Presidente do Náutico assume erros e promete melhorias

Em entrevista ao Portal LeiaJá, Glauber Vasconcelos relembrou o primeiro mandato no clube e falou sobre o planejamento para 2015

por Clauber Santana qua, 12/11/2014 - 19:11
Fernando da Hora/LeiaJáImagens/Arquivo Fernando da Hora/LeiaJáImagens/Arquivo

O calendário de 2014, no lado direito da mesa do presidente do Náutico, Glauber Vasconcelos, já está escanteado. Afinal, 2015 chegou mais rápido do que o esperado. E com várias lições. “Reconheço que erramos”, declara, em uma das revelações da entrevista exclusiva ao Portal LeiaJá (apesar da prévia publicação, e não autorizada, da assessoria do clube). Foram vários jogadores contratados - mais de 50 -, muitas apostas e poucos acertos. Neste mês de novembro, o planejamento do Timbu foi iniciado para que o roteiro não se repita, e há a promessa: “Esbarramos em limitações que, no próximo ano, não vão acontecer”.

O reconhecimento dos erros - e também dos acertos -, o faz retornar ao dia 2 de janeiro de 2014, quanto tomou posse como presidente do clube que ama. Uma retrospectiva deste ano, que como ele próprio diz, foi de entendimento do clube, é inevitável. Até porque as cobranças são muitas. “Não há um dia que não se fale em patrocínio aqui”, reconheceu sobre uma de suas promessas de campanha. Mas prestes a iniciar seu segundo e último ano à frente do Náutico, Glauber Vasconcelos espera que 2015 seja de mais soluções do que problemas, principalmente porque é, novamente, ano de eleição no clube. E uma decisão já foi tomada: “Não serei candidato, mas nós (MTA) teremos candidato”.

Em quase uma hora de conversa com o Portal LeiaJá, nos Aflitos, o presidente do Timbu, Glauber Vasconcelos, foi franco. Apontou os erros de sua gestão. Falou sobre o planejamento para 2015, revelou que pretende diminuir despesas no clube para não atrasar salários. Esta, aliás, será sua grande missão. Pediu por diversas vezes o apoio dos alvirrubros. Tudo para que, no final do ano, o presidente volte para o meio da torcida com a sensação de que fez a sua parte. 

Primeiro ano de gestão: “Tivemos que começar a trocar o pneu do carro com o carro andando”

-Acho que o primeiro ano foi de entendimento. Não tínhamos as informações completas e a transição não veio com informações completas. Não se tinha apresentação com respeito ao orçamento. Havia jogadores que estavam quitados, que não teriam pendências, certidões e, quando viemos para o clube, a realidade era diferente do que foi dito ou apresentado. Tivemos que começar a trocar o pneu do carro com o carro andando. E, aí, as coisas aconteceram. Tivemos muitos acertos e muitos erros. Reconheço que erramos. Talvez deveríamos ter feito um time menos robusto. Mas se lembrar que em 2014, quando o Náutico quase caiu pra Série C, teve 86 jogadores ao longo do ano. Ano passado, teve sete técnicos. Tivemos (este ano) três técnicos, pouco mais de 50 jogadores, fomos vices e decidimos em casa. Óbvio que queríamos ser campeões e estar na Série A. Mas esbarramos em limitações que, próximo não, não vão acontecer. Porque vamos planejar, já estamos trabalhando. Fizemos um time ao longo da competição e cometemos vários enganos, trouxemos apostas que não funcionaram. Mas quero lembrar que tivemos problemas: Carmona machucou, Luiz Alberto machucou. Só esses dois já ajudariam muito a compor o elenco. Teríamos mais qualidade. Mas todo engano serve de lição. E nós aprendemos muito esse ano. Espero não cometer os mesmo enganos e errar muito menos.

Tenho compromisso com as pessoas, com o torcedor, com sócios, empregados e jogadores. Dói muito, me tira o sono fato de que estar aqui e encontrar uma pessoa humilde que ganha pouco e não poder pagar em dia ela. Isso é o pior que existe. Ser vice-campeão, perder um título é muito ruim. Mas não conseguir honrar compromissos que levem desgaste e infelicidade das pessoas é muito ruim.

Promessas: “Não conseguimos o patrocínio, mas fizemos a auditoria”

