Suape recebe R$ 1,6 bi para instalação de novo terminal

Governadora Raquel Lyra esteve presente com o ministro Silvio Costa Filho para o anúncio do investimento

por Rachel Andrade seg, 16/10/2023 - 16:00
Miva Filho/Secom Construção do novo terminal deve ter início em 2024 Miva Filho/Secom

A governadora Raquel Lyra (PSDB) esteve, na manhã desta segunda-feira (16), no Complexo Industrial Portuário de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, município na Região Metropolitana do Recife, para a assinatura de autorização que viabiliza a construção de um novo terminal de contêineres no equipamento. O evento teve a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que participou da oficialização dos investimentos. 

A construção e instalação do novo terminal será feito pela empresa APM Terminals, subsidiária da dinamarquesa A.P Moller-Maersk, que adquiriu parte da área por meio de um leilão, realizado em 2022. Segundo o plano da APM Terminals, as obras terão início em 2024, com operação total prevista para 2026. 

Para a gestora do estado, as obras vão levantar o posicionamento de Pernambuco no mercado logístico. “Esse investimento garante mais competitividade para o Porto de Suape. A ampliação permitirá que Pernambuco se reposicione do ponto de vista logístico tanto para o Brasil quanto para o mundo. O novo terminal vai permitir que o Estado possa quintuplicar todos os containers, para que possa receber mais carga, ampliando a geração de novos negócios", afirmou Raquel Lyra. 

Governadora Raquel Lyra. Foto: Miva Filho/Secom 

O novo terminal vai ocupar uma área de cerca de 50 hectares, com uma capacidade de movimentar 400 mil TEUs (medida-padrão utilizada para calcular o volume de um contêiner), por ano. Em funcionamento pleno, a previsão é de circular até 1,3 milhão de TEUs anuais. 

“Esse novo terminal vai colocar Pernambuco no hub internacional, fazendo com que a gente possa ampliar as exportações do Estado e do Nordeste, para o Brasil. Essa iniciativa dialoga com o conjunto de intervenções que estão sendo feitas pelo governo federal, em parceria com o Governo do Estado”, afirmou o ministro Silvio Costa Filho. 

De acordo com o diretor-presidente da APM Terminals Suape, Aristides Russi Junior, o terminal será o primeiro com rede 100% elétrica na América Latina. Os equipamentos terão tecnologia e processos de ponta, como sistemas completos de gestão ambiental e de resíduos, tratamento e modelagem de águas para controlar os níveis de poluição. “Também terá rede 5G própria, que possibilitará transmitir informações em tempo real para os clientes, 24 horas por dia, sete dias por semana”, complementou. 

Obras levantam preocupação de sindicato 

Durante as obras, cerca de 500 empregos diretos devem ser gerados, além de outros 2 mil indiretos. Já quando estiver em funcionamento, o novo terminal vai manter 350 trabalhadores diretos e 1,4 mil indiretos, de acordo com informações da empresa. No entanto, a chegada das obras do empreendimento preocupa os trabalhadores do Sindicato dos Estivadores de Pernambuco (Sindestiva-PE), pela falta de diálogo e a indefinição de como será a contratação de mão de obra para o novo terminal. De acordo com a frente sindical, o contrato da operação não discrimina a obrigatoriedade da contratação de mão de obra avulsa para as operações portuárias por meio do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO). 

Segundo Josias Santiago, presidente do Sindestiva-PE, o anúncio trouxe incerteza para a categoria. “Esse deveria ser um momento de celebração para nós. Mas o sentimento é contrário. Precisamos de uma garantia em relação aos trabalhadores”, afirmou. Em nota, Santiago informou ainda que o sindicato conseguiu, por meio do Tribunal Superior do Trabalho (TST), uma decisão reconhecendo que, dentro ou fora da área de porto organizado, a mão de obra deve ser dos trabalhadores avulsos registrados no OGMO. A determinação do TST reafirma a Convenção 137 e a recomendação 145 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

Josias Santiago, presidente do SINDESTIVA/PE. Foto: Divulgação/Ascom 

“As pessoas escondem que o terminal da Maersk vai operar sem as obrigações do porto organizado, em ampla vantagem comercial com quem opera hoje, do pequeno ao grande. Nessa briga é o trabalhador que vai pagar a conta. Vamos ficar sem cargas de um lado e sem empregos do outro”, continuou Santiago. 

O Sindestiva-PE enviou uma nota de manifesto ao governo do estado no evento desta segunda-feira em Suape, e aguarda ser chamado para dialogar sobre a situação apresentada. 

 

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