Gleide Ângelo promete monitorar inquérito de Pedro Eurico

Delegada afirma que "não há condescendência" com esse tipo de crime "independente de quem seja o autor dos fatos, o cargo ocupado ou a sua condição socioeconômica"

por Vitória Silva qui, 09/12/2021 - 18:12
Américo Santos A delegada e deputada estadual Gleide Ângelo Américo Santos

Referência no combate à violência contra a mulher em Pernambuco, a deputada estadual e delegada de polícia Gleide Ângelo (PSB) se manifestou publicamente, nesta quinta-feira (9), sobre as denúncias de agressão e ameaças protocoladas contra o ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico. O agora afastado chefe da pasta foi indiciado pela Polícia Civil em um inquérito que pode tratar de até cinco crimes, nos quais a vítima é a ex-esposa do indiciado, a economista Maria Eduarda Marques de Carvalho. Para a delegada, “não deve haver condescendência com qualquer tipo de violência praticada, independente de quem seja o autor dos fatos, o cargo ocupado ou a sua condição socioeconômica”.  

Ângelo também afirma que ela e sua equipe estarão acompanhando o processo junto ao Ministério Público do Estado (MPPE) e ao Judiciário.

“Estamos todos aguardando o pronunciamento oficial da PC para informar à sociedade qual foi o desfecho desse inquérito. Também estaremos no MPPE e no Judiciário acompanhando todo o procedimento que será também feito por essas duas instituições. Eu reafirmo com vocês, em Pernambuco, violência contra a mulher é tolerância zero, independente de quem seja o autor do crime”. 

 

O inquérito policial foi concluído nesta quinta-feira (9) e encaminhado ao MPPE, mas o resultado da apuração ainda não foi divulgado em virtude dos parâmetros legais. Os autos estão sendo analisados pela 7ª Promotoria de Justiça Criminal do Paulista, de acordo com o MPPE. 

“Como mulher pernambucana, como delegada de polícia e como deputada estadual, aguardo um posicionamento das instituições de justiça (Ministério Público e Poder Judiciário) quanto às denúncias feitas pela vítima e agora, com o indiciamento apresentado contra o ex-secretário pela Polícia Civil de Pernambuco. Em Pernambuco, a violência contra mulher tem que ser tolerância zero”, concluiu a parlamentar em sua publicação. 

Pedro Eurico pode ter sido indiciado por cinco diferentes crimes previstos no Código Penal Brasileiro (CPB). São eles o de perseguição e ameaça à integridade física ou psicológica (174 A); dano emocional à mulher (147 B); lesão corporal em caso de violência doméstica (129 parágrafo 9); estupro consumado e estupro tentado (213 e 213 com 14.2).  

Além disso, segundo os defensores, ele responde pelo artigo 24 da Lei Maria da Penha, ou seja, descumprimento de medidas protetivas de urgência. A informação é do G1, com base em declaração da defesa de Maria Eduarda, mas a Polícia Civil ainda não confirmou as acusações. 

A denúncia 

Maria Eduarda Marques de Carvalho tornou sua denúncia pública em entrevista concedida ao G1 e veiculada nessa terça-feira (7). A vítima relatou que cerca de 10 boletins de ocorrência foram registrados desde que seu relacionamento com Pedro Eurico começou, nos anos 2000. Em mais de duas décadas, o matrimônio foi marcado por episódios de agressões físicas e psicológicas. Desde novembro, segundo a economista, as ameaças de morte e tortura psicológica se agravaram e ela decidiu ir à mídia por temer a própria morte. O boletim mais recente foi registrado no último mês. 

 “Eu não tinha mais condições de continuar vivendo do jeito que eu estava vivendo, sendo ameaçada, sendo perseguida. Então, eu achei que estava muito próxima da morte. Por conta disso, eu resolvi falar para que não apareça depois apenas a notícia: ela morreu. Eu gostaria apenas de viver. Muita vontade de viver ainda”, declarou. 

A mulher alegou, ainda, que Pedro Eurico vinha fazendo mais ameaças nos últimos tempos, com insinuações sobre o que poderia fazer com ela. “[Ele] me acordava de madrugada dizendo que eu saísse de casa naquela hora porque ele tinha acabado de sonhar que me matava. Outro dia, ele dizia que ia acontecer um acidente, ia aparecer um acidente e ninguém ia desconfiar que era ele que tinha mandado fazer alguma coisa”, afirmou. 

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