente, podem suceder o argentino Francisco.

O pontífice, de 79 anos, que ordenou cardeais pela terceira vez desde sua eleição em 2013, nomeou pessoalmente mais de um terço dos cardeais eleitores.

Ao revelar os nomes dos escolhidos, o papa disse que a sua escolha reflete mais uma vez a "universalidade da Igreja", em oposição a uma tradição mais centrada no passado, na Europa, ou até mesmo na Itália.

De fato, 13 homens de todos os continentes se convertem neste sábado em cardeais eleitores: três europeus, três americanos, um mexicano, dois sul-americanos - incluindo o arcebispo de Brasília, Sérgio da Rocha -, dois africanos, um asiático e um da Oceania.

Quatro cardeais com mais de 80 anos - não eleitores portanto - têm um estatuto mais honorário.

- Um condenado à morte -

Todos eles são arcebispos ou bispos, com exceção de um simples padre albanês, Ernest Simoni, de 88 anos, perseguido durante a ditadura comunista do tirano Enver Hoxha. Condenado à morte por ter celebrado uma missão em memória do presidente americano John Kennedy, Simoni cumpriu 18 anos de trabalhos forçados, na prisão e em uma mina. Ao visitar a Albânia em 2014, Francisco ficou impressionado e emocionado com a história de vida deste resistente católico.

Outra opção original é a de um "núncio apostólico" (embaixador do papa) na Síria, país "mártir" e incessantemente presente nas orações de Francisco. O monsenhor Mario Zenari não aceitou abandonar o posto que ocupa há oito anos em Damasco, onde tenta dialogar com as diferentes partes do conflito.

Além disso, o monsenhor Dieudonné Nzapalainga, envolvido em uma plataforma inter-religiosa para a paz em seu devastado país, se tornou o primeiro cardeal da história da República Centro-Africana. Aos 49 anos, ele é o mais jovem dos novos cardeais.

- A 'periferia' do papa -

O pontífice argentino, que não gosta muito da palavra periferia, ordenou cardeais do Lesoto, Papua-Nova Guiné, Ilhas Maurício, Bangladesh e Malásia, países que têm pela primeira vez alguém em tal posto.

Outro fato de destaque é o de que o papa selecionou apenas um prelado da Cúria romana (governo do Vaticano). Trata-se no entanto de alguém novo: o americano nascido na Irlanda Kevin Farrell, que estava em Dallas e foi nomeado em agosto prefeito do novo "dicastério" (ministério) da laicidade, da família e da vida.

Outros dois americanos escolhidos, os arcebispos Blase Cupich de Chicago e Joseph Tobin de Indianápolis, são considerados prelados mais "progressistas" pela imprensa católica, com a defesa do espaço da mulher na Igreja e da imigração.

E outro eleito, o monsenhor Jozef De Kesel, arcebispo de Malinas-Bruxelas, já falou sobre a questão da manutenção do caráter obrigatório do celibato para os sacerdotes.

O novo conclave terá agora 45% de eleitores da Velha Europa (contra 52% quando o papa Francisco foi eleito em março de 2013), 14% da América do Norte, 12% da África, 12% da Ásia, 11% da América do Sul, 3% da América Central e 3% da Oceania.

A mudança reflete mais a presença majoritária de católicos no hemisfério sul do planeta, enquanto a Europa avança no processo de secularização.

Em entrevista ao maior jornal católico da Itália, o Avvenire, o papa Francisco disse que a carta que recebeu de cardeais conservadores questionando sua exortação "Amoris laetitia" (A alegria do amor, em tradução livre) não tira seu sono. A informação é da Agência Ansa.

"Quanto às opiniões, é preciso sempre distinguir o espírito com que elas são ditas. Quando não há um espírito bravo, elas também ajudam a caminhar. Outras vezes, você vê que as críticas dadas aqui e ali são para justificar uma posição já assumida, não são honestas. São feitas com um espírito bravo para fomentar a divisão", disse o pontífice.

Segundo o líder católico, os ataques à "Amoris laetitia" nascem de um certo legalismo que pode ser ideológico. "Alguns continuam a não compreender: ou é branco ou é preto, mesmo que esteja no fluxo da vida o discernimento. O Concílio disse isso, mas os historiadores dizem que um Concílio, para ser bem absorvido pelo corpo da Igreja, tem necessidade de um século. Bem, estamos na metade", ressaltou o papa lembrando o Concílio Vaticano II, realizado pela Igreja Católica entre os anos de 1962 e 1966.
 
Os comentários de Jorge Mario Bergoglio referem-se a uma carta enviada pelo cardeal Raymond Leo Burke, um dos mais conservadores do clero norte-americano e ferrenho defensor da interpretação rígida da doutrina católica, pelo cardeal Walter Brandmüller e pelos arcebispos eméritos Carlo Caffara e Joachim Meisner.

O documento foi enviado ao papa no dia 19 de setembro, mas Francisco não respondeu às "cinco dúvidas" sobre a exortação. Por isso, Burke decidiu tornar público o pedido de explicações nesta semana. Eles questionam situações que teriam sido contraditórios a outros textos católicos ou práticas seculares da Igreja na questão dos divorciados.

