Estudo liga chumbo a uma em cada seis mortes nos EUA
Os pesquisadores calcularam que para as pessoas com grande concentração de chumbo no sangue (ao menos 6,7 mg por decilitro) o risco de se morrer precocemente aumenta em 37%
Ao menos uma a cada seis mortes nos Estados Unidos pode estar relacionada à exposição ao chumbo, um metal pesado com alta presença no ambiente, revela um estudo publicado nesta segunda-feira na The Lancet Public Health.
"Nossas conclusões sugerem que das 2,3 milhões de mortes a cada ano nos Estados Unidos, ao menos 400 mil podem ser atribuídas à exposição ao chumbo, uma estimativa dez vezes superior à atual". Esta cifra, "surpreendentemente alta", é "comparável ao número de mortes que atualmente se atribui ao cigarro".
O estudo foi realizado com mais de 14 mil pessoas durante quase 20 anos em média, entre 1990 e 2011. Os pesquisadores calcularam que para as pessoas com grande concentração de chumbo no sangue (ao menos 6,7 mg por decilitro) o risco de se morrer precocemente aumenta em 37%, e o de sofrer um problema cardíaco dobra.
"Baixos níveis de exposição ao chumbo são um fator de risco importante, mas muito ignorado, de morte por doença cardiovascular", destaca um dos autores do estudo, Bruce Lanphear, da universidade canadense Simon Fraser.
O estudo questiona "a ideia de que existam 'níveis seguros' de tóxicos específicos, como o chumbo", diz Lanphear. O chumbo é um metal abundante na natureza e com múltiplos usos na indústria. Sabe-se que é tóxico há muito tempo e que provoca o saturnismo, entre outras doenças.
A exposição ao chumbo é decorrência do contato com combustíveis, pinturas, encanamentos e até alimentos. Nas últimas décadas, foram impostos limites às emissões contaminantes, tanto nos Estados Unidos como em outros países.
Segundo o epidemiólogo Philip Landrigan, o estudo "sugere que chegou o momento de abandonar o descuido com o papel da contaminação na mortalidade por doença não contagiosa".
"Este estudo mostra uma forte associação entre o nível de chumbo no sangue e o futuro risco de um ataque do coração e de morte", destaca um professor de cardiologia da Universidade de Sheffield (Grã-Bretanha), citado pelo Science Media Centre.