Para religiosos, Thiago Braz pode ter tido ajuda mística

Em entrevista ao LeiaJá, religiosos comentaram uma declaração do treinador francês. Philippe d'Encausse disse que Braz contou com a ajuda de 'forças do cadomblé' para ganhar o ouro no salto com vara

por Paula Brasileiro ter, 16/08/2016 - 16:43
Reprodução/Twitter O brasileiro desbancou o francês Renaud Lavillenie Reprodução/Twitter

Na noite dessa segunda-feira (15), o mundo assistiu à vitória do brasileiro Thiago Braz sob o francês Renaud Lavillenie, na competição de salto com vara, com um salto de 6,03m de altura - cinco centímetros a mais que o do segundo colocado. Após o resultado, o treinador do medalha de prata, Philippe d'Encausse, afirmou em entrevista que Braz teria sido ajudado por "forças do candomblé". A declaração chamou atenção e sacerdotes da religião de matriz africana se posicionaram quanto ao fato. 

Em entrevista ao jornal Le Monde, Philippe d'Encausse justificou a medalha de ouro do brasileiro como mérito de forças místicas: "Thiago conseguiu um salto de 6,03m. Ele pode ter contado com a ajuda de forças místicas, talvez as do candomblé". O treinador ainda completou: "(O Brasil) é um país bizarro". O atleta brasileiro chegou ao lugar mais alto do pódio, desbancando o francês Renaud Lavillenie e ainda conquistando a marca do recorde olímpico, além de ter feito história com o primeiro ouro masculino da modalidade. 

Nesta terça-feira (16), o Portal LeiaJá conversou com alguns religiosos do candomblé sobre as declarações do treinador. Para Alexandre L’Omi L’Odò, historiador e mestrando em Ciências da Religião, além de sacerdote, Philippe d'Encausse reproduziu um senso comum que os estrangeiros costumam ter sobre o Brasil. "Eu compreendo que as pessoas de fora tenham essa visão mística do País, que é uma visão até bem correta", disse se referindo às religiões de matriz indígena e africana professadas aqui. Para L'omi, a colocação do francês faz bastante sentido: "Se ele achou que houve essa ajuda ele pode ter certeza que teve, porque nós temos orixás, vuduns, inquices, encantados da Jurema, um mundo espiritual muito forte e expressivo que não é respeitado, pois o nosso país é comandado por uma cultura que acredita que as religiões européias são dominantes", disse. 

Para o Babá Jefferson ty Osalá Lufãn, pai de santo da casa Centro Espírita Cigana Saray, localizado na Zona Norte do Recife, essa ajuda espiritual é perfeitamente possível nos esportes. "Pode ser que o próprio Thiago tenha procurado forças para vencer esta batalha. Quando os orixás são procurados para ajudar, eles ajudam com toda certeza", disse. O sacerdote afirma, inclusive, que é comum que atletas de diversos esportes procurem apoio nestas religiões: "Se procuram, basta ter fé e fazer tudo que for necessário que será vitorioso em sua trajetória".

Alexandre L'omi L'odò compartilha da mesma visão: "Além da competência do atleta (Thiago) que fez por merecer o título, não é simplesmente algo divino que o fez ganhar, mas naturalmente a confluência das boas energias e bons pensamentos do povo brasileiro. A partir do momento que você emana sua energia interna junto a energia de outras pessoas para o bem, com certeza voê chegará ao seu objetivo. É como a força de uma oração ou uma reza católica. Tudo é energia".  

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