Com sua política de abertura, Bergoglio pediu que as igrejas pelo mundo não excluam os divorciados que estão em nova união porque eles "não estão excomungados", justificando que ninguém "deve ser punido para sempre". No entanto, Burke - que já se envolveu em diversas polêmicas com Francisco - diz que isso não está claro e que cada diocese tem uma prática diferente, o que vem fazendo com que a Igreja "perca muitos fiéis".

Jubileu da Misericórdia

O papa Francisco também foi questionado sobre a realização do Jubileu da Misericórdia, que já foi encerrado nas paróquias, mas terá uma celebração especial neste fim de semana. À pergunta se o evento foi planejado, o pontífice respondeu que não.

"Não fiz um plano. As coisas aconteceram. A Igreja é o Evangelho, não um caminho de ideias. Quem descobre que é muito amado, começa a sair da solidão, da separação que o leva a odiar os outros e a si mesmo. Espero que muitas pessoas tenham descoberto que são muito amadas por Jesus e se deixem abraçar por ele", disse o sucessor de Bento XVI.

Apesar de ser convocado, geralmente, a cada 25 anos, um Ano Santo pode ser chamado pelo pontífice quando ele achar necessário. Desta vez, foi uma maneira de chamar os fiéis para a Igreja e também marcar os 50 anos do Concílio Vaticano II.

Ecumenismo 

Sobre sua postura de unir os líderes religiosos de todas as crenças, o papa afirmou que está seguindo apenas um percurso já iniciado por outros sucessores de Pedro. "Vem de muito tempo, com passos dos meus antecessores. Este é o caminho da Igreja. Não sou eu. Não fiz nenhuma aceleração. Na medida em que andamos adiante, o caminho parece ser mais veloz", respondeu Bergoglio. Recentemente, ele foi o primeiro papa a ir aos eventos de celebração da Reforma Luterana, na Suécia. Além disso, recebe frequentemente líderes de muitas religiões no Vaticano.

Proselitismo 

O sucessor de Bento XVI também foi questionado sobre o atual momento da Igreja Católica e voltou a destacar sua condenação ao proselitismo (a tentativa de conversão para uma doutrina por meio de discursos). "A Igreja não é um time que busca torcedores. A Igreja nunca cresce no proselitismo, mas por atração. O proselitismo entre cristãos é, em si mesmo, um pecado grave e contradiz a dinâmica de como a gente se torna e permanece cristão", disse ao Avvenire.

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Um grupo de cardeais protestou junto ao Papa Francisco contra o projeto de abrir a primeira lanchonete da rede McDonald's a poucos metros da Praça de São Pedro, Vaticano, informou neste sábado (15) a imprensa italiana.

"É uma aberração que não respeita a tradição arquitetônica e urbanística do local, uma praça típica, com vista para as colunas da Praça de São Pedro", lamentou o cardeal italiano Elio Sgreccia em entrevista ao jornal "La Repubblica".

O religioso, que não reside no prédio onde a lanchonete deve ser aberta, falou em nome de sete cardeais que vivem na pequena praça, onde os prédios são de propriedade do Vaticano.

"Trata-se de uma oportunidade, a proposta que nos fizeram é boa economicamente", assinalou, por outro lado, Domenico Calcagno, presidente da Apsa, entidade da Santa Sé que administra os imóveis do Vaticano e aceitou alugar um espaço de mais de 500m² para a rede de fast-food.

Um dos cardeais escreveu uma carta de protesto ao Papa, pedindo que o mesmo intervenha no assunto. "Não se pode pensar só em negócios. Seria melhor usar esse espaço para ajudar os necessitados, para acolher os que sofrem, como o Papa ensina", assinala Sgreccia.

Apesar dos protestos, o representante da Apsa não voltou atrás. A batalha contra o gigante americano da fast-food divide os chamados "príncipes da Igreja", que temem que se proponha a peregrinos e turistas "comida que não oferece garantias à saúde do consumidor", disse Sgreccia, citando estudos médicos.

O grupo de religiosos também se preocupa com o impacto negativo do McDonald's na região, já abarrotada de turistas, restaurantes e vendedores.

O papa Francisco pediu neste domingo aos cardeais de todo o mundo que não se convertam em uma casta, advertindo que a Igreja deve se focar na reintegração dos marginalizados e esquecidos.

"O caminho da Igreja é o de não condenar ninguém para sempre e sim difundir a misericórdia de Deus a todos", afirmou o sumo pontífice durante a homilia pronunciada na Basílica de São Pedro.

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Francisco concelebrou a missa solene com cerca de 160 cardeais provenientes dos cinco continentes, entre eles os 20 que foram nomeados no sábado.

Francisco, que parecia um pouco cansado depois de uma semana intensa de reuniões com os cardeais para avaliar os avanços das reformas que promove, ilustrou com palavras claras os princípos de seu pontificado, inaugurado há dois anos.

