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É falso que o voto impresso poderá ser adotado no segundo turno das eleições de 2022. Embora circulem informações nas redes sociais neste sentido, a medida é impossível de ser implementada antes de 2026. Isso porque qualquer mudança na legislação eleitoral só começa a valer nas próximas eleições.

Também não é verdade que a consulta pública sobre a possibilidade de voto impresso em 100% das urnas (SUG 9/2018) não está sendo divulgada.

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Qualquer cidadão pode dar sua opinião sobre o voto impresso neste link: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/132598

*Da Agência Senado

Na esteira de seus reiterados ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a Corte interferiu no Congresso durante a votação da proposta do voto impresso, derrotada no Legislativo. "Alguns do STF estão mandando e desmandando no Brasil", declarou. Essa declaração foi feita em evento no Palácio do Planalto batizado de Ato Cívico pela Liberdade de Expressão.

Bolsonaro também voltou a dizer que "é preciso ter maneira para a gente confiar nas eleições". "Não pensa que uma possível suspeição de eleição vai ser apenas para voto a presidente", afirmou, mais uma vez colocando em dúvida a lisura do processo eleitoral. "Normalmente, é o chefe do Executivo que trabalha para fraudar eleições", declarou, tentando sinalizar que apenas desejaria transparência.

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O presidente também lembrou que uma consultoria contratada pelo PSDB nas eleições de 2014 teria dito que a urna brasileira é inauditável. O então candidato derrotado do partido, Aécio Neves, também questionou o resultado das eleições, em que perdeu para Dilma Rousseff (PT).

De acordo com o chefe do Executivo, as eleições de 2020 não poderiam ter ocorrido sem a conclusão de um inquérito que apurou suposta invasão a servidores do TSE em 2018. "Queríamos que o inquérito aberto em novembro de 2018 tivesse seu deslinde, queremos seu parecer, ministro Barroso", provocou Bolsonaro, segundo quem os problemas no Judiciário serão resolvidos "com o tempo", mediante a nomeação de outros magistrados.

O presidente ainda defendeu o perdão concedido por Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), em decreto publicado menos de 24 horas após o STF condenar o parlamentar a 8 anos e 9 meses de cadeia por ataques à democracia e às instituições.

O mandatário também reiterou que o perdão será cumprido, mas reconheceu que foi alertado de que a medida traria desgastes com o Supremo. "Se coloquem no lugar do deputado Daniel Silveira", pediu o chefe do Executivo, dizendo que parlamentares têm "liberdade máxima". Em seguida, lembrou que respondeu processos na Câmara por suas declarações enquanto deputado federal.

Forças Armadas no TSE

Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro e sugeriu que as Forças Armadas possam contabilizar os votos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Que no duto que alimenta a sala secreta do TSE, ao final da eleição, os computadores, seja feita ramificação um pouco à direita para que tenhamos um computador das Forças Armadas para controlar votos no Brasil", afirmou. Em seguida, lembrou que ele é o comandante em chefe das Forças Armadas.

Sobre o encontro com a equipe do WhatsApp ocorrido mais cedo, no qual a empresa confirmou que só lançará os megagrupos após as eleições, Bolsonaro declarou que o assunto está resolvido.

Entre as publicações no Facebook com um milhão de interações ou mais, e cujos temas de discussão foram a fraude nas urnas e o voto impresso, a maior parte foi realizada no tráfego de contas de representantes eleitos, como a do presidente Jair Bolsonaro (PL). 12 contas na rede social foram apontadas como as líderes em espaço para esse tipo de debate, segundo o relatório mais recente da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP), divulgado nesta terça-feira (22). 

O perfil que mais proporcionou a discussão, sem base científica ou documental, foi o da deputada federal e bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), com 1.576 publicações em 15 meses. 

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Ao todo, 23 contas postaram mais de mil vezes sobre tais temas ligados à desconfiança eleitoral no Facebook. A figura de Jair Bolsonaro é referência – em apoio ou oposição – a todas essas páginas e grupos públicos, com destaque para “Movimento Brasil”, com 11.856 posts, e “Bolsonaro 2022”, com 7.413 publicações. Outras centenas de contas parecidas também apresentam índices altos de publicação sobre as temáticas. 

Média de 888 posts diários 

Ainda de acordo com a pesquisa, os temas voto impresso e fraude nas urnas eletrônicas mobilizaram uma média de 888 posts por dia no Facebook, entre novembro de 2020 e janeiro de 2022. No total, foram monitoradas pelo DAPP 394.370 postagens sobre os assuntos, mostra o levantamento recém-lançado “Desinformação on-line e contestação das eleições”. 

Os períodos das eleições municipais de 2020 e de discussão da PEC do Voto Impresso, em agosto de 2021 foram os destaques em volume de publicações. O pico de menções, por exemplo, ocorreu no dia 10 de agosto de 2021, com 10.619 mensagens em apenas um dia. O mês de novembro — mês eleitoral — também se destaca com 50.574 postagens. 

Um total de 40 postagens pró-fraude nas urnas são as mais populares, gerando 6.809.193. Entre as 20 primeiras mensagens desse subconjunto, 13 (32,5%) são da página de Jair Bolsonaro, atraindo quase metade das interações (3.227.981, ou 47%). 

Mais de 130 mil postagens continham links internos e externos ao Facebook, tipo de conteúdo que representou 23,9% das interações. Esses links estiveram em circulação por até 435 dias. A maior parte dos links externos com mais interações convoca para a consulta pública de uma sugestão legislativa para inserção de 100% de voto impresso nas urnas e material de mobilização sobre a PEC do Voto Impresso – esse link do Senado esteve em 8.412 publicações no Facebook. 

Além disso, o estudo mostra que a temática é frequente em volume de publicações, pelo menos, desde 2014. O ano de 2021 chama atenção pela quantidade de postagens e interações, que, em alguns meses, chega a ultrapassar o ano eleitoral de 2018, referência na temática no contexto recente. 

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Tribunal, afirmou nesta sexta-feira, 17, na sessão de encerramento do ano judiciário da corte eleitoral que a 'absurda' campanha que pregava a volta do voto impresso - patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro e derrotada no Congresso Nacional - trazia 'suspeita de intenções sombrias de desrespeito ao resultado eleitoral'. O ministro disse ainda esperar que o tema 'seja uma página virada' na história eleitoral brasileira e que não haja 'esforços' para descredibilizar o sistema eletrônico de votação.

"Tivemos que gastar imensa energia debatendo as questões erradas. Discutimos não retornar ao voto de papel quando precisávamos estar discutindo: a democratização dos partidos, que não podem ter donos ou comissões provisórias eternizadas; a necessidade de mais mulheres nos órgãos dirigentes partidários; critérios objetivos e transparentes de destruição do fundo eleitoral e prestação de contas; violência política de gênero com agressões físicas e morais às mulheres que tem a coragem de ingressar na política; um sistema eleitoral que é excessivamente caro, tem baixa representatividade e dificulta a governabilidade. No entanto, tivemos que discutir se devíamos retroceder do digital para o analógico, do computador de volta à caneta", ponderou o ministro.

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Barroso ainda lembrou dos ataques à Justiça eleitoral 'com acusações falsas de fraudes e ofensas a seus integrantes', que, segundo o ministro, tinham o objetivo de trazer descrédito para a democracia. As declarações foram ainda colocadas em um contexto mais amplo sobre a democracia brasileira, que, de acordo com Barroso, viveu 'momentos graves nos últimos tempos'. "Ameaças de fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal, de descumprimento de decisões judiciais e desfile de tanques na praça dos Três Poderes, entre outros maus momentos. O atraso rondou nossas vidas ameaçadoramente", ponderou.

Segundo Barroso, nesse ambiente o debate publico foi dominado muitas vezes 'pela mentira, pela desinformação e pelo ódio'. Por outro lado, o ministro disse que o 'saldo positivo' do período foi o fato de que as 'instituições resistiram e afastaram o fantasma do retrocesso, da quebra da legalidade constitucional, e das aventuras autoritárias que sempre terminam em fracasso'.

Ao longo de seu pronunciamento, Barroso detalhou as primeiras etapas do ciclo eleitoral de 2022, iniciado sob sua gestão, novamente reforçando a lisura do processo. Durante a sessão realizada no início da tarde desta sexta, o TSE elegeu os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes como presidente e vice-presidente da corte eleitoral.

"Ninguém é imune a ataques e invasões, mas a eleição brasileira é imune a fraude porque a urna não entra em rede e o único momento de manipulação humana é o da elaboração do programa dos códigos fonte. E ele é inspecionado pelos partidos, Ministério Público, Polícia Federal e seus técnicos e lacrado após uma assinatura digital. E ele é inserido fisicamente na urna por um pen drive. O sistema é seguro, mesmo que os computadores do TSE, como todos no mundo, possam ser alvo de ataques", ponderou.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu uma apuração preliminar contra o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que ameaçou a realização das eleições em 2022. Conforme revelou o Estadão, no dia 8 de julho, o ministro enviou um recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista-AL), com a mensagem de que não haveria eleições no que vem, se não houvesse impressão dos votos e contagem pública dos resultados.

Em manifestação enviada ao gabinete do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira, 28, a PGR informou que abriu o procedimento para apurar a ameaça e pede que a Corte arquive um pedido de mesmo teor movida pelo advogado Ronan Wielewski Botelho contra Braga Netto. Para requerer o fim do processo, Aras informou ao STF que já havia investigações em curso no Ministério Público Federal (MPF).

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"Nesta Procuradoria-Geral da República, já tramita Notícia de Fato destinada à averiguação preliminar dos fatos relatados pelo noticiante, bem assim de outros que possam com eles guardar relação de pertinência", escreveu Aras. "Eventual surgimento de indícios razoáveis de possível infração político-administrativa cometida pelo noticiado (Braga Netto) ensejará, pois, a adoção das providências necessárias à sua apuração", afirmou Aras.

Como mostrou o Estadão, após o recado de Braga Netto contendo ameaças, o presidente da Câmara disse a um grupo de confiança ter muita preocupação com as declarações do ministro da Defesa porque a situação era "gravíssima". Relatos obtidos pela reportagem revelam que Arthur Lira disse a Bolsonaro que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional.

Em nota, Braga Netto negou as ameaças às eleições. No dia seguinte à revelação, o ministro limitou-se a dizer que se tratava de "invenção". O chefe das Forças Armadas não deu nenhuma informação complementar. O Estadão mantém todas as informações publicadas.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, procurou pessoalmente Braga Netto para pedir o envio de um representante militar à Comissão Externa de Transparência instituída na Corte para dar mais confiança ao processo eleitoral. O general de divisão do Exército e comandante de defesa cibernética, Heber Garcia Portella, foi indicado pelo ministro da Defesa.

A despeito das declarações do ministro, seu indicado terá livre acesso a recursos do TSE para ajudar no planejamento de auditoria de cada etapa do processo eleitoral.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso é defendida reiteradamente pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, mesmo após derrota no plenário da Câmara, em agosto deste ano. A pauta, no entanto, não saiu do radar do governo e permaneceu forte entre os bolsonaristas, que defenderam o projeto durante as manifestações antidemocráticas de 7 de Setembro.

Após reações do Supremo e do Congresso às ameaças de Bolsonaro durante os atos, o presidente ensaiou um recuo e, em entrevistas e transmissões ao vivo nas redes sociais, tem dito que a participação das Forças Armadas na preparação das urnas eletrônicas, segundo ele, dá garantias de que não haverá fraude nas eleições do ano que vem.

Em entrevista à revista Veja, Bolsonaro disse que não vai "melar" as eleições de 2022 e que "a chance de golpe é zero". Antes do recuo tático, porém, o presidente disse que poderia agir fora das "quatro linhas da Constituição" contra os ministros do TSE. Segundo ele, "um ou dois" ministros, em referência velada a Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, estariam extrapolando suas competências.

O presidente Jair Bolsonaro desistiu de enviar ao Senado o pedido de impeachment do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, segundo o jornalista Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo. O trato teria sido firmado com ministros do governo, que comemoraram a decisão. 

