Advogado critica Judiciário e fala em "novo golpe"
Na avaliação de Eugênio Aragão, o episódio do habeas corpus de Lula em julho foi um "novo episódio do processo do golpe" iniciado, segundo ele, com o impeachment da ex-presidente Dilma
Advogado de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministro da Justiça no governo do PT, Eugênio Aragão criticou, nesta quinta-feira (16), a atuação do Judiciário no país e disse que o poder contribuiu para uma "nova qualidade do processo do golpe", como os petistas denominam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, com a condenação de Lula e a manutenção da prisão dele.
Ao iniciar a palestra de encerramento da disciplina "Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil", na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), na tarde de hoje, Eugênio afirmou que o imbróglio envolvendo o habeas corpus concedido ao ex-presidente em julho foi o que revelou a participação de setores da Justiça no processo.
"O que aconteceu no 8 de julho foi um desserviço à esta mídia que se contenta com as formas, porque querendo ou não aqueles três parlamentares quando impetraram o habeas corpus arrancaram a máscara daqueles que estavam bem disfarçados de Justiça e mostraram com cores vivas todo este processo aberrante onde um juiz, de férias, liga para o chefe da polícia para ordenar a não cumprir a ordem de um desembargador. E mais, um desembargador, na folga do fim de semana, ir às pressas ao tribunal desautorizar seu colega plantonista e um presidente, que apesar da competência do plantonista, não acata a decisão dele", elucidou Eugênio.
Para o advogado, "a máscara caiu e isso tem vantagens e custos". "Aí a gente começa a entender o processo com mais facilidade. O malcaratismo se torna claro", observou o jurista. "É uma nova qualidade do processo do golpe e é neste momento que se coloca a candidatura de Lula para desafiar este processo. É muito delicado", acrescentou.
Antes de usar esses argumentos fazendo ligação do impeachment com o processo de Lula, Eugênio Aragão também questionou a atuação das instituições chamando juízes de "protagonistas judiciais do golpe".
"É difícil para quem não vive em Brasília compreender como é possível um Poder que a constituinte outorgou para se tornar ativo e imparcial ser parte de um complô político que afetou a legitimidade da constituinte. O Tribunal de Contas e o Ministério Público era, até tempos atrás, uma esperança para o Brasil. Aquela instituição tão adulada se transformou em um monstro", declarou, para uma plateia de alunos e professores da UFRPE.