Mauro Cid sobre joias: 'pior é que tudo está documentado'

Mensagens trocadas entre o tenente e Wajngarten, obtidas pelo UOL, mostram preocupação com a chegada do caso à mídia

por Vitória Silva sab, 02/09/2023 - 10:39
Lula Marques/Agência Brasil Mauro Cid durante depoimento à CPMI do 8/1 Lula Marques/Agência Brasil

Trechos de mensagens trocadas entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, em março deste ano, pelo WhatsApp, acabaram de se tornar públicos. De acordo com o portal UOL, que obteve acesso aos registros, o militar e ex-aliado da Família Bolsonaro, ao tomar conhecimento de que o escândalo das joias sauditas havia se tornado alvo de investigação, contou ao colega que “o pior é que está tudo documentado”. 

O caso diz respeito a um suposto esquema de lavagem de dinheiro e desvio de patrimônio público, feito através da revenda e compra de joias e itens de luxo presenteados à República brasileira, durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL). Cid e seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, estão no centro da investigação, como possíveis facilitadores das vendas. O tenente-coronel também foi ajudante de ordens de Bolsonaro, prestou serviços à Michelle e tinha uma relação próxima com a família. 

Ao tomar conhecimento da descoberta do colar e brincos com diamantes presenteado pelo governo saudita à Presidência do Brasil, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), escreveu, em 3 de março deste ano, ao advogado e ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten que "o pior é que está tudo documentado". 

O diálogo foi obtido pela colunista Juliana Dal Piva. Ainda segundo a jornalista, as mensagens foram enviadas a partir das 19h36 de 3 de março. Este foi o dia em que o Estadão revelou que as peças, avaliadas em cerca de R$ milhões, foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em 2021, com um assessor do ex-ministro de Minas Bento Albuquerque e que o ex-presidente tentou recuperar os itens antes de viajar para os Estados Unidos, em dezembro de 2022. 

Após receber a reportagem de Cid, Wajngarten escreve ao militar: "Eu nunca vi tanta gente ignorante na minha vida". No diálogo, porém, não fica claro a quem o advogado se refere. Cid então responde a Wajngarten: "Difícil mesmo. O pior é que está tudo documentado". Na sequência, o advogado pergunta: "Documentado como? Explique-me por favor". O ex-ajudante de ordens enviou uma série de mensagens em seguida, porém, as apagou e a coluna não teve acesso ao registro antes da exclusão. 

No mesmo dia 3, Cid teria gravado um áudio dizendo: "O presidente só ficou sabendo no final do ano, quando o chefe da Receita [Federal] avisou que tinha um bem presenteado para ele que tava ali. Então foi só bem no final do ano que ele ficou sabendo. Não sei dizer a data. Tanto que, em 2022, ninguém tocou nisso aí. Por isso, que entrou para leilão porque ficou mais de um ano". O chefe da Receita Federal, na ocasião, era Julio César Vieira Gomes. 

Na gravação, Cid faz referência a um leilão da própria Receita para itens apreendidos por sonegação de impostos. No entanto, após a eclosão do escândalo, a medida foi suspensa, e o caso das joias passou a ser investigado. O kit estava com o ex-assessor do então ministro Bento Albuquerque, Marcos André dos Santos Soeiro, que participou da comitiva no Oriente Médio, em 26 outubro de 2021. 

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