Discussão por racismo teria motivado atentado em São Paulo

Menor apreendido teria chamado um colega de 'macaco' e jurado que o mataria

por Guilherme Gusmão seg, 27/03/2023 - 16:47
Reprodução/Governo de SP Entrada da escola onde ocorreu o atentado desta segunda Reprodução/Governo de SP

Momentos após o ataque na Escola Estadual Thomazia Montoro na manhã desta segunda-feira (27), em São Paulo, a direção da instituição e os policiais militares começaram a liberar aos poucos os estudantes. Alguns alunos já acompanhados de seus responsáveis relataram que na semana passada aconteceu uma briga envolvendo o autor das agressões, um outro estudante e a professora assassinada.

Em entrevista à TV Globo, Maria das Graças, mãe de um aluno que estuda na turma na qual ocorreu a tragédia, disse que as brigas no local são frequentes, e que pediu a direção da instituição de ensino medidas que diminuíssem os conflitos.

''Na sala dele, na semana passada, teve uma briga por racismo, um pulou em cima do outro. É muita briga nesse colégio. Falei que ter uma polícia lá e falavam que não podia fazer nada, tem que ser o Estado".

Um estudante identificado como Gabriel, de 13 anos, disse que estuda na mesma sala do autor do crime. Ele relata que há alguns dias, o adolescente xingou outro aluno de 'macaco', o que ocasionou uma briga entre os dois, na qual a professora assassinada no ataque desta segunda-feira foi responsável por ter apartado a briga. Logo após a confusão, o jovem autor do atentado jurou vingança.

Segundo Gabriel, o outro aluno da briga não compareceu na escola na manhã de hoje.

"Foi assim: chamou o menino de preto e macaco. O outro menino (vítima de racismo) não gostou e partiu para cima dele. A professora "Beth" separou. Aí hoje esse menino que chamou o outro de macaco veio com uma faca e esfaqueou várias vezes aqui e aqui (disse ele tocando na cabeça). Ele já falou que iria fazer isso, mas ninguém acreditava. Ele estava atrás de mim tentando me matar. Na hora, eu corri e me escondi ali atrás e fiquei cerca de uns 40 ou 60 minutos esperando a polícia chegar", disse.

Em entrevista coletiva, o Secretário Estadual de Educação de SP, Renato Feder, disse que a direção da escola sabia da briga e iria marcar uma reunião para conversar sobre o caso nesta segunda-feira (27).

A professora Elisabete Tenreiro, 71 anos, foi esfaqueada enquanto fazia a chamada da turma do oitavo ano do ensino fundamental. Ela não resistiu aos ferimentos e teve uma parada cardíaca, morrendo no Hospital Universitário da USP.

De acordo com a Polícia Militar, o agressor, um aluno do oitavo ano, que matou sua professora e feriu mais quatro pessoas, foi contido pelos policiais e levado para o 34° DP, onde o caso está sendo registrado.

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