Na última sexta-feira (20), Bolsonaro protocolou o pedido de impeachment contra o também ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O presidente da República alegou que Moraes cometeu crime de responsabilidade no Inquérito das Fake News.

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Bolsonaro havia anunciado que também protocolaria um pedido de impeachment contra Barroso. O magistrado passou a ser alvo do presidente após embate sobre o voto impresso, cuja PEC foi derrotada na Câmara dos Deputados.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, confirmou, nesta segunda-feira (16), que esteve com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso na semana passada, para conversar sobre "temas da atualidade". O encontro, que foi revelado pelo Estadão, ocorreu no dia 10, quando veículos blindados militares fizeram um desfile na Praça dos Três Poderes.

A conversa ocorreu na casa de Barroso. Foi ele quem teve a iniciativa de convidar o general para o encontro. Preocupado com o risco de ruptura institucional, o ministro queria saber se as Forças Armadas embarcariam em uma aventura golpista promovida pelo presidente Jair Bolsonaro. Após a divulgação do encontro, Bolsonaro declarou que pedirá ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o impeachment de Barroso e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

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"Conversamos sobre temas da atualidade. O ministro está criando uma comissão externa para a melhorar auditoria (das urnas eletrônicas), então acho que foi um passo importante", afirmou Mourão.

Após a derrota do voto impresso na Câmara dos Deputados, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido por Barroso, decidiu ampliar procedimentos de auditagem do sistema eleitoral, em uma tentativa de dar respostas à parcela da população e da classe política que acusam, sem apresentar provas, que há fraudes no atual sistema de votação.

Perguntado sobre a ameaça que Bolsonaro fez aos ministros do Supremo, por supostos crimes de responsabilidade, Mourão disse que vê com ceticismo a possibilidade de o Congresso Nacional dar andamento a pedidos de impeachment contra os membros da corte. "Acho difícil o Senado aceitar", afirmou o vice a jornalistas na chegada ao Palácio do Planalto.

"O presidente tem a visão dele. Ele considera que esses ministros estão passando dos limites em algumas decisões que têm sido tomadas, e uma das saídas dentro da nossa Constituição seria o impeachment", declarou Mourão, sem se posicionar, contudo, de maneira favorável ou contrária aos impedimentos.

O vice-presidente limitou-se a reiterar críticas à prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, autorizada pelo Supremo na semana passada. "Não considero que Roberto Jefferson seja uma ameaça à democracia", disse. "Acho que Alexandre de Moraes poderia ter tomado outra decisão sem mandar prender por opinião".

Ainda na contramão do presidente Bolsonaro, Mourão disse novamente que confia nas urnas eletrônicas. "Até que me provem o contrário, vou confiando". Ele ponderou, contudo, que, "mesmo com todas as proteções, pode ocorrer algum ataque". O TSE e vários especialistas, no entanto, descartam a possibilidade de fraude nas urnas.

Para viabilizar a aprovação da obrigatoriedade do voto impresso, o Governo Federal liberou R$ 1,03 bilhão em emendas individuais três dias antes da comissão especial da Câmara dos Deputados rejeitar a medida. A informação é do jornal O Estado de São Paulo. A quantia é recorde histórico para o mês de agosto e se aproxima da soma dos pagamentos no mês entre 2016 e 2020.

Conforme publicação do Estadão, dos 229 apoiadores da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 135/19, 131 deputados (57%) receberam pagamento de emenda individual no dia 2 de agosto, três dias antes do debate.

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O montante liberado foi dividido entre R$ 931,7 milhões - equivalente a 90,1% - para deputados e R$ 102 milhões - cerca de 9% - para senadores, que sequer estavam aptos ao voto. A articulação pode justificar o convencimento de parlamentares do PSDB, PSD, DEM e MDB, que votaram contra a orientação do partido.

As cifras liberadas neste mês causam certa estranheza em comparação aos R$ 2,8 bilhões liberados em todo o primeiro semestre deste ano. Os valores são atribuídos ao Orçamento de 2021 e não incluem o que falta pagar de anos anteriores.

Maior quantia já liberada no mês

Ainda segundo a publicação, os meses de março, abril, junho e dezembro são os que mais ocorrem esse tipo de liberação. Contudo, o que foi pago em agosto é um recorde. Os pagamentos do mês entre 2016 e 2020 acumulam R$ 1,4 bilhão.

O repasse foi feito por "check em branco", que dispensa a necessidade de contratos e convênios, bem como a supervisão de ministérios. Assim, a emenda individual pode ser transferida para prefeituras em cerca de 60 dias, enquanto as emendas tradicionais demoram mais de um ano para serem pagas.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (12) que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, mentiu sobre o tempo de contagem do voto impresso. "Pega muito mal mentir desta maneira, ou então és um tapado!", disse durante transmissão semanal nas redes sociais.

Segundo Barroso, seria preciso semanas para apurar votos em cédula, ao que Bolsonaro respondeu: "Há uma enorme diferença entre ler um papel impresso e um papel escrito à mão. Contar 400 papéis de voto impresso não tem dificuldade. Acredito que duas ou três horas seria mais do que necessário para contar esses votos." O magistrado já havia afirmado que seria necessário interromper aulas nas escolas onde as votações ocorrem nos dias das eleições durante o tempo de contagem manual dos votos.

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Mais cedo, Barroso anunciou medidas para ampliar a segurança e transparência da urna eletrônica. Entre elas, o presidente do TSE disse que considera ampliar o número de urnas que passarão pelo teste de integridade - auditoria feita na véspera da eleição para detectar fraudes -, bem como fará a abertura do código (fonte das urnas) aos partidos um ano antes da eleição e a criação de uma comissão externa de sociedade civil e de instituições para acompanhamento do processo.

Durante sessão nesta tarde, o magistrado reforçou que não era possível fazer a contagem manual dos votos, uma vez que a votação é feita em estabelecimentos que, já no dia seguinte à eleição, precisam retomar suas atividades. Outro ponto destacado por Barroso é a operação logística, de transporte dos comprovantes eleitorais, que apresenta riscos de segurança, e, por isso, coloca em risco a integridade das eleições e do sigilo do voto.

