Presidente da CUT: “O Recife vai parar de canto a canto”

Em entrevista ao Portal LeiaJá, o Carlos Veras falou sobre o Dia Nacional de Greve no Brasil, marcado para a próxima sexta (11)

por Taciana Carvalho qua, 09/11/2016 - 17:56
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

O presidente da Central Única de Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), Carlos Veras, concedeu entrevista ao Portal LeiaJá, na tarde desta quarta-feira (9). Ele falou sobre a articulação nacional da Central junto aos sindicatos, movimentos e trabalhadores para o Dia Nacional de Greve marcada para a próxima sexta-feira (11). Veras alertou: “O Recife vai parar de canto a canto e Pernambuco também”, disse. 

Carlos Veras explicou que a mobilização não terá um local específico para concentração, mas as categorias realizarão atos isolados com o objetivo de protestar contra o governo Temer e as medidas que estão sendo tomadas. “Todas as categorias, todos os ramos e sindicatos estarão aderindo à greve. Haverá vários atos em todos os locais do Recife”, explicou. 

“Essa é a luta em defesa dos direitos dos trabalhares. A PEC 55, por exemplo, propõe congelar os direitos durante vinte anos. Congela investimentos na saúde e educação. Como congelar esses investimentos se falta médicos e remédios? Como congelas investimentos nas políticas públicas? Serão vinte anos aumentando a falta de atendimento à sociedade. O que é preciso é aumentar os investimentos para aumentar a qualidade em todas as áreas. O governo de Temer está indo na contramão”, criticou Veras.

O presidente da CUT-PE comparou a Proposta ao primeiro decreto instituído durante a Ditadura Militar – o Ato Institucional Número 1 (AI-1). “Há muitas semelhanças. Na época, também queriam congelar os investimentos e nós sempre alertamos que o ataque central da PEC 55 é à Constituição e aos direitos da classe trabalhadora. Um ataque grotesco. Uma tentativa de privatizar a saúde, a educação pública e de reduzir o papel de todos nós. Por isso, teremos esta grande greve e daremos sequência a outras durante o mês de novembro”.

Veras também destacou que a Central é solidária às ocupações estudantis que estão acontecendo em vários estados do país. Nessa terça (8), o senador Humberto Costa chegou a declarar que esse é o maior protesto estudantil, que acontece no Brasil, desde a Ditadura Militar. “Nós estamos solidários à luta dos estudantes e professores que já estão em greve e ocupando universidades e também somos solidários aos movimentos sociais e dos sem Terra, que estão querendo criminalizar. Somos solidários a todos que lutam em melhoria na condição de vida”.

Ferramenta de luta

Em relação aos que são contra a parte da população que é contrária à greve, ele diz que as paralisações sempre foram ferramentas de luta. “É normal a tentativa de manipulação, por meio da grande mídia, contra as greves, mas, caso não fossem as greves, não haveria hoje um reajuste do salário mínimo acima da inflação e não teria uma educação pública ainda que presta um serviço. Estaria tudo privatizado, teria apenas para pouco, para quem tem dinheiro. A greve é uma ferramenta de luta e, quando conseguimos conquistas, são para todos. Tentam colocar na cabeça da população que é algo ruim, mas, infelizmente, é o que cabe no momento. A culpa não é nossa. É do golpista Michel Temer e do Congresso Nacional, que continua com regalias, fazendo despesas e os trabalhadores pagando a conta. Eles atacam a parta mais frágil, aos que possuem renda menor”, finalizou.

O Dia Nacional de Greve foi convocada pela CUT e demais centrais sindicais com apoio de movimentos sociais que compõem as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e várias entidades da sociedade civil que têm se posicionado contra a retirada de direitos. 

Confira as principais reivindicações divulgadas pela CUT:

- Contra a Reforma da Previdência – que aumenta a idade mínima da aposentadoria para 65 anos, para mulheres e homens, penalizando especialmente quem começou a trabalhar cedo e os jovens que ainda não entraram no mercado de trabalho;

- Contra a PEC 55 (PEC 241) – projeto que tramita no Senado e que congela por 20 anos os investimentos em serviços públicos essenciais à população, como Saúde e Educação;

- Contra a Reforma Trabalhista – que retirar direitos como FGTS, Férias, 13º, licença-maternidade e paternidade, auxílio-creche e outras garantias, além de aumentar as terceirizações permitindo a contratação com salários mais baixos, condições precárias de trabalho, e sem nenhum direito trabalhista!

- Contra a entrega do Petróleo do Pré-Sal a empresas estrangeiras - o Pré-Sal é do povo brasileiro e seus recursos devem ser investidos em benefício da população, como saúde e educação! Não podemos permitir que esta riqueza seja entregue aos estrangeiros!

- Em defesa da Educação – pública, universal e de qualidade. Não à reforma do Ensino Médio!

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