Bolsonaro é caso de interdição, diz Miguel Reale Jr
Um dos autores do pedido que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, jurista afirmou que o presidente tem um quadro grande de insanidade absoluta
O jurista Miguel Reale Júnior afirmou que as atitudes do presidente Jair Bolsonaro (PSL) não são um caso de impeachment, mas de interdição. Reale, que foi autor do pedido que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff juntamente com a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), disse que Bolsonaro, ao atacar o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz, ofendeu os que prezam pelos direitos humanos e os advogados.
Nessa segunda-feira (29), o presidente contou que sabia como Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, pai de Felipe, morreu. Fernando desapareceu durante a ditadura militar, em fevereiro de 1974, após ser preso por agentes do DOI-Codi.
Cobrado sobre detalhes do paradeiro do então militante estudantil, Bolsonaro disse, mais tarde, que não foram os militares que mataram Fernando Santa Cruz, mas os próprios companheiros dele no grupo Ação Popular.
Reale classificou a atitude de Bolsonaro como um “fato gravíssimo”. “O presidente da República se sentiu no direito de ofender a todos nós, não só os advogados, mas todos que prezam pelos direitos humanos, provocando o presidente da OAB”, observou em entrevista à uma rádio do Rio Grande do Sul.
”Estamos realmente dentro de um quadro de insanidade, das mais absolutas. Não é mais caso de impeachment, mas caso de interdição”, acrescentou.
O jurista ainda salientou que, “há mais de ano, dizia que quem fosse democrata não deveria votar em Bolsonaro” e lembrou do discurso feito por Bolsonaro, ainda como deputado, em homenagem ao coronel Carlos Brilhante Ustra, torturador da época da ditadura, durante a votação da admissibilidade do impeachment de Dilma.