A bancada evangélica da Câmara dos Deputados votou majoritariamente a favor da PEC do voto impresso, com muitos deles contrariando a indicação do próprio partido. Ao todo, foram 76% dos parlamentares evangélicos apoiando a proposta, que foi derrotada na última terça-feira (10). 

Segundo levantamento do O Globo, dos 93 deputados que se declaram evangélicos, 71 votaram a favor da PEC. 28 deputados deste grupo foram de encontro ao que foi orientado pelos seus partidos, que haviam orientado votação contrária à proposta. 

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O Republicanos, ligado à Igreja Universal, foi o partido que mais apoiou a proposta, com 17 votos. Ainda conforme levantamento, dos 229 votos favoráveis, a bancada ruralista, que conta com 232 deputados, foi responsável por endossar a PEC com 120 votos.

Para que o projeto seguisse tramitando na Câmara, seriam necessários 308 votos a favor. 

Mesmo após ser derrotado na terça-feira (11) em votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso no plenário da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro reforçou as acusações de que as eleições de 2022 sob as urnas eletrônicas poderão ser realizadas sob o manto da desconfiança. "Quero eleições limpas, transparentes", reiterou o chefe do Executivo na manhã desta quinta-feira (12) à Rádio Jovem Pan Maringá - PR.

"Nós não podemos terminar as eleições do ano que vem sob o voto da desconfiança", afirmou Bolsonaro, que continuou a fazer críticas e acusações contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de articulação com lideranças políticas para reprovar a pauta. Segundo ele, é "obrigação fazer a vontade da maioria da população".

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Apesar de ter garantido ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que respeitaria a decisão do Plenário, Bolsonaro disse que vai continuar com sua "luta", "mas com menos expressão agora". O chefe do Executivo reiterou, no entanto, que continua jogando "dentro das quatro linhas da Constituição". "Eu quero, se perder a eleição, entregar a faixa e cumprimentar, desejar sorte, e ir cuidar da minha vida. Agora, da forma como está, parece que estão conduzindo para eleger aquele cara que até pouco tempo estava preso", disse, numa referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Bolsonaro, se a população continuar o apoiando, "só Deus me tira daqui".

Após fazer uma transmissão em que prometia apresentar provas de fraudes contra a segurança das urnas, e sendo obrigado a mudar o discurso e dizer que tinha apenas "fortes indícios" contra o sistema eleitoral, Bolsonaro agora repete enfaticamente que não tem provas de suas acusações, mas que ele "ouviu falar" sobre o tema.

O presidente também afirmou que está avaliando se irá ou não participar de um movimento favorável ao voto impresso, que deve acontecer no próximo dia 7 de setembro. Bolsonaro já tinha afirmado que se Barroso continuasse sendo "insensível" às suas demandas com relação ao voto impresso, ele poderia comparecer a uma manifestação na Avenida Paulista onde seria dado um "último recado" ao ministro. Para ele, não só o Parlamento, como também ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE deveriam ouvir a população.

Governadores

Como tem feito, o presidente voltou a criticar os governadores por onerar o preço dos combustíveis e de insumos como o gás de cozinha. Bolsonaro afirmou que apesar de ter zerado o imposto do gás de cozinha, o ICMS, que é decidido por dirigentes estaduais, continua a encarecer o produto, e sugeriu a seus apoiadores que cobrem seus prefeitos e governadores sobre o tema. "Não quero responsabilizar ninguém, eu quero mostrar a verdade", disse.

Ao voltar a defender que donos de postos de combustíveis sejam obrigados a mostrar na nota fiscal os impostos federais, estaduais e municipais, o presidente disse que dessa forma a população saberá quem é "o verdadeiro vilão da história" e quem "onerou o preço dos combustíveis".

Para tratar do tema, Bolsonaro sugeriu que conversou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar zerar o imposto do diesel no ano que vem. "Eu pretendo zerar o preço do imposto federal do diesel para o ano que vem", voltou a dizer.

Para possibilitar a diminuição, Bolsonaro afirmou que, por lei, o governo deve diminuir subsídios "para o final do ano, agora devemos reduzir aproximadamente R$ 15 bilhões de subsídio" disse, e sugeriu: "O que geralmente é feito com esse dinheiro? Vai para o Tesouro. Quando vai para o Tesouro, não vai para nós porque tem o teto de gastos, então é dinheiro que vai para abater dívidas", disse. "O que conversei com Paulo Guedes e com o secretário da Receita? Falei, vamos pegar esses R$ 15 bilhões, vamos abater dos R$ 19 bilhões que nós arrecadamos de PIS/Cofins do diesel".

Aliado de Jair Bolsonaro, o Centrão não aderiu por completo à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso na Câmara dos Deputados e ajudou a impor, na terça (10), a maior derrota política do presidente desde o início do mandato, em 2019.

Seis partidos mais identificados como componentes do bloco deram 69 votos a favor do texto, mas deixaram de dar outros 73 apoios à matéria. A conta leva em consideração 46 votos contrários à PEC dados por deputados do Progressistas, PL, PTB, Republicanos, Avante e PROS e 27 ausências.

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Para que o texto fosse aprovado, o governo precisava do apoio de, no mínimo, 308 deputados, mas só obteve 229 votos favoráveis. O placar registrou, ainda, 218 votos contrários à proposta e uma abstenção.

O comportamento do Progressistas foi emblemático na votação. Controlado pelo novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o partido ainda tem entre seus filiados o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que chegou ao cargo com apoio do Palácio do Planalto, e o deputado Ricardo Barros (PR), líder do governo na Casa.

O líder do Progressistas na Câmara, Cacá Leão (BA), liberou a bancada para votar como quisesse. Ao todo, 16 deputados foram a favor da proposta, 13 contrários e outros 11 não votaram. Entre os ausentes estão conhecidos aliados de Bolsonaro, como Aguinaldo Ribeiro (PB) e André Fufuca (MA).

