Cinco questões sobre a Ucrânia
Com a crise de 2014, a economia ucraniana colapsou e o PIB caiu quase 7% para no ano seguinte despencar cerca de 10% e a inflação superou os 40%
A Ucrânia, alvo nesta quinta-feira (24) de uma intervenção militar da Rússia para defender os separatistas pró-russos do leste, foi palco de revoluções, anexações de território e guerras desde o fim da União Soviética, em 1991.
Confira cinco coisas a saber sobre este país de 40 milhões de habitantes, localizado às portas da União Europeia.
- Raízes comuns -
Os povos russo e ucraniano são unidos por um milênio de história, com raízes que remontam à Rus de Kiev - estado eslavo medieval com Kiev como capital, que ocupava partes das atuais Ucrânia e Rússia - e se prolongaram até a União Soviética, passando pelo Império czarista russo.
Depois da revolução bolchevique de 1917, a Ucrânia se tornou uma república soviética, mas a partir da sua independência, em 1991, aumentaram as tensões com a Rússia, que culminaram em 2014 com uma revolução pró-ocidental.
Naquele ano, a Rússia anexou a península da Crimeia (sul) e desde então, apoia os repedes separatistas no leste da Ucrânia em um conflito que deixou mais de 14.000 mortos.
Este ano, a Rússia concentrou dezenas de milhares de soldados nas fronteiras com a Ucrânia e o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu em 21 de fevereiro a independência das autodenominadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk e ordenou a mobilização de tropas nestas áreas.
A maioria dos ucranianos fala ucraniano e russo, embora atualmente uma política de "ucranização" exija que os veículos de comunicação publiquem em ucraniano e que a língua e a literatura russas desapareçam dos currículos escolares.
Para Kiev, trata-se de reverter a "russificação" forçada da Ucrânia durante a era sovié.
- Crise econômica -
Com a crise de 2014, a economia ucraniana colapsou e o PIB caiu quase 7% para no ano seguinte despencar cerca de 10% e a inflação superou os 40%.
A Ucrânia deu sinais de recuperação nos dois anos seguintes, mas continua sendo um dos países mais pobres da Europa, com um salário médio mensal de 550 euros.
O país depende dos impostos gerados pelo tráfego do gás russo para a Europa e por isso tem expressado sua preocupação com projetos de gasodutos que evitam seu território.
A isto se soma uma fuga de capitais e uma aceleração da inflação.
- Corrupção endêmica -
A corrupção na Ucrânia é endêmica: em seu relatório de 2021, a organização Transparência Internacional situou o país na posição 122 de 180. Isto representou uma melhora em relação a 2014 (142), mas o país está muito atrás dos vizinhos europeus.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, um ex-comediante de 44 anos, sem experiência política, chegou ao poder em 2019 com a promessa de adotar uma política de tolerância zero com a corrupção.
Mas sua luta nesta área estagnou, gerando críticas de países ocidentais e de doadores internacionais.
- Chernobyl -
O pior acidente nuclear da história ocorreu em 26 de abril de 1986 na Ucrânia - que então era uma das 15 repúblicas soviéticas -, quando um reator da usina nuclear de Chernobyl explodiu, contaminando até três quartos da Europa, especialmente na União Soviética.
Cerca de 350.000 pessoas tiveram que ser evacuadas de um perímetro de 30 km ao redor da usina, que continua sendo uma área proibida. O custo humano ainda é controverso atualmente.
Em anos recentes, o local onde ficava a usina se tornou um destino importante de turismo.
- Borsch -
Para muitos, o borsch, uma sopa de beterraba e repolho que costuma ser servida com creme fresco, é um símbolo da cozinha russa. No entanto, frequentemente se aceita que o prato tem origem ucraniana.
Um caso similar é o do frango a Kiev, cuja origem costuma ser alvo de disputa.