Reitor 'não pode ser esquerdista', diz ministro

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarou que as reitorias de universidades federais não podem ser ocupadas por ‘esquerdistas’ ou ‘lulistas’. Segundo ele, país investirá em ensino técnico, já que ‘tem muito engenheiro dirigindo Uber’

por Kauana Portugal ter, 10/08/2021 - 12:07
Gustavo Sales/ Câmara dos Deputados O ministro Milton Ribeiro durante reunião Gustavo Sales/ Câmara dos Deputados

Em entrevista ao Sem Censura, programa da TV Brasil, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, titular da pasta há pouco mais de um ano, afirmou que para assumir a reitoria de uma instituição federal, “não precisa ser bolsonarista”, “mas não pode ser esquerdista, nem lulista”. 

“Alguns optaram por visões de mundo socialistas. Não precisa ser bolsonarista. Mas não pode ser esquerdista, nem lulista. Reitor tem que cuidar da educação e ponto final. E respeitar todos que pensam diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político, nem direita, muito menos de esquerda”, disse.

Ele sustentou ter um bom diálogo com apenas 20 a 25 reitores, das 69 instituições federais em funcionamento no Brasil. Deste número, de acordo com o ministro, dez já foram conversar presencialmente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Durante a entrevista, o ministro fez questão de destacar que a “autonomia universitária” não deve ser entendida como “soberania universitária”. Segundo ele, a eleição de reitores depende “da vontade dos alunos”, e “nesse primeiro momento, tem que saber conviver com isso”.

“Tem muito engenheiro dirigindo Uber”

Para Milton Ribeiro, que é pastor e ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, localizada em São Paulo (SP), os institutos federais de educação técnica são as “grandes vedetes do futuro”, pois “a universidade, na verdade, deveria ser para poucos nesse sentido de ser útil à sociedade”. Buscando enfatizar a colocação, o ministro declarou que “tem muito engenheiro dirigindo Uber”.

Estrutura física ou internet?

Milton Ribeiro garantiu que o Ministério priorizará escolas sem água encanada, esgoto tratado e energia elétrica antes de resolver a falta de internet nos locais.

“Tenho 3.440 escolas públicas sem água, 8.527 sem saneamento, 3.817 sem energia elétrica. Isso não quer dizer que vou virar as costas para a conectividade. Mas tenho que ter prioridades e essas são as minhas. O aluno da grande cidade tem condição bem melhor do que as 54 mil escolas rurais que tenho no Brasil. Além disso, nosso sinal de internet é muito rústico. Imagine o povo no meio rural. Vai por o tablet de enfeite na prateleira. Não vão ter o que fazer”, salientou.

Conteúdo “ideológico” e ENEM

Sobre a recorrente polêmica do “conteúdo ideológico nas escolas”, Ribeiro aconselhou os pais de alunos da educação básica a procurarem o conselho tutelar: “ Não posso fazer nada em relação a isso, mas os pais podem procurar autoridade pedagógica na cidade ou até mesmo o conselho tutelar”.

O ministro classificou ainda o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), principal forma de ingresso nas universidades públicas brasileiras, como “democrático”, tendo em vista que mais de 50% das inscrições são gratuitas.

“O Enem é uma prova caríssima. Não é para todo mundo. Não dá. O Enem é uma prova caríssima. Queremos que ela seja uma prova bem feita. Mas tem muita gente que pela gratuidade nem comparece. E então a gente gasta com impressão, correção que já contratei, local de prova. Dinheiro público desperdiçado. Esses tiveram que pagar”, finalizou.

Vale lembrar que o Ministério da Educação negou a isenção da prova àqueles que faltaram ao exame em 2020, ainda que em um cenário permeado pela pandemia da Covid-19.

 

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