Fufuca, que assumiu o comando do Progressistas interinamente, depois que Nogueira foi nomeado para a Casa Civil, disse que o voto impresso não pode ser considerado uma pauta do governo. "A gente procurou escutar a bancada e a bancada estava dividida. Pode até ver que houve essa divisão, um equilíbrio muito grande entre o 'sim' e o 'não'. Por isso a gente resolveu liberar", afirmou.

No PL - que detém o comando da Secretaria de Governo, com a deputada licenciada Flávia Arruda -, 23 deputados foram contrários à PEC do voto impresso, 11 favoráveis e sete ausências. O deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara, afirmou que o PL, mesmo tendo orientado contra o texto defendido pelo governo, não vai punir nenhum parlamentar. "Bola para frente, vira a página, tem coisa mais importante para discutir do que essa besteira", afirmou Ramos.

No PTB, quatro deputados não acompanharam o governo, com dois contrários à proposta e dois ausentes. Outros seis foram favoráveis. No Republicanos, 26 votaram pela aprovação da PEC e três pela rejeição. O líder do partido na Câmara, Hugo Motta (PB), foi um dos três que não votaram anteontem.

No Avante, quatro disseram não ao voto impresso, dois não votaram e dois foram favoráveis. Na bancada do PROS, oito apoiaram a PEC. Somente Gastão Vieira (MA) votou contra, mas outros dois não registraram voto. No total, foram menos três apoios ao projeto defendido por Bolsonaro.

O PSDB fechou questão contra a PEC, mas houve 14 votos favoráveis à proposta de um total de 32 deputados da bancada. Doze tucanos foram contrários ao voto impresso. O deputado Aécio Neves (MG) se absteve. O partido afirmou que pretende punir os dissidentes (mais informações nesta página).

Lira trabalhou pessoalmente para que a proposta fosse sepultada. Ele dizia a pessoas próximas que era necessário tirar esse assunto de cena para que temas importantes pudessem ser apreciados. "A democracia do plenário desta Casa deu uma resposta a esse assunto e, na Câmara, espero que esse assunto esteja definitivamente enterrado", afirmou o presidente da Câmara, ao fim da votação.

'Desconfiança'

Um dia após sofrer a derrota na Câmara, Bolsonaro voltou a colocar em xeque a segurança das eleições de 2022. "Hoje em dia sinalizamos para uma eleição, não que está dividida, mas que não vai se confiar nos resultados da apuração", disse o presidente a apoiadores, ontem, na saída do Palácio da Alvorada.

"Metade do parlamento que votou sim ontem (anteontem) quer eleições limpas. A outra metade, não é que não queira, ficou preocupada em ser retaliada", afirmou Bolsonaro. Para o presidente, apesar da derrota, o placar na Câmara "deu um grande recado ao Brasil" em apoio à implementação do voto impresso no futuro, já que, segundo ele, "metade do Legislativo, não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE".

PSDB vai retaliar quem apoiou proposta

O PSDB encontrou uma solução para retaliar os 14 deputados da bancada que descumpriram a orientação partidária e votaram a favor da PEC do voto impresso, anteontem, sem puni-los internamente. O partido dará um "bônus" do fundo eleitoral aos 17 parlamentares que seguiram a decisão da Executiva.

A direção da legenda decidiu fechar questão contra a proposta da deputada Bia Kicis (PSL-DF), e defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Com isso, os deputados que descumprissem a orientação poderiam ser até expulsos do partido por "justa causa" - e o PSDB continuaria sendo o "dono" do mandato.

"Se a Executiva não tomar providências, o partido vai ser desmoralizado. Esses deputados descumpriram uma cláusula estatutária. O PSDB deve expulsá-los imediatamente e pedir o mandato", disse o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo. 

O PSDB encontrou uma solução para retaliar os 14 deputados federais da bancada que descumpriram a orientação partidária e votaram a favor da PEC do voto impresso, na noite desta terça, sem puni-los internamente. Mas o partido retaliará esses parlamentares de outra maneira: dará um "bônus" do fundo eleitoral aos 17 deputados que seguiram a decisão da Executiva.

A direção da legenda se reuniu antes da votação e decidiu fechar questão contra a proposta da deputada Bia Kicis (PSL-DF), e defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Isso significa que os deputados poderiam ser até expulsos do partido por "justa causa". Assim, o PSDB continuaria sendo "dono" do mandato.

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Entre os que votaram pelo voto impresso está o deputado Lucas Redecker (RS), que coordena a campanha do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nas prévias tucanas que vão definir o candidato do partido à Presidência em 2022.

"Se a Executiva não tomar providências, o partido vai ser desmoralizado. Esses deputados descumpriram uma cláusula estatutária. O PSDB deve expulsá-los imediatamente e pedir o mandato", disse o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo. Nenhum deputado tucano paulista votou a favor da PEC bolsonarista.

O presidente do PSDB, ex-deputado Bruno Araújo (PE), fez uma ofensiva junto aos parlamentares para virar votos. A expectativa inicial era que a ampla maioria da bancada, de 32 deputados, votassem pelo voto impresso. No placar final, a PEC do Voto Impresso teve 229 votos favoráveis e 218 contrários. Eram necessários 308 para que fosse aprovada.

O ato militar da Marinha com blindados na Praça dos Três Poderes, uma tentativa de demonstração de força política do Palácio do Planalto, evidenciou o isolamento do presidente Jair Bolsonaro. Contestada por aliados como Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Câmara, a iniciativa não teve apoio do vice-presidente Hamilton Mourão, e a manobra para convidar autoridades da cúpula do Legislativo e do Judiciário fracassou.

A classe política viu margem para intimidação, depois das ameaças às eleições feitas por Bolsonaro e pelo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto. A exibição bélica, ontem, ocorreu no dia em que o Congresso analisava a PEC do voto impresso. Nem Lira, nem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), compareceram. Também ausente, Mourão disse a interlocutores considerar "inadequado" participar do ato. O vice não recebeu um convite oficial de Bolsonaro para assistir à chegada dos militares ao Planalto.