-Nós tivemos algumas promessas e vou enumerar algumas coisas que aconteceram. Lançamos uma campanha de sócios séria. Vou conclamar o torcedor: se associe, companheiro, chegue junto e ajude seu clube. Sem você esse clube não tem futuro. Essa frase que unidos somos fortes não é demagogia, é realidade. Não tivemos a felicidade que esperávamos na campanha de sócios. A expectativa que tínhamos é que a torcida chegasse junto, mas não chegaram tanto quanto esperávamos. Fizemos uma série de tentativas de viabilizar o patrocínio tão sonhado. Falamos na época (da eleição) que tínhamos alguns patrocínios adiantados. E tínhamos mesmo. Tínhamos uma grande empresa multinacional, mas infelizmente o mercado desaqueceu e ela postergou a possibilidade. Mas voltamos o assunto agora. Tinha a expectativa da Caixa Econômica. Fomos atrás acompanhados de Humberto Costa, Bruno Araújo, Jorge Côrte Real, pessoas de peso, que poderiam viabilizar se fosse possível o patrocínio junto à Caixa. Não conseguimos porque nós tínhamos fiscais do clube, que não foram construídos esse ano. São problemas de uma data longa, de uma vida de 113 anos de clube. Não conseguimos o patrocínio, mas fizemos a auditoria patrimonial para conhecer o clube, focado em identificar o clube. Fizemos segmentadas para o patrimônio para entender as mutações, o que aconteceu no clube. A apresentação foi feita e passamos ao Conselho. Algumas das promessas foram feitas. Não conseguimos o patrocínio. Era a intenção, desejo e a expectativa era forte, mas não conseguimos. Temos problemas de caixa para pagar jogadores. De atender esse anseio que é pagar em dia o clube.

Saúde financeira do clube: “Teremos o master, revisão de receitas e de despesas”

-Não há um dia que não se fale em patrocínio aqui. Fizemos contato com 46 empresas, tenho registro. Mas esse ano foi um ano de eleição, Copa do Mundo e de muitos problemas para empresas. Para o próximo, ano reabrimos contato com uma grande empresa que está se instalando em Pernambuco, duas grandes empresas que estão rodando e temos um contato de São Paulo que está trabalhando para gente e uma empresa contratada de prospecção de patrocínio. Fizemos algumas tentativas para viabilizar negociações com jogadores para entrar caixa. No próximo ano teremos o master, revisão de receitas e de despesas. Depois de acabar o campeonato, vamos dedicar para ajustar despesas. Tem um trabalho sendo feito junto ao TRT para reduzir fortemente o que se paga mensalmente. É justo pagar, afinal de contas foi criado um passo trabalhista que tem de ser honrado. Mas estamos trabalhando para quitar esse assunto para entrar em 2015 com esse problema minimizado.

Folha salarial: “O certo é pagar em dia”

-A ideia é que a gente tenha uma redução muito séria. Conversei com alguns clubes da Série B e tem time que está entre os quatro, tirando o Vasco, que chega a ser o dobro da nossa folha. Tem gente que está na beirada do G4, que passa pelo dobro da nossa folha. Esse problema de atrasar não é só nosso. Os vizinhos atrasam, vários clubes atrasam. Alguns que estão na nossa frente atrasam. Mas isso não é o certo. O certo é pagar em dia.

Fazer futebol com pouco: “Colocamos o estepe para o próximo ano”

- Já estamos fazendo o planejamento. Já colocamos o espete para o próximo ano. Vamos contar com alguns jogadores experientes e fortemente com a base do clube. E, aí, preciso dos sócios que estejam juntos, que o torcedor se associe para aumentar a capacidade da gente. Temos meninos da base que entraram bem, como David, João Ananias, Hélder, temos Flávio, revelação do Pernambucano. Temos uma série de opções para compor com o principal. E tentar manter diversos jogadores que são interessantes para o clube e que a torcida aprender a gostar. Certamente vamos entrar na Copa do Nordeste muito mais estruturados. 

Contratações por empréstimo: “Não vamos encher o clube de jogadores a esse custo”

Quem não gostou de nós ter trazidos Julio César? Além de ser uma pessoa de caráter fantástico, foi uma grande aquisição e a torcida é louca por ele. O próprio Sassá, menino bom, com custo baixo. Riso, Cañete, jogadores que vieram nessa parceria e que tem de ser renovado. Essas equipes têm elencos grandes e precisam colocar pra jogar. Temos necessidade de colocar pra jogar. Mas não vamos encher o clube de jogadores a esse custo. Vamos trazer jogadores para as situações que estamos precisando.

Arrendamento dos Aflitos: “É a bala de prata, não podemos errar”

- A comissão sobre este assunto está andando, é do Conselho Deliberativo. Estamos acompanhando o que acontece. Não temos decisão sobre esse assunto, que precisa ser aprovado pela comissão que vai para o pleno do Conselho e depois para assembleia de sócios. E, aí, terá uma decisão do que fazer. Se topa ou não topa. Entendo que é uma decisão dos sócios para os sócios. Tem de ser discutido. Na minha opinião, é aquela bala de prata, não podemos errar.

Expectativa para 2015: “Espero conseguir atingir as metas que não conseguimos este ano”

- Espero, no dia 31 de dezembro de 2015, quando tiver saindo do Clube Náutico Capibaribe, sair como entrei. Com responsabilidade e meu nome intacto. Espero ter feito muitos amigos. Ter saído com mais amigos que entrei. Espero que tenhamos um 2015 de muito sucesso e conseguir atingir as metas que não conseguimos esse ano. E na eleição fazer o sucessor. Não serei candidato, mas nós (MTA) teremos candidatos. A ideia é fazer um trabalho a longo prazo, de recuperação e fazer um clube organizado para o futuro. Eu, saindo da presidência, vou para o lugar que mais gosto que é no meio da torcida. 

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