Homem diz ter agredido congolês e se entrega à Polícia
O suspeito disse que a intenção não era matar Moïse, "por isso não bateram na cabeça"
Um possível agressor que espancou o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 25 anos, na última semana, foi à 34ª Delegacia de Polícia (Bangu), nesta terça-feira (1º), e disse ser uma das pessoas que agrediu o congolês. O suspeito, sem a identidade revelada, afirmou que “teme pela vida” e que “não queria matar o homem, por isso não bateram na cabeça”. Ele também é um dos funcionários do Quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde Moïse trabalhava e foi assassinado.
Kabagambe tinha ido ao local que trabalhava como garçom, sem contrato, cobrar duas diárias ainda não pagas, quando foi amarrado e espancado até a morte.
“A gente não queria tirar a vida de ninguém, nada disso era porque ele era negro ou de outro País”, afirmou o suspeito ao SBT Rio.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito esteve na unidade na manhã desta terça-feira (1º), e já foi encaminhado para prestar depoimento pelos agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Acompanhado por duas irmãs e um advogado, a família do suspeito o pressionou para se entregar por temer pela sua integridade física. O caso segue em sigilo e ainda sem mandados de prisão expedidos até a publicação desta matéria.
De acordo com o homem que não foi identificado, Moïse tentou agredir um senhor dentro do quiosque e três homens tentaram evitar, iniciando uma sessão de espancamento. A versão, no entanto, é diferente do que a família do congolês conta após ter visto nas imagens de segurança a vítima cobrando o valor de duas diárias de trabalho e sendo atacado por cinco homens.
Segundo o suspeito, ele tentou se entregar à Polícia duas vezes desde a noite do acontecido, no dia 24 de janeiro, mas que o órgão “não aceita”. “Disseram que não tinha nada contra mim”. Ele também afirmou que a agressão foi feita por “impulso”. “Ninguém devia nada a ele. Foi um fato que, no impulso, a gente agiu. Vimos ele com a cadeira na mão e fomos tentar ajudar o senhor”, contou.
Em áudios divulgados pelo SBT, o homem afirma não ser racista, que Moïse estava embriagado e tentou agredir um senhor com uma cadeira do quiosque. O suspeito contou que iria dormir no quiosque e que as agressões aconteceram próximo do horário de fechamento.
“A gente se meteu e demos umas porradas nele. Só que o cara não resistiu. Estou falando a verdade, a gente não foi para matar ele, tanto que não batemos na cabeça. Não foi por querer, mas acabei tirando a vida de uma pessoa. A gente foi defender uma pessoa, entendeu? Acabou acontecendo essa fatalidade”, defendeu o suspeito.