Conheça a líder da oposição: Aline Mariano

“Às vezes, o grande pecado do parlamento é a subserviência"

sab, 27/10/2012 - 08:48
André Nogueira/LeiaJáImagens A líder da oposição em 2013, diz que espera que Geraldo traga bons resultados para à cidade André Nogueira/LeiaJáImagens

Mãe, esposa, mulher e vereadora por três mandatos - considerando o último que foi eleita no último dia 7 de outubro. Este é um breve perfil de Aline Mariano (PSDB), vereadora escolhida pela oposição como líder do governo no próximo ano. Aos 36 anos, ela demonstra segurança para assumir o cargo de opositora, apesar de estar ciente que enfrentará algumas dificuldades, como, por exemplo, a disparidade da quantidade de oponentes e governo na Câmara Municipal do Recife.

LeiaJá – Como foi a decisão de escolha para a liderança da oposição?

Aline Mariano - Foram muitas conversas e, dessas conversas, os membros da oposição perceberam que já vínhamos desenvolvendo um pouco esse trabalho, como líder do PSDB na Casa. Eu fui uma das principais atuantes da oposição contra o prefeito João da Costa (PT). Éramos na oposição oito, mas desses, quem exercia mais esse papel de cobranças, era eu e a líder da oposição hoje, Priscila Krause (DEM). Fazíamos muito essa parceria com um estilo muito parecido que é de cobrar, fiscalizar e monitorar, que é o papel de qualquer vereador.

LeiaJá - E como será sua atitude como líder da oposição?

Aline Mariano – Farei isso com um pouco mais de veemência, porque temos um estilo parecido (Aline e Priscila). Não que os outros membros da oposição não têm, mas contribuíam dentro de outro perfil, nas comissões, nas matérias que necessitam ser votadas. Porém, essa questão de tribuna é preciso ser feito pelo um líder.

LeiaJá – Quais foram suas principais atuações durante este mandato?

Aline Mariano - Trouxe muitos secretários à Casa que precisavam se explicar. Promovi quase 50 audiências públicas, entre essas, 24 sozinhas. E sempre trouxe secretários e a comunidade para que pudesse acompanhar e cobrar

LeiaJá – Como será o comportamento da oposição durante o mandato de quatro anos?

Aline Mariano - Tivemos o cuidado de colocar dentro do regimento o rodízio das lideranças, que eu acho muito importante. É preciso não só mudar a mesa, mas mudar também a liderança. No Congresso Nacional existe um rodízio quase que anual para os vereadores que tem uma experiência maior com a tribuna e dessa forma, dar espaço para que todos possam trabalhar e desenvolver o seu trabalho que sempre é diferente. É igual no aspecto de fazer as coisas combinadas com a bancada, mas sugerimos que houvesse um rodízio a cada biênio de maneira que os quatro possam ocupar a liderança, isso é muito importante na vida de um vereador.

LeiaJá – O que define um líder da oposição?

Aline Mariano - O bom líder escuta, é parceiro, tem uma pauta de linhas de atuações, de forma que tudo que eu fizer na frente da liderança, deverá ser combinado com os outros três membros.  A cada semana faremos uma reunião e acho que temos que continuar promovendo audiências públicas.

Inclusive, estou fazendo um relatório e vou apresentar dentro da comissão do ‘Pacto Pela Governabilidade’ (formado por sete vereadores) porque quando o governo tem mudanças, termina sem alcançar as metas pré-estabelecidas, então, fica para a próxima gestão.

LeiaJá – Qual a importância da oposição na Câmara de Vereadores?

Aline Mariano - Eu entendo que não existe democracia sem oposição. A oposição seja mais contundente, mais rigorosa, mas serena ou mais propositiva, mas tem que existir. Nesta Casa, a oposição representará mais de 30% do eleitorado que acreditava em um a outra forma.

LeiaJá - Como a oposição se comportará diante de um novo governo?

Aline Mariano - Não fazemos oposição a uma pessoa, fazemos a gestão. Eu espero que Geraldo possa trazer grandes resultados a essa cidade. Pedi inclusive, durante a reunião da oposição, que tivéssemos paciência com o início do governo e com Geraldo, porque sabemos que ele terá muitas dificuldades. O governo atual anunciava quase 5 bilhões de investimentos e isso caiu por terra. O que vemos são muitas obras não concluídas e um caixa não ’recheado’.

