Professor Maneschy tem plano contra o caos na saúde

Ex-reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), candidato do PMDB quer levar sua experiência de gestão para a prefeitura de Belém

qua, 28/09/2016 - 10:44
Divulgação Professor Maneschy: "Não entrei na política para fazer a coisa errada" Divulgação

Aos 61 anos, o ex-reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Carlos Maneschy se lançou ao desafio de disputar a prefeitura de Belém. Doutor em Engenharia Mecânica, Maneschy pretende levar para a gestão do município sua experiência como administratdor do terceiro maior orçamento do Estado, a universidade, como costuma falar em campanha. Embora filiado a um partido tradicional, o PMDB, que tem como lideranças no Pará o senador Jader Barbalho e o ex-ministro Helder Barbalho, Maneschy se apresenta como "novidade", mas com experiência de mais de 30 anos de vida pública. A seguir, veja a entrevista do candidato, a segunda da série com os concorrentes à prefeitura de Belém.

* Qual a sua proposta para evitar os “recorrentes caos” no sistema de saúde do município? Pois em sua campanha, você fala que não irá aceitar grávida, idosos e crianças sem atendimento.

Chamamos nosso programa para essa área de “Saúde tem pressa”, porque não temos mais como admitir esse caos. Para a urgência e emergência, vamos colocar em funcionamento as unidades 24 horas, já que saúde também não tem hora. Vamos construir o pronto-socorro do Bengui, e escolhemos aquela área por ser a de maior expansão da cidade, abrangendo bairros como Tapanã, Pratinha, Cabanagem e Parque Verde, onde vivem mais de 600 mil pessoas, que significa quase metade da população de Belém. Em relação às grávidas, crianças e idosos, a melhora na gestão das unidades básicas, inclusive com sistema informatizado, e a requalificação de quadros dos profissionais vão garantir que as grávidas realizem todas as consultas previstas do pré-natal, o funcionamento do programa de atenção ao idoso e de atendimento à criança.

* Em sua propaganda política, você fala em chamar a Força Nacional para Belém. Essa medida será permanente ou pretende fazer uma “reforma” na segurança pública municipal?

Eu gostaria primeiro de esclarecer que, por se tratar de segurança ostensiva, que é competência do Estado, eu tenho sempre dito que vou pedir a parceria do governo do Estado para trazer a Força Nacional para Belém. Algumas cidades em situação crítica fizeram isso, e seria uma medida temporária até que de fato se possa reestruturar o lado municipal que dá apoio à segurança, colocando a Guarda Municipal nas ruas de Belém, com 500 homens em ronda, sendo 200 motorizados, iluminando e pavimentando as áreas críticas para que os veículos da segurança possam ter acesso.

* A população clama por uma melhoria no transporte público. Como você resolveria isso?

A resolução do transporte não é imediata, mas é possível. Primeiro com a conclusão das obras do BRT que estão em ritmo muito lento, ampliando o projeto até o Centro. Além disso, é preciso reorganizar as linhas alimentadoras para que a integração do transporte, tão comuns em outras capitais, sejam de fato implementadas em Belém.

* Sobre o BRT, imagino que você pretende concluir a obra. Mas pretende mudar o projeto?

Como dissemos, vamos sim concluir, pela importância e por se tratar de recursos públicos parados com uma obra que está extremamente lenta. O projeto atual sozinho não atende as necessidades de desafogar o trânsito, por isso vamos elaborar o projeto executivo e captar recursos para ampliar um braço do BRT via Independência e Pedro Álvares Cabral para chegar até o Centro. Além disso, reorganizar as linhas alimentadoras para que as estações de fato possam ser integradas e os trabalhadores paguem um preço justo para realizar grandes percursos que exijam a troca de ônibus em vários trechos.

* Você administrou a UFPA, a qual possui a terceiro maior orçamento do Estado, conforme você fala em sua campanha. Um orçamento de uma cidade como Belém certamente é maior. Em quatro anos, como você pretende investir?

