Aldeia indígena luta contra desocupação em Igarassu
Cerca de 60 famílias reivindicam as terras do povo Karaxuwanassu
A aldeia Marataro Kaeté, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, está ameaçada por um pedido de reintegração de posse da Prefeitura. Cerca de 60 famílias vivem na ocupação e reivindicam o território ancestral Karaxuwanassu.
Sem acesso à moradia, os indígenas buscam o direito sobre a terra e pedem acesso a serviços básicos, como saúde e escola para as crianças. Com a alimentação restrita, as famílias vêm sobrevivendo com o apoio de doações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Localizada na Estrada do Monjope, no espaço do antigo Polo Empresarial Ginetta, a aldeia Marataro Kaeté foi erguida no último dia 31. Três dias depois, a Prefeitura de Igarassu conseguiu uma liminar para a reintegração de posse do local.
A gestão explicou que o espaço havia sido desapropriado com recursos do Fundeb com o objetivo de ser usado para a construção de uma escola integral. O projeto é construir 13 salas de aula, quadra poliesportiva, laboratórios de informática e ciências, e um refeitório para a entrega de quatro refeições diárias aos futuros estudantes.
Em nota enviada à reportagem, a Prefeitura informou que a Guarda Municipal (GCM) foi à região e constatou que foram feitos danos no contador para interromper o fornecimento de energia e que o portão principal foi arrombado, com a substituição do cadeado. Uma equipe de manutenção elétrica foi ao local com o GCM para restabelecer a energia e religar o circuito de câmeras dos galpões.
A gestão disse estar comprometida com o acolhimento, mas informou que o município não dispõe dos recursos para atender às famílias, pois vem prestando assistência às pessoas prejudicadas pelas chuvas e ampara 239 venezuelanos.
A deputada estadual diplomada Dani Portela (PSOL) visitou a aldeia nessa segunda (10) e se posicionou em defesa dos indígenas. "Estamos do lado de todo o povo karaxuwanassu. Seguiremos acompanhando esse caso de perto", escreveu em seu perfil nas redes sociais.
No comunicado oficial, a gestão municipal afirmou que tem tratado do assunto com compromisso e respeito junto aos órgãos federais, estaduais e municipais para solucionar o problema, e que busca a desocupação voluntária para evitar os atritos que as ações de reintegração de posse costumam envolver.