Arthur Lira: minha reeleição não depende da de Bolsonaro
Em entrevista, também afirmou que a ida do presidente ao PL está definida, mas que o vice-presidente pode ser um indicado do PP
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), diz não trabalhar pensando na reeleição como líder da casa legislativa, mas considera a hipótese de que possui condições para encabeçar uma nova gestão. Apesar do seu comando na Casa estar vinculado à sua proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele acredita que sua reeleição não depende da do chefe do Executivo.
“A eleição da Câmara tem diversos componentes. Tem os nomes apresentados. Tem a situação política do momento. Tem toda uma estrutura pretérita de perfil, do que um pensa, o outro não pensa. É determinante o apoio do governo? É. Às vezes um governo se elege e quer ter um candidato, e ajuda. Mas não só isso. Muitos governos foram derrotados nas suas iniciativas, inclusive recentemente”, disse, em entrevista à Folha, divulgada nesta segunda-feira (22).
“Eu sou candidato à reeleição no meu Estado. Aí [a reeleição como presidente] os deputados é que vão resolver. Tenho a possibilidade de ser, diferentemente de outros momentos em que tentou se alterar a Constituição. Mas tem muitas variáveis, não trabalho pensando nisso”, continuou o parlamentar.
Segundo o deputado, a filiação de Bolsonaro ao PL, de Valdemar Costa Neto, está definida e há possibilidade de o candidato a vice da chapa ser do PP, mas não do presidente se filiar ao Progressistas.
“Há uma vontade, que ele sendo do partido da base, possa escolher o vice de outro partido que possa se coligar. Tem um caminho longo ainda. Tem o Republicanos, Progressistas, partidos que podem compor. Então é normal que possa sair um vice do Nordeste ou de Minas. Um estado que possa balancear”, respondeu, sobre a hipótese do vice-presidente ser um progressista.
Quanto à união de PP e PL, acredita que é preciso alcançar uma estabilidade antes. Lira também comentou sobre o desempenho, por região, da tese da ida de Bolsonaro à legenda.
“Temos que caminhar para um sistema mais estável. Na Câmara temos 28 partidos orientando. Tem que procurar composições. As federações vão ajudar. O que restringe é o rigor da lei, quatro anos de união. A nível nacional, são partidos que pensam igual, de centro, dão governabilidade. E 'ai' do país se não tivesse esses partidos de centro”, disse.
E continua, reafirmando a resistência para aceitação de Bolsonaro no Nordeste, incluindo nas bancadas políticas: “O presidente Ciro [Nogueira] conversou com todo o partido, houve apoio forte do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte. E resistência no Nordeste. Pragmaticamente, o partido aumentaria suas bancadas com a vinda do presidente Bolsonaro. [...] Individualmente, para um ou outro poderia não ser [bom]”.