"Jesus não tem medo de escândalos. Não tem medo de pessoas obtusas, que se escandalizam com qualquer abertura, com qualquer passo que não entre em seus esquemas, qualquer carícia que não corresponda a sua forma de pensar e sua pureza ritualista quer integrar os marginalizados, salvar os que estão fora do acampamento", afirmou.

O Papa falou de uma "encruzilhada" vivida pela Igreja hoje em dia, dividida por duas lógicas. "O medo de perder os salvados e o desejo de salvar os perdidos".

Francisco citou as resistências e hostilidades de que padeceram os dois fundadores da Igreja, São Pedro e São Paulo.

Aos novos cardeais, Francisco recordou a lógica de Jesus. "Este é o caminho da Igreja. Não apenas acolher e integrar, com o valor evangélico, aqueles que batem a sua porta. E sim sair e buscar, sem preconceitos e sem medos, os afastados, manifestando a eles gratuitamente aquilo que recebemos gratuitamente".

Francisco se dirigiu diretamente aos cardeais recém-nomeados, quase todos sacerdotes desconhecidos e que trabalham em cidades e regiões remotas dos cinco continentes.

"Vejam o Senhor em cada pessoa que sofre, que está desnuda, também aqueles que perderam a fé ou se declaram ateus, vejam o Senhor que está na prisão, que não têm trabalho, estão demitidos... Ao discriminado. Não descobrimos o Senhor se não acolhermos verdadeiramente o marginalizado", concluiu.

Na véspera, Francisco nomeou 20 novos cardeais procedentes dos cinco continentes, muitos deles bastante envolvidos com questões sociais, confirmando o desejo do pontífice de criar uma Igreja menos eurocentrista.

Os novos "príncipes da Igreja" receberam o barrete vermelho, assim como o título e o anel cardinalício das mãos do papa argentino e na presença do papa emérito Bento XVI, que usava uma batina branca, prerrogativa dos pontífices.

Assim como ocorreu há um ano, durante a cerimônia de investidura dos primeiros purpurados do pontificado de seu sucessor, Bento XVI estava na primeira fila.

Apesar da solenidade do ato e do lugar, Francisco lembrou aos novos cardeais que "o cardinalato não é uma distinção honorífica" "nem um acessório" ou condecoração" mas "um ponto de apoio e um eixo para a vida da comunidade".

Em seu breve discurso, o papa traçou o perfil do purpurado de seu pontificado: um religioso que conhece "a magnanimidade", que "ama o que é grande, sem descuidar do que é pequeno", que conhece "a benevolência", que vive "na caridade" e "descentrado de si mesmo", explicou.

"Quem está centrado em si mesmo busca inevitavelmente seu próprio interesse e acredita que isso é normal, quase um dever", alertou Francisco, que os convidou a deixar de lado, acima de tudo, qualquer injustiça.

"Nem mesmo a que poderia ser benéfica para ele ou para a Igreja", recalcou.

"Tampouco as dignidades eclesiásticas estamos imunes à tentação da inveja e o orgulho", agregou.

Pela segunda vez desde que foi eleito pontífice, em março de 2013 Francisco decidiu premiar com o título cardinalício representantes de países pobres e subdesenvolvidos. São 18 nações, seis das quais nunca haviam contado com um cardeal: Cabo Verde, Tonga, Mianmar, Moçambique, Nova Zelândia e Panamá, com José Luis Lacunza, bispo de David, o primeiro da história do país.

Quase todos os escolhidos são bispos humildes e simples, que dedicaram suas vidas aos imigrantes, aos pobres, ou trabalhando em cidades assoladas pela violência, pobreza e conflitos.

Dos quinze novos cardeais com direito a voto, apenas um trabalha na Cúria Romana (o prefeito da Assinatura Apostólica, tribunal para conflitos jurídicos), enquanto três vêm na Ásia, três da América Latina, dois da Oceania e mais dois da África.

A esses purpurados que trabalham em contato permanente com as pessoas, o papa argentino reconheceu que "não lhes faltam ocasiões para se enojarem", disse.

O papa Francisco anunciou neste domingo a nomeação, em 14 de fevereiro, de vinte novos cardeais, entre eles cinco latino-americanos e um espanhol.

Dos vinte nomeados, 15 têm menos de 80 anos, e poderão, por isso, eleger o pontífice em caso de novo conclave.

O papa deu a lista neste domingo na Praça São Pedro, no Vaticano. Nela estão: Alberto Suárez Inda, arcebispo de Morelia (México); Daniel Fernando Sturla Berhouet, arcebispo de Montevidéu (Uruguai); José Luis Lacunza Maestrojuán, bispo de David (Panamá); José de Jesús Pimiento Rodríguez, arcebispo emérito de Manizales (Colômbia); e Luis Héctor Villalba, arcebispo emérito de Tucumán (Argentina). Os dois últimos, por terem mais de 80 anos, não poderão participar de um futuro conclave.

Entre os nomeados há ainda sete europeus, cinco deles eleitores. Entre eles estão o espanhol Ricardo Blázquez, arcebispo de Valladolid, e o francês Dominique Mamberti, ex-ministro das Relações Exteriores da Santa Sé.

Completam a lista três nomeados da Ásia, três da África e dois da Oceania.

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