Belém tem muitas questões sérias a serem resolvidas na saúde, mas também queremos investir em obras na educação e transportes. Além disso, a UFPA me deu uma grande experiência em captação, em trazer recursos externos com bons projetos, e isso pretendemos colocar a serviço de Belém.

* Para a educação, você quer implantar o projeto CEUs em Belém. Como esse projeto pode melhorar a educação na nossa cidade?

Vai melhorar muito, porque melhora um processo que envolve a famíia e a comunidade. Os dois primeiros serão em área muito carentes, um no Jurunas e um no distrito de Icoaraci. Os CEUs são escolas de qualidade com três refeições por dia, piscina, teatro e quadras de esporte, que vão manter os estudantes com uma jornada de atividades em tempo integral, e aos finais de semana vão atender às famílias e à comunidade com seus espaços de lazer. É uma experiência que já deu certo em outras cidades e também vai dar certo em Belém.

* Belém é uma cidade linda e deveria ser mais limpa também. Você pretende mudar esse cenário de muito lixo pelas ruas? Se a população colaborar por uma cidade mais limpa, as pessoas poderiam ter isenção em alguma taxa pública? Multa para quem jogar lixo na rua?

Eu acredito que não jogar lixo nas ruas é uma questão de educação, de amor pela cidade, e isso não deve depender de taxas públicas. Esse tipo de recurso deve ser investido em campanhas educativas, manutenção de lixeiras, porque também é verdade que muitas vezes as pessoas não querem jogar o lixo na via pública, mas, ou não encontram lixeiras, ou encontram em situação precária. Queremos investir nesses equipamentos, na regularidade da coleta e na fiscalização para minimizar o derrame de lixo nas ruas.   

* O saneamento básico é uma questão pertinente em alguns bairros de Belém. O que você irá fazer em relação a isso?

Queremos começar pelas áreas mais críticas, as de maior expansão em Belém, com a macrodrenagem de algumas bacias estratégicas, como as do Pararcuri e canal do igarapé Mata-Fome. Mas saneamento é também tratamento de água e esgoto, que em Belém, na  segunda do década do século XXI, ainda tem coberturas precárias. Vamos implantar microssistemas de água que não dependam da Cosanpa e ampliar o tratamento de esgoto sanitário.

* Belém é uma cidade rica em cultura e com um potencial turístico muito grande. Você possui um projeto para essa questão?

Sim, tanto acredito que temos que recuperar nosso patrimônio histórico quanto pretendo investir nas ilhas, especialmente Mosqueiro, que tem uma estrutura para gerar emprego e renda com o turismo, só precisa de incentivos, como a recuperação e reconstrução das orlas, e tenho um projeto que deu certo na UFPA e está em fase final, usando tecnologia dos nossos engenheiros e recursos em parceria com o governo federal.

* No seu mandato, zero corrupção? Estará atento?

Estarei atento, como estive na UFPA e como estive na Fadesp. Tenho uma história de vida, uma biografia, tenho 61 anos e não entrei na política com essa idade para fazer a coisa errada.

* Em relação à homofobia, você irá debater e implantar políticas em relação a isso em seu mandato?

Eu sempre digo que uma das virtudes que precisam ser cultivadas e ampliadas em nosso tempo é a tolerância. Aceitar o outro é muito importante para as relações pessoais e para uma sociedade mais justa. E eu tenho essa virtude em minha história de vida e na minha história profissional. Minha gestão na UFPA foi a que mais incluiu: negros, quilombolas, pessoas com deficiência. Tenho desprezo por atitudes intolerantes, racistas e homofóbicas, e penso que essa questão, em especial, precisa de atenção e políticas públicas de respeito, como ampliação da identidade social para pessoas transexuais, melhora das políticas de saúde, educação e geração de renda para a comunidade LGBT.

Por Vitor Castelo e Yasmin Costa.

 

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