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Até o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou, na abertura de audiência na CPI da Covid, que dividia as "preocupações" levantadas pelos senadores sobre o ato. "Estamos em trincheiras distintas, mas somos do Parlamento. Eu tenho uma história nesse Congresso, sou subscritor da Constituinte cidadã, aposto na democracia e no estado democrático de direito. Quero compartilhar as preocupações de todos aqui que reverberaram, apenas, digamos, assim, querendo retirar os excessos das falas que foram feitas", disse Bezerra.

De tribunais superiores, apenas ministros alinhados ao Planalto posaram para a foto na rampa do Planalto: o ministro do Tribunal de Contas da União Jorge Oliveira e o ministro do Tribunal Superior do Trabalho Ives Gandra Filho.

Do outro lado, no chão da praça, apenas um pequeno grupo de apoiadores do presidente fazia campanha pelo voto impresso. Eles acenavam e gritavam "mito" para Bolsonaro e uma fileira de ministros e parlamentares do Centrão, como o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR). Um manifestante foi detido durante o desfile de tanques.

O evento inédito fez parte da Operação Formosa, da Marinha, que ocorre todos os anos, desde 1988. Foi a primeira vez que os blindados vindos do Rio passaram por Brasília e foram recebido por um presidente. A passagem de mais de 40 viaturas, entre jipes, blindados, tanques e caminhões, foi justificada como uma forma de convidar Bolsonaro a assistir, na semana que vem, à Operação Formosa, tradicional treinamento de fuzileiros navais em Goiás.

A ideia, segundo almirantes da ativa, partiu do Comando da Marinha. A ordem política para a Marinha desviar tanques e lançadores de mísseis para a Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios, porém, partiu de Bolsonaro e de Braga Netto, como mostrou a colunista do Estadão Eliane Cantanhêde.

Em nota, a Marinha afirmou que a "entrega simbólica" ao presidente foi planejada antes da definição da data de votação da PEC do voto impresso na Câmara e que o comboio militar deixou o Rio em 8 de julho.

Comandante da Marinha, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos não estava com o tradicional traje branco da Força, que o distinguiria dos demais comandantes do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior. Garnier foi ao Planalto trajado como fuzileiro naval, farda cor camuflada e coturno marrom. Ele não se pronunciou durante o ato.

Os três comandantes foram escolhidos por Bolsonaro, com intermédio de Braga Netto, justamente após insatisfações do presidente com os chefes militares antecessores, que teriam resistido a um alinhamento político com o Planalto.

Repercussão

O desfile bélico repercutiu na imprensa internacional. O jornal britânico The Guardian destacou que o ato correu em momento de queda de popularidade do presidente pela "caótica resposta à pandemia de covid". O Le Monde afirmou que Bolsonaro teme "um cenário Trump", de derrota na eleição do ano que vem, "agarrando-se ao poder e mobilizando seus apoiadores nas ruas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) esclareceu nesta quarta-feira (11) que não apenas não votou a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, que trata da obrigatoriedade do voto impresso no Brasil, como votaria contra a proposta, caso estivesse atendendo regularmente às atividades no Congresso. Bomfim está afastada desde 24 de junho, após dar luz ao seu primeiro filho. Ao apurar os votos, a CNN havia declarado, erroneamente, que a psolista votou a favor da PEC, o que levou ao esclarecimento seguinte:

“Desde 24 de junho estou em licença-maternidade e, por isso, impedida de participar das votações. Se pudesse votar, sem dúvidas, votaria junto com a bancada do PSOL CONTRA essa proposta descabida. O veículo corrigiu, mas é importante reafirmar aqui minha posição. Nosso mandato está travando uma luta para que a Câmara informe nos painéis de votação que não estou ausente, mas sim exercendo meu direito à licença. A mesa diretora precisa corrigir essa informação com urgência!”, escreveu em suas redes sociais.

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No último dia 6, a deputada enviou um requerimento à Mesa Diretora da Câmara para que a Casa passe a sinalizar nos painéis de votação do plenário e de suas comissões quando uma parlamentar estiver em licença-maternidade. Ela diz ter sido cobrada e questionada como sendo uma “deputada faltosa” ou que não se posiciona em relação a votações importantes, já que os painéis sinalizam sua ausência ao invés de informar licença-maternidade. Por esta mesma razão, a CNN acabou noticiando o posicionamento equivocado.

A votação da PEC do Voto Impresso (Proposta de Emenda à Constituição 135/19) ocorreu nesta terça-feira (10). Foram 229 votos favoráveis, 218 contrários e 1 abstenção. Como não atingiu o mínimo de 308 votos favoráveis, o texto será arquivado.

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A maior parte dos parlamentares pernambucanos na Câmara dos Deputados votou contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que buscava implementar o voto impresso como um suposto complemento às urnas eletrônicas brasileiras. A mudança foi derrotada durante a sessão realizada na noite desta terça-feira (10).

Para a deputada federal Marília Arraes (PT-PE), que fez oposição à PEC defendida pelo atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a votação “foi fundamental para defender a nossa democracia”. Ao LeiaJá, a parlamentar ressaltou ainda que “o atual modelo de votação é seguro e o objetivo de quem defende essa mudança no processo eleitoral é criar desinformação entre a população”.

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Também na mesma direção do que tem afirmado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas semanas, Carlos Veras (PT-PE), foi outro parlamentar a votar contra e questionar as motivações por trás da defesa do voto impresso.

“A urna eletrônica é auditável, segura e não é conectada à internet, o que impede qualquer invasão de hacker. Acreditamos que arquivamos de vez esse retrocesso no Congresso Nacional, que consistia em voltar às contagens manuais de votos nos próprios locais de votação, como queria o texto do relator”, defendeu.

A sessão que decidiu por enterrar a possível mudança institucional ocorreu no mesmo dia em que as Forças Armadas desfilaram com blindados e tanques de guerra nos arredores da Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), a poucos metros de distância do Congresso.

Parte dos parlamentares interpretou o gesto como uma ação ofensiva do presidente, presente na manifestação, ao lado dos militares. O deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), por exemplo, que também posicionou-se contra a proposta, ressaltou a importância de “discutir serenamente o aprimoramento do sistema”, “mas não sob ameaças”.

