Morre PM que denunciou ter sofrido LGBTfobia em quartel

Através de uma carta enviada a um grupo de apoio as minorias, o policial afirmou ter sofrido discriminação e tortura por colegas da corporação devido a sua orientação sexual

por Guilherme Gusmão qui, 10/08/2023 - 17:57
Reprodução/Redes Sociais PM Carlos Bahia dos Santos Reprodução/Redes Sociais

Morreu, na manhã deta quinta-feira (10), o policial militar Carlos Bahia dos Santos, de 31 anos, que denunciou ter sido vítima de homofobia, humilhações e torturas por parte de alguns colegas de trabalho. O soldado estava internado em estado grave, desde a semana passada, em uma unidade hospitalar na cidade de Açailândia, no estado do Maranhão.

Na noite da última terça-feira (8), com a piora do quadro clínico do policial, a equipe médica do Hospital Municipal de Açailândia transferiu Carlos para o Hospital Carlos Macieira, na capital maranhense, onde acabou indo a óbito.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que a causa da morte de Carlos está sendo investigada pelo Serviço de Verificação de Óbitos do Instituto de Medicina Legal (IML). Já a Polícia Militar do Maranhão (PM-MA) disse que está apurando a conduta dos agentes denunciados por Carlos.

Ainda segundo as informações da PM, o procedimento administrativo segue em andamento. Além disso, reforçaram que a corporação "atua dentro dos princípios e normas delineados na Constituição Federal", sendo assim, pontua que qualquer caso de discriminação tem que ser "apurado com o devido rigor".

O Governo do Maranhão informou, em nota, que a PM já fez "uma troca de comando no Batalhão de Açailância'' e o novo chefe será o responsável será "o responsável pela condução do processo administrativo aberto" para apurar o suposto crime cometido pelos integrantes da corporação.

Denúncia

Através de uma carta enviada para a Rede Cidadania, organização que luta pelos direitos humanos e pela defesa das minorias, o agente do 26º Batalhão de Polícia Militar denunciou ter sofrido discriminação e tortura por colegas da corporação devido a sua orientação sexual. A denúncia foi feita em junho dete ano.

Em um episódio relatado ao grupo de apoio, o policial disse que alguns agentes foram até a sua residência para humilhá-lo, quando ele estava se arrumando para mais um dia de trabalho. Segundo o documento, os agressores arrastaram o PM para fora da casa, sendo que ele estava vestido apenas de toalha de banho. Além disso, revistaram os cômodos sem a permissão da vítima.

Carlos, que sofria de depressão, contou a situação para o comandante do BPM, porém as denúncias foram negligenciadas.

“Digo ao major Nunes, que depressão não é frescura. Digo também a ele que o seu pedido de perdão não deve ser direcionado a Deus, mas sim as suas vítimas. Fui esquecido pelos meus irmãos… Obrigado a todos os que me ajudaram e que nos últimos dias mandaram mensagens de conforto. Agora estarei junto aos que me amaram e também com aqueles que me amam”, escreveu.

O caso que foi denunciado como lesão corporal, abuso de autoridade e invasão de domicílio. A denúncia está sendo apurada pelo Ministério Público do Maranhão (MP) e pela Polícia Civil.

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