Flautista mergulha na cultura do Pará em ritmo de carimbó
Com grupos parafolclóricos, dançarina e musicista Fernanda Anjos divulga a tradição musical paraense no Brasil e no mundo
O carimbó é um ritmo típico paraense que faz parte da vida e história de milhares de pessoas no Estado e no país. Além de ser tombado como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, o carimbó muda a vida de quem o escolhe como carreira. É o caso de Fernanda Anjos, que faz parte de sete grupos de carimbó, sendo cinco como flautista e três como dançarina.
Fernanda começou a sua trajetória na música aos seis anos de idade, quando se interessou pela flauta doce. Após isso, ela passou a aprender mais sobre o instrumento e fez parte de projetos sociais na Aldeia Amazônica, onde ficou sabendo sobre a seleção para o programa Vale Música. A partir daí, em 2004, ela começou os estudos de musicalização e se apaixonou pela flauta transversal, seu instrumento até hoje.
Para a musicista, o carimbó já abriu diversas oportunidades de viagens, apresentações e premiações dentro e fora do país. “O carimbó já me levou para diversos festivais nacionais e internacionais de folclore. Com o grupo Frutos do Pará eu tive o privilégio de conhecer o maior festival nacional de folclore do Brasil, que é em Olímpia, São Paulo. Também fomos pra festivais como Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, Festival Internacional de Nova Petrópolis, Festival Internacional de Quinta do Sol no Paraná e muitos outros. Já com o Iaçá Luterana eu pude representar o Brasil na Europa, participando do projeto da Kinder Cultura Caravana da UNESCO e UNICEF. Foi uma turnê de três meses passando pela Alemanha, Suíça e França”, informa.
O ritmo paraense é geralmente conduzido e cantado por homens. Fernanda afirma que para ela é uma conquista conseguir abrir espaço para a estética feminina dentro dos grupos musicais por onde passou. “Quando eu comecei a tocar, a presença feminina nos grupos musicais parafolclóricos era bem pequena. Então, a mulher naquela época não tinha um espaço visual estético dentro do musical, ela sempre usava as mesmas roupas que os homens, sem essa diferenciação. Ao longo do tempo eu consegui impor a minha presença feminina estética em todos os grupos por onde eu passei e particularmente eu coloco isso como uma conquista, um marco na minha vida enquanto musicista”, relata.
Apesar dos vários desafios que envolvem o fazer música na Amazônia, Fernanda conta que foi um baque passar do estudo erudito para grupos folclóricos, em que o saber é muito mais na prática. “Foi desafiador, já que na cultura popular os músicos tinham um conhecimento mais empírico. Eu já não usava partitura nas apresentações com os grupos folclóricos como eu usava na orquestra e nas bandas sinfônicas com o maestro. Na cultura popular, os músicos escutam as músicas e depois vão reproduzindo, pegando de ouvido, já é um outro formato. Com o tempo eu fui aprendendo e tendo domínio. Hoje em dia eu toco e danço com vários grupos em Belém”, observa.
Fernanda Anjos ama a cultura popular regional desde bem pequena e tem planos para projetos futuros que incentivem outras pessoas, jovens, crianças ou adultos, a imergir nos ritmos paraenses. “Eu ainda pretendo realizar um recital de flauta transversal com repertório todo da cultura popular.”
Por Ana Lúisa Rodrigues (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel).