Lula quer provar que corruptos são os que o acusaram

Perguntado se evita falar de corrupção por ter 'teto de vidro', o ex-presidente disse que está aberto a conversar sobre o tema e diz que não há um opositor capaz de provar ilicitudes na sua atuação como chefe do Executivo

por Vitória Silva ter, 13/07/2021 - 12:52
Fernando Frazão/Agência Brasil Lula, ex-presidente da República Fernando Frazão/Agência Brasil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista, nesta terça-feira (13), para a Rádio Bandeirantes. A mediação alternou tópicos entre política nacional, internacional e políticas públicas. Na sua primeira fala sobre a crise política no Brasil e se evita o tópico corrupção por ter “teto de vidro” — devido aos escândalos de corrupção durante a sua administração —, Lula disse que não apenas fala do tema, como demonstrou estar de consciência limpa por ser um homem “livre” e já inocentado. Segundo o petista, seu interesse é, na verdade, provar que corruptos são aqueles que lhe chamaram de corruptos. Quanto ao pleito de 2022, se coloca como disponível, mas ainda não confirma a candidatura.

“[Eu sou] Aquele que foi acusado mentirosamente, que foi destratado pelos meios de comunicação durante cinco anos, que jogaram a ‘pecha’ da maior corrupção desse país, teriam que pedir desculpa pra mim, porque eu sou um homem que efetivamente, estou totalmente livre. Os que estão prestes a serem condenados são as pessoas que mentiram ao meu respeito. Eu não só falo de corrupção, como quero dizer que todos os instrumentos de combater a corrupção com a eficácia, elogiados por instituições da ONU, foram exatamente no meu governo e no governo de Dilma. Não só quero falar de corrupção, como eu quero provar que os corruptos foram aqueles que me chamaram de corrupto. Continuo dizendo que desafio qualquer pessoa a provar um ilícito meu. Desafio há cinco anos e estou provando, aos poucos, as mentiras”, se defendeu Lula ao radialista Marco Antônio Sabino.

Ainda no tópico corrupção, resgatando comentários antigos sobre os crimes contra a administração pública durante o seu governo, Lula foi conduzido a uma pergunta sobre autocrítica e reflexões. O patrono do PT não se diz adepto à autocrítica, mas se vê pronto para debater erros e críticas.

“Faça você a crítica que você quer fazer, não fique pedindo para que eu me critique. Me critique você e eu vou responder. Nunca vi ninguém pedir isso para o Collor, para o Bolsonaro, para o FHC, Sarney, Getúlio. É só para o PT. Ser governo e ser oposição não tem sentido. Sei que nós cometemos erros, mas acho que o importante é que esses erros sejam apurados. Nunca, em nenhum momento do meu governo, houve tentativa de impedir denúncias e processos de fiscalização. Dizia quando eu era presidente: ‘a única possibilidade que se tem de evitar uma apuração enquanto denunciado, é ser honesto’. Custa barato ser honesto e fica mais fácil assim. Por isso tive coragem de enfrentar o Moro e provar que ele era mentiroso. De enfrentar a força tarefa que tinha um conluio com grande parte da imprensa brasileira”, continuou.

Lula também foi questionado sobre as principais bases de apoio do governo Bolsonaro, militares e evangélicos e como alcançará esses públicos, caso seja candidato.

“Nem militar nem evangélico tem que ser tratado como gado. Vamos fazer discurso pro cidadão. Trato evangélico com o mesmo respeito que trato católico e trato militar com respeito que trato o civil. Quem vai votar é o cidadão.”

Em relação à privatização da Petrobras, Lula afirmou que é um “total absurdo aumentar preço de gasolina, do gás” quando o Brasil é um país autossuficiente. “Importar gasolina dos EUA? Isso se chama submissão, complexo de vira-lata. A Petrobras não é dona do Brasil, é o Brasil que é dono da Petrobras.”

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