Público compensa o esforço da 'Paixão de Cristo do Recife'
No ano em que quase não aconteceu por dificuldades financeiras e de estrutura, espetáculo encantou as pessoas que lotaram a praça no Bairro do Recife para assisti-lo
Este Sábado de Aleluia (31) foi de muita chuva ao longo do dia na capital pernambucana, apesar disso, o público não temeu o mal tempo e foi à Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife, para assistir à segunda noite de apresentações da Paixão de Cristo do Recife. Além de ser um evento tradicional da época de Páscoa na cidade, o momento de dificuldade enfrentado pelo espetáculo - que chegou a ser anunciado como cancelado - e um novo Cristo em cena - interpretado pelo ator Hemerson Moura, em substituição a José Pimentel, que deu vida ao personagem por quatro décadas - estimularam os recifenses a comparecerem para conferir o trabalho de resistência dos atores e as novidades da montagem nesta edição.
O espetáculo conta os últimos momentos de Jesus antes da ressurreição e é tradição sua montagem em inúmeras cidades do País e do mundo, que compartilham da cultura cristã. No Recife, o espetáculo vem se repetindo há 22 anos, sob a batuta do diretor e ator José Pimentel. Em seus primeiros anos, quando ainda era chamada A Paixão de Todos, a montagem era apresentada no Estádio do Arruda e, em seguida, teve o Forte do Brum como palco. No Marco Zero, a Paixão conta com um palco principal de 20 metros de largura por 16 de profundidade, interligado a dois outros palcos, onde 100 atores e 300 figurantes encenam uma das mais famosas histórias do ocidente.
O público chegou cedo para garantir um lugar perto do palco. Maria da Silva, de 60 anos, mora nas proximidades do Forte do Brum e veio ver, novamente, a presentação. Ela fez questão de prestigiar a estreia, na última sexta (30): “Já faz parte da nossa Páscoa, todo ano eu vou vir agora”. Ela aprovou o ‘novo Jesus’, o ator Hemerson Moura: “Ele é muito bonito, eu gostei”. A família De Sóstenes da Silva, 58 anos, e Alexsandra Gonzaga, 41, também chegou cedo, vindos da Iputinga. Eles reclamaram da pouca quantidade de cadeiras disponibilizada na praça: “Não tem as três mil cadeiras que foi anunciado no rádio”, disse Sóstenes. Apesar da surpresa, eles garantiram que ficariam para ver o espetáculo pela primeira vez. E afirmaram estar torcendo pelo ator estreante: “Espero que ele se dê bem”, disse Alexsandra.
A plateia ficou cheia, ainda que muitos em pé, e só deixou o Marco Zero após a cena final da peça. Telões colocados nas laterais do palco ajudaram aqueles que ficaram mais distante. No encerramento da noite, o diretor José Pimentel subiu ao palco para agradecer ao público e à equipe por mais um ano de Paixão de Cristo do Recife. Emocionado, ele prometeu rever a todos em 2019: “Tenho certeza que ano que vem, estaremos aqui de novo”, disse sob as palmas do público. Neste domingo (1º), uma última apresentação encerra esta temporada, às 20h.