“Essa discussão poderia ter outra conotação, se deslocada das reiteradas manifestações do presidente da República, não só de desapreço pela democracia como de investidas golpistas que merecem o mais enérgico repúdio. Dizer que não haveria eleições se o voto impresso não fosse aprovado - com fraudes jamais verificadas - e ainda mais com tanques na rua, merecia, como mereceu, a manifestação da Câmara dos Deputados, como recebeu antes do STF e de amplos setores da vida brasileira”, pontuou, relembrando as mais recentes declarações de cunho antidemocrático feitas por Bolsonaro.

Em seu Twitter, Felipe Carreras (PSB-PE), também deputado, disse acreditar que “nosso sistema atual [urnas eletrônicas] é um sistema consolidado, que nunca foi questionado e que já elegeu presidentes de esquerda e de direita”. De acordo com ele, o voto impresso poderia custar até R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos.

Outro político a fazer coro ao lado da oposição pernambucana foi Túlio Gadelha (PDT-PE), cujo entendimento é de que a PEC não tem “nenhuma relevância” para o país, sobretudo no ambiente de acirramento das crises social e econômica. “Primeiro eu gostaria de externar a tristeza de ter um projeto sem relevância nenhuma sendo debatido na Câmara em um momento como esse, de desemprego altíssimo, queimadas na Amazônia e boa parte da população, 18 milhões, estarem em situação de insegurança alimentar”.

“Infelizmente, nós tivemos ainda 229 parlamentares que votaram a favor do voto impresso e, inclusive, a gente questionou esses parlamentares: se eles desconfiam das urnas eletrônicas, deveriam ser coerentes com essas posições e renunciarem aos seus mandatos”, disse.

 

Após o voto impresso ser rejeitada pelo plenário da Câmara, a autora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), afirmou que não vai desistir da modificação no sistema eleitoral. Na manhã desta quarta-feira (11), ela publicou um vídeo nas redes sociais sugerindo outras vias pela aprovação.

Mesmo com o placar favorável de 299 contra 218 parlamentares, a proposta defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não foi aprovada, pois precisava de apoio mínimo de 308 votos. Mesmo com a derrota, a deputada governista garantiu que “a guerra não acabou”.

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"Nós não vamos desistir e ainda existe a possibilidade do Senado, tá gente? Tem uma PEC que já foi aprovada na Câmara dos Deputados, houve um destaque dessa parte do voto impresso que ficou arquivado lá esse tempo todo. Até o Eduardo Cunha levantou essa bola e a gente descobriu que esse destaque tá parado lá”, disse no vídeo publicado em seus perfis.

Relator aliado

Para pressionar por um novo debate sobre a pauta, Kicis garantiu que já acionou o senador bolsonarista e líder do Democratas no Senado, Marcos Rogério (DEM-RO), que seria o relator da proposta na Casa. "Eu já conversei com ele, então ainda existe a possibilidade de, pelo Senado, a gente conseguir o voto impresso", ressaltou.

Ela ainda indicou que poder haver uma ruptura dos trâmites legislativos, caso necessário. "[...] e tem mais, a gente pode conseguir por meio de Lei também. Eu quis fazer PEC porque o Supremo derrubou várias leis", indicou.

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Dos 25 deputados federais da bancada pernambucana, apenas Gonzaga Patriota (PSB) não participou da votação da PEC do voto impresso, na terça-feira (11). O parlamentar alegou que se recupera de uma cirurgia de catarata, estando ainda sob efeitos de anestesia. 

Patriota disse por telefone que fez a primeira cirurgia de catarata na tarde da última segunda-feira (9) e não teve condições de votar. Entretanto, destacou que, se estivesse presente, iria se opor à proposta.

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"Eu votaria 'não'. Essa proposta é um absurdo. Já escrevi vários artigos metendo um cacete nisso aí", afirmou o político. Em um artigo de junho deste ano, o deputado declarou que o voto impresso colocava em risco o sigilo da escolha do eleitor, "contribuindo para a compra de votos que ainda é recorrente no Brasil."

O deputado Fernando Rodolfo (PL) não conseguiu votar, mas teve o posicionamento computado após requerimento. Ele votou a favor da PEC. "Eu fiz questão agora de protocolar meu voto por escrito aí na secretaria geral da mesa”, disse ele na sessão. "Meu voto foi favorável ao voto auditável porque acho que não tem nem o que se discutir, é uma ferramenta que vem para aprimorar o sistema de segurança do voto eletrônico. Eu estava muito certo de votar a favor do voto auditável", acrescentou Fernando Rodolfo ao LeiaJá. Apesar de o deputado usar o termo "auditável" para se referir à impressão de cédulas físicas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já afirmou que a urna eletrônica permite recontagem e é auditável. 

Apenas cinco deputados pernambucanos apoiaram o voto impresso. Além de Fernando Rodolfo, estão na lista André Ferreira (PSC), Ossesio Silva (Republicanos), Pastor Eurico (Patriota) e Ricardo Teobaldo (Podemos). Outros 19 ficaram contra a proposta, entre eles Fernando Coelho Filho (DEM), filho do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB).

--> Veja como os pernambucanos votaram na PEC do voto impresso

Um dia após ser derrotado em votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro continua colocando em xeque a segurança das eleições 2022, sob argumento de que o resultado indica desconfiança de parte do Parlamento sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. "Hoje em dia sinalizamos para uma eleição, não que está dividida, mas que não vai se confiar nos resultados da apuração'', disse o presidente a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, na manhã desta quarta-feira.

Com rejeição da maioria dos deputados, a PEC do voto impresso foi derrubada pelo plenário da Câmara nesta terça-feira. Foram 218 votos pelo seu arquivamento e 229 votos favoráveis. Para que ela fosse aprovada, seria necessário o apoio de, no mínimo, 308 deputados. A Casa tem 513 deputados, mas o quórum, contando com o presidente Arthur Lira (PP-AL) foi de 449 deputados. Essa foi a terceira derrota do Palácio do Planalto nessa matéria na Câmara. Antes, já tinha sido rejeitada em duas votações na comissão especial na semana passada.

