PSB X PT: aliados administrativamente e na política?

Muitos filiados ao PSB negam uma reaproximação com os petistas, já outros reforçam que na “política não existe o nunca”

por Élida Maria sex, 19/06/2015 - 05:43

As idas e vindas de ministros de Estados do governo Dilma Rousseff (PT) e do governador Paulo Câmara (PSB) a Pernambuco e a Brasília, respectivamente, deixa uma especulação no ar de uma possível reaproximação do PSB com o PT. Reafirmando uma postura de independência em relação ao Governo Federal a maioria dos socialistas negam uma retomada de aliança com os petistas, no entanto, há quem acredite que não há impossibilidades dentro da política. 

Para o deputado federal Tadeu Alencar (PSB), a relação institucional e a política são coisas divergentes. “Eu acho que são coisas distintas. O governo de Pernambuco tem de buscar junto com o ente da federação o apoio. A relação administrativa entre o governo do Estado e o Federal é uma relação de apoio para os seus projetos e para ações principalmente pela retração da economia porque você tem uma crise profunda no Estado brasileiro, e isso, configura um relacionamento saudável e produtivo”, avaliou. 

Justificando sua visão, Alencar reconheceu que a aproximação administrativa pode configurar outras unidades, mas deixou claro o posicionamento do partido. “Também contribui para outro tipo de relação: a partidária e a política, que é mais própria do partido, mas nossa posição é de independência e isso nunca nos impediu de apoiar o Governo Federal no que é bom para o país e que não sacrifica os trabalhadores nós apoiamos, e nos comportaremos desta forma. Nem vamos assumir um posicionamento radical do governo”, reforçou, desejando que a relação administrativa permaneça. “A gente espera que essa relação saudável continue porque do ponto de vista do Governo Federal, o momento como esse, não há como os Estados e o governo não se unir, porque há uma crise federativa e é um dever dos gestores se apoiarem duplamente para enfrentar. Isso não implica, necessariamente, uma reaproximação com uma base do governo”, completou. 

Seguindo o pensamento de Alencar, o deputado federal Fernando Filho (PSB) frisou a postura da legenda e também separou as questões administrativas. “Na verdade a gente tem uma relação de independência em relação ao Governo, mas não interfere na pauta administrativa. Eles têm interesse do governo e do Estado. Em algumas matérias votamos a favor e outras contras, mas não tem marcha batida de reaproximação, ou de fazer parte do governo isso não tem, nem foi deliberado nada disso, mas o diálogo e o despache isso tudo é natural”, analisou. 

Diferente dos demais socialistas consultados, o deputado estadual Aluísio Lessa (PSB) foi mais flexível com o assunto e até demonstrou uma possibilidade futura de aproximação. “Na política não existe o nunca. Existe o é possível, basta quando o interesse se aproxima”, cravou, contextualizando o cenário atual do país. “Num momento de fragilidade econômica que o Brasil atravessa isso já é um motivo de aproximação. O Governo Federal demonstra fragilidade nesta área. Há uma dificuldade em serem tocadas as obras que tinham sido pactuadas. O PAC é uma delas e em todos os setores: de estradas, de rodovias, ferrovias, aeroportos e para isso o Estado sinaliza um pacto de concessões para diversas áreas. Isso é um motivo que une, porque se não tem dinheiro federal, não há dinheiro estadual”, alegou.

Apesar de reconhecer possibilidades, Lessa observou os diálogos com os ministros como naturais. “A vinda nos Estados é uma vinda natural. Vários ministros já tiveram aqui de várias áreas. Isso naturalmente é feito ao longo dos tempos. A vinda de ministros ou as idas do governador aos ministérios mostra um sentimento de maturidade onde as pessoas devem se lembrar que ali tem uma população. São quase 9 milhões de pernambucanos onde a presidente Dilma teve uma média de 70% de votos. Então, é um momento também, de retribuição do governo e é hora dela sinalizar: não esqueci dos Estados, do Nordeste”, justificou. 

O parlamentar também deixou claro a falta de experiência política do governador Paulo Câmara, mas elogiou sua articulação para a vinda do Hub Latam. “O governador Paulo Câmara é um gestor público por excelência, mas está adquirindo maturidade política, já que ele não tinha projeto político e nunca teve. Ele não quer perder também a oportunidade de ir fazendo, e já mostrou uma certa habilidade de mostrar, articulando a vinda do Hub da Latam”, pontuou. 

Ainda sobre uma reaproximação com o PT, Lessa, diferente dos demais socialistas, não descartou as chances de alianças. “Tudo é possível na política, afinal de contas, uma eleição pode até atrapalhar por causa das conjecturas partidárias, mas agora é governo tudo mundo, e tem que cuidar o que cabe a cada um, e não perder o foco”, ressaltou.

O que diz o PT – Corroborando com os pensamentos de Alencar e de Fernando Filho, a deputada estadual e presidente do PT-PE, Teresa Leitão, não acredita numa retomada de aliança com o PSB. “Uma aproximação depois de uma ruptura que foi feita pelo PSB porque Eduardo Campos era candidato, não é uma coisa fácil. Eu acho que tem contexto, e a política é feita muito conjunturalmente. A base de sustentação de Dilma se fortaleceria, mas não dá para você repetir erros de alianças com outros partidos”, disparou. 

Para Leitão, há alas do PSB que desejam a unidade com o PT e outras não. “Você tem o PSB que quer e o PSB que não quer porque tem setores do PSB que, a não ser que seja jogando para a plateia, não querem. Não criticam só Dilma não, criticam, Dilma e o PT,  e criticam na mesma linha do ódio”, avaliou, relembrando algumas conversas tidas entre o ex-presidente Lula e o PSB e a avaliação do presidente nacional do PT, Rui Falcão. “Se Rui está tentando, se Lula está tentando, vamos ver no que isso dá. Pode ser que alguns deles queiram, pode ser até que queiram, mas não vejo isso como um comportamento geral não”, reforçou. 

Questionada sobre a recorrente vinda de ministros a Pernambuco e o diálogo aberto com Câmara, a petista lembrou que nenhum dos que conversaram com o governador são do PT. “Só na questão institucional, até porque nenhum dos ministros que vieram aqui são do PT. Todos os que vieram são de partidos que são base aliada dele, porque aqui é muito ambíguo: é lá e lô. Apoiam Dilma e apoiam ele. Mas vamos ver quando é o que o do PT vem, e como vem”, deixou no ar a deputada. 

 

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