Bolsonaro repudia atitude racista contra entregador

'A miscigenação é uma marca do Brasil' e 'todos somos iguais' foram algumas das frases ditas pelo presidente em sua conta no Twitter

sex, 07/08/2020 - 19:14
Marcos Corrêa/PR 'Que a indignação do povo brasileiro sirva de lição para que atos como esse não se repitam', disse Bolsonaro Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em sua conta no Twitter, repudiou a atitude racista do contabilista que chamou um motoboy de lixo em Valinhos, no interior de São Paulo. "A miscigenação é uma marca do Brasil. Ninguém é melhor do que ninguém por conta de sua cor, crença, classe social ou opção sexual", escreveu.

"Que a indignação do povo brasileiro sirva de lição para que atos como esse não se repitam. Todos somos iguais! Embora alguns trabalhem para nos dividir, somos um só povo!", acrescentou. 

Bolsonaro encerrou a mensagem desejando votos de solidariedade e sucesso ao entregador e sua família. No texto, o presidente usa o termo "opção sexual", cuja utilização é rechaçada pelos movimentos LGBTs, que reforçam que a sexualidade não se trata de uma escolha.

No vídeo que circulou nas redes sociais nesta sexta-feira (7), o contabilista Mateus Abreu Almeida Prado Couto agride verbalmente o entregador Matheus Pires. "Você nem tem onde morar. Você tem inveja disso daqui. Eu pedi para ele sair fora daqui, e não saiu fora. Moleque, moleque, você tem inveja disso daqui, você tem inveja dessas famílias aqui", diz enquanto mostra as casas do condomínio. Em seguida ele aponta para sua pele branca e diz "você tem inveja disso".

Vizinhos relataram que o contabilista já ofendeu outros trabalhadores, como seguranças de um comércio próximo e pedreiros de obras do residencial, segundo O Globo. Há dois anos, o pai de Mateus Abreu registrou em um processo judicial que o filho tem esquizofrenia.

Presidente

Bolsonaro já foi denunciado por declarações classificadas como racistas. Em junho de 2019, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região encerrou o processo de dano moral contra o presidente, criado após ele dizer, em abril de 2017, que quilombolas não faziam nada e que o mais leve pesava sete arrobas. 

Em maio de 2019, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manteve a condenação de Bolsonaro a pagar R$ 150 mil por declarações homofóbicas e racistas emitidas em entrevista ao programa CQC em 2011. Na ocasião, ele foi questionado o que faria se tivesse um filho gay, respondendo que isso não aconteceria porque seus filhos "tiveram boa educação". A cantora Preta Gil, em seguida, questiona como ele reagiria se um de seus filhos se apaixonasse por uma mulher negra. A imagem volta para ele, que responde: "Eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu".

Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou o inquérito que tratava das mesmas declarações dadas a Preta Gil no CQC. O presidente argumenta que o programa foi editado e que seu comentário não se referia à pergunta exibida.

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