Governo pagou R$ 268 mil a apresentadores bolsonaristas

Entre os beneficiados pelos repasses da Secom estão Luciana Gimenez, Sikêra Júnior e Luís Ernesto Lacombe

por Vitória Silva ter, 29/06/2021 - 13:21
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil O presidente da República, Jair Bolsonaro Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Apresentadores como Luciana Gimenez, Sikêra Júnior, Luís Ernesto Lacombe, além de jornalistas à frente de programas como Cidade Alerta e Balanço Geral, na Record TV, compõem a lista de beneficiados pelo Governo Federal com repasses da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), segundo reportagem da Folha de São Paulo, divulgada nesta terça-feira (29), que apurou planilhas de gastos da pasta. No total, foram dispersos R$ 268 mil para essas personalidades bolsonaristas.

Os dados foram entregues pelo governo Jair Bolsonaro à CPI da Covid no Senado. A comissão apura ações e omissões da gestão federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

O dinheiro público foi usado em campanhas para a divulgação da reforma da Previdência, de 2019, tratamento precoce contra a Covid, combate ao aedes aegypti, violência contra a mulher e cédula de R$ 200, entre outras iniciativas. De 34 repasses, 16 foram para campanhas sobre regras da aposentadoria.

A lista de apresentadores é liderada por Sikêra Júnior, que teria recebido R$ 120 mil do governo federal. Em seguida, vem a apresentadora Luciana Gimenez, da RedeTV!. Gimenez recebeu R$ 51 mil da gestão Bolsonaro por meio da empresa Magic Lu Promoções, Eventos e Comercio de Produtos de Uso Pessoal e Doméstico. Ao todo, foram nove transferências, em 2019 e 2020.

Dos repasses, seis trataram de pagamentos de cachê para campanha da reforma da previdência. Antes de receber pela propaganda, Gimenez chegou a sugerir ao presidente, durante um café da manhã no Palácio do Planalto, em abril de 2019, para explicar mais sobre o tema à população.

Outra campanha foi referente à chamada Agenda Positiva, com o objetivo de ecoar feitos do governo (R$ 6.000), segundo o então secretário especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten.

Gimenez ganhou ainda R$ 6.000 para a campanha Semana Brasil, que "celebrava a retomada, com segurança, da economia e dos empregos", em setembro de 2020, e R$ 12 mil para o lançamento da cédula de R$ 200.

Sob a justificativa de pagamento de propagandas do governo, os desembolsos foram feitos pela Secom por meio de subcontratação das empresas PPR Profissionais de Publicidade Reunidos, Calia/Y2 Propaganda e Marketing e Artplan Comunicação. Todas elas têm contratos com o Executivo federal.

Em nota à reportagem, a Calia afirmou que apenas fez repasses para pagamentos de campanhas, enquanto a Artplan disse que não pode comentar as parcerias em razão de cláusulas contratuais. Procurada, a PPR não se manifestou.

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