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Votação 'dividida'

Bolsonaro, contudo, se disse "feliz" com o Parlamento brasileiro, pois entende que foi uma votação "dividida" e que muitos deputados não puderam expressar, de fato, seus posicionamentos e dúvidas sobre o sistema eleitoral porque "foram chantageados". Segundo ele, dos votos que foram contra, "tirando PT, PCdoB e PSOL, que para eles é melhor o voto eletrônico", "muita gente votou preocupada". Na análise do chefe do Executivo, ainda, as abstenções, numa votação virtual, expressam o medo de retaliação por parte das legendas.

"Metade do Parlamento que votou sim ontem quer eleições limpas; outra metade, não é que não queira, ficou preocupada em ser retalhada", pontuou. Bolsonaro, então, deu um "recado para todo mundo": "A maioria da população está conosco, está com a verdade".

O presidente agradeceu ao Parlamento, que, segundo ele, "deu um grande recado ao Brasil", e projetou maior apoio à implementação do voto impresso no futuro. Para o chefe do Executivo, o resultado indica que metade do Legislativo, "não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE". Após a votação, o presidente da Câmara, Arthur Lira, fez um apelo para que os envolvidos no debate sobre o sistema eleitoral adotem tom moderado. Bolsonaro havia se comprometido a aceitar a decisão dos parlamentares, mas na segunda-feira havia afirmou que "há outros mecanismos para a gente colaborar para que não haja suspeitas", em conversa com apoiadores em seu retorno ao Palácio da Alvorada.

Mesmo com a derrota, o chefe do Executivo voltou a apresentar a tese de que um grupo de hackers, ou um hacker, teve acesso às chaves criptografadas das urnas eletrônicas e acusou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de acobertar a invasão. "Se nós vivemos numa democracia e é difícil lutar enquanto tem liberdade, quando vocês (população) perderem a liberdade, vai ser difícil lutar".

Bolsonaro ainda disse aos apoiadores: "Eu perguntaria, agora aqueles que estão trabalhando por interesses pessoais, não são interesses do Brasil, se eles querem enfrentar uma eleição do ano que vem com a mácula da desconfiança, que não é de agora. E eu tenho a certeza que esse pessoal que votou ontem, cada vez mais, teremos mais gente a nosso favor."

Com a rejeição da proposta de emenda à Constituição do voto impresso (PEC 135/2019) na Câmara dos Deputados, o Congresso Nacional volta a concentrar esforços em pautas importantes para o país. A avaliação é de alguns dos senadores que usaram as redes sociais para comentar o arquivamento da proposta. 

“A Câmara dos Deputados enterrou de vez as discussões a respeito do voto impresso. Agora é olhar para frente e concentrar os esforços no que realmente importa, retomar a economia e investir na geração de emprego e renda”, apontou o líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM).

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Na mesma linha, a senadora Leila Barros (sem partido-DF) afirmou que o Brasil precisa se debruçar sobre problemas reais e superar as “múltiplas crises que enfrenta”: “Precisamos criar empregos, proteger a população que perdeu as condições mínimas de subsistência devido aos reflexos da pandemia, recuperar o tempo perdido na educação e dotar o SUS das condições necessárias para atender também aos curados da covid que ficaram com sequelas”. 

Para Weverton (PDT-MA), o foco do Congresso deve ser garantir a imunização de todos os brasileiros e colocar comida na mesa.

“Com o resultado da votação da Câmara, a discussão do voto impresso está encerrada. No próximo ano teremos eleições confiáveis, como sempre tivemos. Agora é hora de tratar dos assuntos que realmente interessam: vacina, combate à fome e emprego”, assinalou.

Já Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) lamentou a rejeição da proposta que determinava a impressão de “cédulas físicas conferíveis pelo eleitor”. 

“Estão acusando de golpista quem defende o símbolo da democracia: o voto! Congresso e sociedade divididos. Se nada fizer o TSE, por via até de portarias próprias, teremos eleições sob suspeita!”, escreveu.

Jorginho Mello (PL-SC) foi outro a lamentar a derrota do voto imprenso na Câmara. Segundo ele, o povo pede mais transparência nas eleições.

“O voto impresso, infelizmente, foi derrotado na Câmara dos Deputados. É incrível que isso tenha acontecido porque o que o povo defende, desde sempre, é simples: uma evolução do processo, para permitir mais segurança e transparência ao resultado das eleições”, argumentou.

Parte dos senadores que usou as redes para comentar a decisão do Plenário da Câmara avalia que o fim da tramitação da PEC do voto impresso representa uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro, defensor da proposta. 

“A Câmara calou fundo os golpistas! A Democracia não existe pela metade: ou se é um país democrático ou não, sem meio-termo! O desespero bolsonarista receberá a contundente e derradeira resposta em 2022, para todos os seus desmandos! Viva o Brasil!” comemorou Fabiano Contarato (Rede-ES).

Paulo Rocha (PT-PA) apontou que “Não adiantou afrontar a Câmara dos Deputados e a Justiça com as sucatas de tanques” enquanto que Jean Paul (PT-RN) escreveu: “Cai por terra agora a desculpa do presidente da República para tumultuar o processo democrático em nosso país”.

Além da derrota do voto impresso nesta terça-feira (10), Zenaide Maia (Pros-RN) destacou a aprovação pelo Senado do Projeto de Lei (PL) 2.108/2021, que revoga a Lei de Segurança Nacional (LSN). Para a senadora, o dia 10 de março marca uma dupla vitória da democracia:

“O Congresso deu duas demonstrações importantes contra o autoritarismo: na Câmara, foi rejeitada a PEC do voto impresso, retrocesso que só favorece as fraudes; no Senado, revogamos uma herança da ditadura: a Lei de Segurança Nacional. Viva a Democracia”.

A PEC do voto impresso, que já havia sido rejeitada em comissão especial, precisava de 308 votos no Plenário para seguir em tramitação, mas só alcançou 229.  A decisão encerra a tramitação da proposta e mantém formato atual de apuração.

*Da Agência Senado

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