Ovo de Páscoa caseiro é opção para consumidores
Apenas 10% optam pelo produto industrializado, indica pesquisa. Aumentos, em dois anos, chegam a 14,7%.
Os ovos de chocolate são símbolos da Páscoa e fazem parte da tradição de muitos consumidores. Porém, com relação aos preços, o produto industrializado está mais caro que no ano passado. Custava, em média, R$ 56,00 em 2021, e passou para R$ 65,00 em 2022, com aumento de 14,7%. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o chocolate aumentou 12% nos últimos doze meses e está acima da inflação dos alimentos e do índice geral de 4,5%.
Análise da FGV indica que nos dois últimos anos apenas 10% dos consumidores optaram pelo ovo de chocolate industrializado. Por causa disso, ocorre uma tendência para substituir os ovos por outras opções mais favoráveis ao bolso, como barras de chocolate e, principalmente, ovos de Páscoa caseiro.
Segundo o relatório trimestral Consumer Insights da empresa Kantar, no qual foi analisado o período entre 14 de março a 15 de maio de 2022, os ovos de chocolate artesanais já representam quase metade do volume consumido durante a Páscoa pelos brasileiros. O consumidor costuma comprar, em média, 500 gramas dos produzidos à mão e embalagens de 390 gramas dos industrializados.
A confeiteira Tamille Santos, moradora do município de Viseu, nordeste paraense, conta que houve um grande aumento na busca pelos ovos de Páscoa caseiros. "O agendamento para adquirir os produtos tem sido bem maior do que nos outros anos", afirmou. Ela trabalha há quatro anos com a venda de ovos artesanais e afirma que a época é o melhor período de vendas para os confeiteiros.
"Sempre prezo em oferecer um produto de qualidade aos meus clientes e procuro negociar produtos bons para oferecer valores acessíveis. Comecei a trabalhar com ovos de Páscoa em 2019. Mas, profissionalmente, trabalho desde 2021, pois foi neste período que comecei a ter base do investimento e do lucro que poderia obter, e usar o lucro para ampliar meu empreendimento", explicou Tamille.
A profissional de confeitaria disse que gastou mais na compra de materiais este ano do que na Páscoa passada e relata que a situação é em decorrência do aumento das barras de chocolate. "Em questão de outros materiais, comecei a comprar desde janeiro, para ter um desconto bom e economizar ao máximo", pontuou.
Na pré-Páscoa, quando é tirado produto para vender a pronta entrega, Tamille vende em torno de seis a oito ovos por dia. Por encomenda, ela vende entre três a cinco pedidos por dia para o feriado.
Tamille chegou a vender mais de 200 ovos de chocolate artesanais na Páscoa do ano passado e pretende alcançar uma nova meta este ano, dobrando o número de vendas. "Sempre tem uma tensão no início por conta dos possíveis preços, mas tento encaixar os valores para atender a demanda dos meus clientes e também tirar o meu lucro. Lembrando que a preparação da Páscoa sempre começa em janeiro, na pesquisa de valores de caixas, sacos e entre outros. Assim, conseguimos manter um preço mais acessível”, contou.
Por Vitória Reimão (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).