O que pensam os presidenciáveis sobre a saúde pública?

Bolsonaro, como exemplo, propõe cuidar de cáries para evitar o nascimento de bebês prematuros

por Taciana Carvalho qui, 05/07/2018 - 16:44

Polêmicas envolvendo os pré-candidatos a presidente do Brasil são recorrentes. No entanto, faltando um pouco mais de três meses para escolher quem irá comandar o país, os brasileiros pouco sabem das propostas dos presidenciáveis, nem mesmo em uma área que urge por melhorias: a saúde pública. Quais os projetos para diminuir as filas e o atendimento nos hospitais públicos? Quais as ideias para disponibilizar uma saúde pública eficiente?

O pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) causou ao falar sobre o tema. Durante uma entrevista, ao ser questionado quais eram as propostas para a saúde, Bolsonaro deu uma resposta confusa citando cáries. “Por exemplo, uma criança que nasceu precocemente tem um gasto altíssimo na UTI neonatal. E por que temos muito prematuro no Brasil? A primeira questão, segundo diz os médicos, é uma questão de cárie. Então, quando se for fazer o pré-natal, a ideia é já mandar para um dentista. Você economizaria muito no tocante a isso”, respondeu.

O deputado federal também falou sobre a importância de uma “gestão clínica” e ainda ressaltou que é preciso acabar com a corrupção dentro dos ministérios, em especial o da Saúde. “Pretendo, caso chegue lá, colocar um gestor na saúde preocupado com a questão e não atender grupos políticos que, por ventura, venham querer lotear o ministério”. 

Por sua vez, na semana passada, o presidenciável Guilherme Boulos (Psol) também gerou polêmica ao afirmar que o Sistema Único de Saúde (SUS) é um “excelente modelo” e que garantiu saúde pública no Brasil. Segundo ele, o problema é que o SUS é subfinanciado. “Recebe muito menos do que deveria receber para ter um funcionamento adequado. Faltam recursos e, por isso, sobram filas. O problema não é o SUS e, sim, o financiamento”. 

Boulos destacou que a saúde tem que ser tratada como um direito e não como uma mercadoria e privilégio dos que podem pagar. O líder do Movimento Dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) também quer focar em um trabalho preventivo e de investimento em saneamento básico. Segundo ele, 45% das famílias brasileiras ainda não tem acesso a saneamento básico adequado. 

Com uma opinião parecida com a do psolista, Manuela D’Ávila, pré-candidata pelo PCdoB, pontuou que a criação do SUS foi “um grande avanço” reduzindo fortemente a mortalidade infantil e drasticamente doenças como a tuberculose. Ela também elogiou os governos Dilma e Lula destacando a importância da criação das UPAs, farmácias populares e do Programa Mais Médicos. 

Entre as propostas de Manuela, a atenção à educação básica será primordial. Pretende, caso ganhe a eleição, expandir programas como o Mais Médicos e implementar o Programa Mais Especialistas, que terá como objetivo garantir que as pessoas se desloquem o mínimo possível para serem atendidos, como também quer ampliar postos de saúde e a rede de unidade de pronto atendimento e das UPAs. 

D’Ávila disse que vai fazer uso da tecnologia para agilizar a saúde publica. “Melhorar a saúde é um dos desafios que será prioritário no projeto para fazer um Brasil com menos desigualdades e mais oportunidades para todos e todas. A crise no sistema de saúde publica penaliza os trabalhadores  e a população mais empobrecida com as filas indignas nos postos de saúde e com a espera pelas consultas especializadas”, criticou.  

Para Ciro Gomes (PDT), em primeiro lugar, é necessário revogar a emenda constitucional 95 do teto dos gastos. “Hoje o Brasil está proibido de expandir gasto com saúde, educação e saúde pelos próximos 20 anos. Nós temos cerca de dois milhões de nascimento por ano, só isso já mostra a insustentabilidade dessa selvageria. Qualquer mudança deve partir da revogação da emenda 95”, acredita. 

Ciro pretende criar a “indústria da saúde”. “Para que a gente possa gastar o dinheiro gerando emprego no Brasil e não nos Estados Unidos e na Europa”, contou. O pedetista, se for presidente, vai criar policlínicas em consórcios com os municípios e os estados para exames especializados. 

A ex-senadora Marina Silva (Rede) garantiu que vai “governar com os melhores” para trazer melhorias para a área da saúde. “Fazer com que o país volte a crescer e fechar o dreno da corrupção para ter uma gestão pública competente. Diante do compromisso vou governar com os melhores. Não só com os empresários. O Brasil que precisa nascer dessa crise tem que ser um Brasil e melhor do que teve até agora”. 

O PSDB de Geralo Alckmin, há cerca de um ano, prometeu apresentar um conjunto de “propostas ousadas” para o Brasil, no entanto até agora o programa divulgado pela legenda foi muito pouco. Na semana passada, a coordenação da pré-campanha do tucano lançou o Programa de Governo Participativo. A iniciativa permitirá a militantes e cidadãos de todas as partes do país sugerir e apresentar propostas para o plano de governo que está sendo elaborado. 

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