“UNE Conservadora” será lançada por deputado do PSL

A União Nacional dos Estudantes existe desde 1938 e teve lideranças mortas pela ditadura militar; deputado Douglas Garcia pretende usar o nome da instituição e distribuir o livro “A verdade sufocada”, do torturador Brilhante Ustra

qua, 13/03/2019 - 19:04
reproduçao/facebook Deputado Douglas Garcia ministrará palestra no evento reproduçao/facebook

Em evento marcado para acontecer no próximo sábado (16) na Vila Mariana, em São Paulo, o deputado estadual Douglas Garcia (PSL) se prepara para lançar uma “nova versão” da União Nacional dos Estudantes (UNE), denominada União Nacional dos Estudantes Conservadores (Unecon). A cerimônia de abertura promete promover o concurso “Vá Estudar História”, que premiará o vencedor com o livro “A Verdade Sufocada”, de autoria do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como responsável por crimes na ditadura pelo Estado brasileiro através da Comissão Nacional da Verdade. Fundada em 1938, a UNE foi um dos principais focos de resistência estudantil contra a ditadura militar, tendo sua sede incendiada pelo militares no dia 1 de abril de 1964, dia do golpe contra o presidente eleito Jango Goulart, e diversos filiados mortos e torturados pelo regime.

O evento oficial do lançamento no Facebook afirma que as inscrições foram encerradas “devido à lotação”. O deputado Douglas Garcia, que é estudante de direito e terá a responsabilidade de ministrar uma palestra sobre “como organizar os estudantes conservadores nas instituições de ensino”, disse ao colunista Fábio Zanin, da Folha de São Paulo. Segundo Garcia, a Unecon será uma aliada do astrólogo Olavo de Carvalho. “O professor foi muito importante na minha formação intelectual”, resumiu.

Garcia comentou ainda que o objetivo da Unecon não é substituir a UNE, mas tomá-la por dentro, através de uma espécie de partido da direita estudantil. O deputado ingressou na política através das mobilizações de 2013 e foi eleito com 74.351 votos. Em 2016, criou a Direita São Paulo e chegou a promover um bloco de carnaval chamado “Porão do DOPS”, que apoiava abertamente a ditadura militar. A agremiação foi impedida de desfilar pelo Ministério Público.

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