LeiaJá – Quais as principais cobranças do governo em 2013?

Aline Mariano - Existe um plano de governo e é desse plano que teremos como ponto de partida para cobrarmos. Não divergimos do plano ideológico ou socialista, temos parceria no País interior e acreditamos que possa dar certo, mas, fazemos questão de assumir esse papel de liderança para que haja um equilíbrio do poder e de forças. Vamos colaborar, fazer uma oposição propositiva, mas não vamos omitir o nosso papel de fiscalizar quando for preciso e que essa plano de governo seja realizado no tempo prometido.

LeiaJá - Quais as dificuldades que enfrentará?

Aline Mariano - A principal dificuldade é que vamos ter um número de membros infinitamente menor, com 14 partidos na frente, teremos um trabalho dobrado com apenas quatro vereadores da oposição.

A bancada governista é muito grande e eles não terão dificuldades nenhuma para aprovar as matérias. A oposição é essencial para mostrar o contraditório e levantar as bandeiras que todos nós desejamos. E nessas horas as disputas não existem, porque os desejos são iguais.

LeiaJá – Como é sua relação com o atual prefeito e como será com Geraldo?

Aline Mariano - João da Costa nunca me ligou durante esses quatro anos. Geraldo Julio me ligou e acredito que deve ter ligado para outros vereadores também. Isso é um gesto de muita cortesia. Então, às vezes o grande pecado do parlamento é a subserviência, é de você saber que você é a grande maioria e aprova o que quer e não discute. Às vezes, não temos a intenção de derrotar, mas temos a intenção de discutir a matéria e é bom quando o governo aprova as coisas que são discutidas antes. Essa relação de respeito tem que existir tanto do executivo ao legislativo, quanto vice-versa.

LeiaJá – Durante esses 12 anos que o PT esteve à frente da prefeitura, no seu ponto de vista ficaram muitas pendências na cidade?

Aline Mariano - Vejo a urgência de resolver pautas de 30 anos e não só de 12. Mas, em uma década daria para resolver muitas coisas. Vimos que o Recife perdeu espaço para muitas capitais do Nordeste. Não digo que o PT errou em tudo, mas essa margem que colocou Geraldo em primeiro e Daniel Coelho em segundo, tira o PT da disputa e demonstra que as pessoas disseram não a esse governo petista. A população quer de fato a mudança, e é nesse sentido que trabalharemos de forma incansável para o Recife melhorar.

LeiaJá – Como encarar a vida de mãe, esposa e vereadora?

Aline Mariano - É muito difícil! Eu descobri que estava grávida na minha eleição passada, e ai eu disse como é? Vou desistir? - disse não. Não tinha como voltar atrás. Senti um pouco mais quando tinha que deixar meu filho recém-nascido de manhã na casa da avó, logo depois de amamentar, mas os filhos vão se adaptando ao ritmo de vida que temos.

Para nós a jornada é tripla, cuidamos da família, do filho, da profissão e ainda somos cobrada em muitas coisas quanto mulher, não é fácil. Mas também não é fácil para a empregada lá de casa que deixa seus filhos com outras pessoas e vai cuidar de outras famílias. Quando acabou a eleição meu filho disse:  Mãe, graças a Deus acabou a competição! E me perguntou se iria trabalhar menos ou mais agora. Não tem jeito, acabamos trabalhando o mesmo. O ritmo diminui, mas o trabalho continua.

LeiaJá – Ser esposa do jornalista que trabalha diariamente com política, Magno Martins, não atrapalha sua atuação como vereadora?

Aline Mariano - A gente procura não misturar as coisas. No início de nossa relação os políticos cobravam muito das pancadas que ele dava independente de ser amigo ou não, e viam reclamar comigo: “Mas Aline, ele pegou pesado. E eu dizia: Fale com Magno”. Eu costumo separar as coisas e é por isso que tem dado certo. Aqui no meu gabinete ele só veio uma única vez, que foi na minha posse.

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