Dilma garante 'enérgica oposição' contra Michel Temer

Agora ex-presidente, a petista disse que "permanecerá na luta", reforçou não ter cometido crime e que não diria "adeus" a população brasileira

por Giselly Santos qua, 31/08/2016 - 16:13
EVARISTO SA/AFP Com um semblante firme, a petista disse que este é o ''segundo golpe de estado que enfrento na vida'' EVARISTO SA/AFP

Condenada pelo Senado à destituição do mandato, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) fez o primeiro pronunciamento na tarde desta quarta-feira (31). Com palavras duras, a petista disse que “permanecerá na luta” e prometeu que o agora presidente da República, Michel Temer (PMDB), terá “a mais determinada e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”. 

Segundo Dilma, um grupo de “políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça” assume o comando do país a partir de uma fraude que golpeia não apenas a ela, mas a população brasileira. “Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment. Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática... O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”, salientou.

Com um semblante firme, a petista disse que este é o “segundo golpe de estado que enfrento na vida”, referindo a ditadura militar em 1964 e ao que tem chamado de “golpe parlamentar”, sob a ótica dela, “desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica”. 

“O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social”, disparou.

Apesar de deixar o poder, Dilma Rousseff disse que “a descrença e a mágoa são péssimas conselheiras” no momento de tristeza, mas pediu aos aliados e militantes que defendem as causas progressistas que “não desistam da luta”.

“Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados... Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano”, projetou. “Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia”, acrescentou.

Mesmo condenada por crime de responsabilidade, a ex-presidente foi incisiva ao pontuar que não cometeu atos ilícitos. “Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil”, cravou. 

Para Dilma, as futuras gerações vão saber que a primeira mulher eleita presidente foi vítima do machismo. “Não direi adeus a vocês, tenho certeza que posso dizer até daqui a pouco. Lutarei incansavelmente para continuar a construir um Brasil melhor. Outras e outros assumirão o papel que está baseado na escolha direta dos governantes pelo povo”, concluiu. 

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