Renan Calheiros pede exoneração do ministro Braga Netto
O general do Ministério da Defesa teria ameaçado suspender as eleições do próximo ano, caso o voto impresso não seja instituído
Após condicionar as eleições de 2022 ao interesse do presidente Jair Bolsonaro pelo voto impresso, o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, foi chamado de "elemento perigoso" pelo relator da CPI da Covid-19, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Em uma série de publicações em seu perfil no Twitter, nesta quinta-feira (22), o parlamentar pediu a exoneração do militar para proteger a democracia.
De acordo com o senador, a ameaça contra o direito constitucional ao voto foi confirmada pela posição do Ministério da Defesa, que se apoia no ‘terror’ para amedrontar a população.
“As declarações de Braga Netto, irresponsáveis e inconsequentes, ofendem a Constituição e o povo. Ele tem que ser exonerado o quanto antes, removido do posto que ocupa [...] O Brasil não pode se sujeitar ao capricho de mantê-lo onde está”, recomendou.
Nas publicações, Calheiros chega a apontar que o general foi alçado ao comando da pasta mais próxima das Forças Armadas como intenção do presidente da República em ameaçar as instituições democráticas, já que sua popularidade despenca a cada nova divulgação de pesquisas de intenção de voto.
"Bolsonaro quer manter a sociedade refém de sua obsessão continuísta. A população não o quer mais", advertiu.
Em meio ao clima de atentado contra as eleições revelado pelo Estadão, o ministro assinou um comunicado oficial em que trata a situação como 'desinformação' e classifica como 'narrativa' para gerar instabilidade. No entanto, ele não desmentiu as articulações da Defesa pela obrigatoriedade do uso de urnas eletrônicas com voto impresso em 2022.
Também no Twitter, o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que teria sido pressionado para que a proposta seja tocada com pressa na Casa, reiterou que o povo vai julgar seus representantes em outubro do próximo ano com ‘voto popular, secreto e soberano’, mas também não comentou sobre o perigo da suspensão da eleição criado por Braga Netto.
Calheiros seguiu a posição de Lira e afirmou que "o Congresso não deve admitir isso. O Senado, a Câmara dos Deputados e o Judiciário não podem ser ameaçados", escreveu.