Marielle: testemunhas encontradas por jornal serão ouvidas

A determinação foi do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, em discurso durante a cerimônia de reabertura do Centro de Hotelaria Rinaldo Delamare, na Rocinha, nesta quarta (4)

por Mellyna Reis qua, 04/04/2018 - 18:45
Mauro Vieira/MDS Ministro discursa em evento na Rocinha e determina que testemunhas sejam ouvidas Mauro Vieira/MDS

Em passagem pelo Rio de Janeiro nesta quarta-feira (4), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, ordenou que a Polícia Civil do Rio de Janeiro faça a tomada de depoimentos de duas testemunhas do assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, localizadas pelo jornal O Globo. 

A determinação foi anunciada na cerimônia de reabertura do Centro de Hotelaria Rinaldo Delamare, na Rocinha, na Zona Sul do Rio. O evento realizado pelo Sesc-Senac também contou com a presença do interventor, general Walter Braga Netto, que saiu sem falar com a imprensa. 

Segundo o jornal O Globo, as testemunhas não foram procuradas pela polícia para prestar depoimento e, no dia do crime, teriam sido afastadas do local por policiais militares. Ainda de acordo com o Globo, as duas testemunhas não se conhecem, foram entrevistadas separadamente e deram versões idênticas sobre a execução das vítimas.     

O ministro ainda elogiou o trabalho da Polícia Civil e do delegado Rivaldo Barbosa, com quem Marielle já tinha trabalho devido às denúncias que recebia na Comissão de Direitos Humanos da Alerj. "Eu acredito que [o trabalho] está na mão de um profissional extremamente responsável, com a melhor equipe que se poderia dispor", ratificou Jungmann, assegurando que as investigações estão avançadas.     

A Divisão de Homicídios, que está à frente do caso, ouviu nesta quarta os vereadores Renato Cinco e Babá, ambos do PSOL. Babá era o primeiro suplente de Marielle e assumiu o mandato na Câmara no último dia 26.

Na terça-feira (3), uma decisão liminar do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) determinou que a investigação do caso continue sob âmbito estadual. A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia sugerido a federalização das investigações do crime, no entanto, o conselho decidiu em favor do Ministério Público do Rio (MPRJ) para garantir o que chamou de "integral autonomia do órgão". 

Ainda segundo o MPRJ, o deslocamento da competência "só poderia ser deliberado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio da via processual apropriada e observada a garantia constitucional do devido processo legal", justificou. Até o momento, a Divisão de Homicídios não revelou suspeitos e segue mantendo as investigações sob sigilo.  

Fake News

O Facebook foi notificado sobre a determinação da Justiça do Rio para que sejam retiradas publicações com conteúdos falsos, as chamadas 'fake news', sobre a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. A partir de agora, a rede social terá o prazo de 24h para cumprir decisão do juiz Jorge Jansen Counago Novelle, da 15ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). 

O pedido atende à ação impetrada pela irmã e pela viúva de Marielle, Anielle Silva e Mônica Benício, respectivamente. Na decisão, o magistrado ainda ordenou que o Facebook utilize todas as ferramentas disponíveis para barrar publicações ofensivas à memória da parlamentar.

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