Dilma diz que Bolsonaro defende 'claramente o ódio'

Ex-presidente também se mostrou preocupada com a soberania do país

ter, 17/09/2019 - 10:41
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, em entrevista ao jornal francês L'Humanité, que o presidente Jair Bolsonaro "defende claramente o ódio e a violência". Além disso, a petista observou que a situação do país é "crítica". 

A fala da ex-presidente foi exposta ao ela ser instada a comentar uma declaração do relator especial para a liberdade de expressão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, Edison Lanza, que se disse preocupado com "um ataque no Brasil aberto, democrático e plural" com a direção de Bolsonaro.

Para Dilma, "essas agressões afetam as mulheres de uma maneira extremamente misógina, como demonstrado pelas declarações do presidente Jair Bolsonaro contra Brigitte Macron e a diretora de direitos humanos da ONU Michelle Bachelet”. 

“O presidente lida com tortura, assassinatos políticos e a ditadura militar. Ele defende claramente o ódio e a violência. Ele ameaça a Constituição quando declara que basta um chefe e um general fecharem o Parlamento brasileiro. (...) Quanto aos direitos sociais, ele tem uma posição muito clara", disse a ex-presidente na entrevista. 

Na avaliação de Dilma, Bolsonaro vê como absurdo proteger, por exemplo, a Amazônia. "Bolsonaro e seu governo dizem que sentem dores pelos empreendedores porque, aos seus olhos, eles seriam os explorados. A proteção do meio ambiente, da Amazônia, dos povos indígenas é um absurdo para Jair Bolsonaro. Todos esses ataques testemunham sua imensa desconsideração por debates e opiniões diferentes. O governo acredita que a Constituição dos Cidadãos de 1988 é responsável pelos 'absurdos' das conquistas dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT)", declarou. 

Ainda para a ex-presidente, a soberania do país está em risco e isso pode ser comprovado, de acordo com ela a partir de três pontos: privatizações, falta de cuidados com povos indígenas e com o meio ambiente e a questão da educação. 

"O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Somos o último país a abolir a escravidão, após 350 anos de existência do sistema. (...) Para sustentar a luta contra as desigualdades e manter os ganhos alcançados, é essencial garantir à população excluída uma educação de qualidade. Se você deseja entrar na economia do conhecimento, o país deve promover as ciências básicas, tecnologias, pesquisa e inovação fornecidas pelas universidades federais. Mas o governo de Bolsonaro quer privatizar a universidade pública federal, a mesma que permite aos pobres o acesso à educação", analisou.

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