Entenda quem luta contra quem no conflito na Síria

Guerra envolve interesses geopolíticos de vários países

qui, 15/03/2018 - 09:19
AMER ALMOHIBANY/AFP AMER ALMOHIBANY/AFP

Mais do que um sangrento conflito interno, a guerra civil na Síria, que já dura sete anos e contabiliza mais de 500 mil mortos, envolve interesses geopolíticos das maiores potências do planeta e atores importantes no Oriente Médio. Veja abaixo quem é quem no conflito no país árabe: Bashar al Assad - No poder desde 2000, o atual presidente da Síria é filho de Hafez al Assad, que comandou o país com mão de ferro entre 1971 e 2000.

Assad é alauita, seita muçulmana que deriva da vertente xiita, mas não é conhecido pela religiosidade e sempre manteve um governo laico, embora repressivo. Em março de 2011, a falta de liberdade, o desemprego e a corrupção motivaram manifestações contra o presidente, que foram duramente sufocadas. Isso levou a uma rápida escalada na violência, e adversários do regime pegaram em armas.

Rússia - Principal escudo de Assad no cenário internacional, a Rússia vê na guerra da Síria uma oportunidade de preencher o vácuo deixado pelos Estados Unidos e ampliar sua influência no Oriente Médio, fortalecendo também a imagem de Vladimir Putin como líder perante seus eleitores.

Moscou já vetou diversas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o regime de Damasco e tem dado apoio aéreo às forças de Assad na luta contra rebeldes e grupos terroristas.

Além disso, a Síria é geograficamente próxima à Rússia, que, já cercada pela União Europeia no Velho Continente, vê riscos para sua influência no caso de uma eventual "ocidentalização" da nação árabe. A Síria também abriga a única base naval russa no Mediterrâneo, em Tartus.

Irã - No Oriente Médio, o principal aliado de Assad é o xiita Irã, que fornece a Damasco armas, recursos financeiros e apoio militar. Seu objetivo é evitar que milícias sunitas dominem o país e se contrapor às ricas monarquias dessa vertente do islã no Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, que apoia os rebeldes.

Hezbollah - Também xiita, o grupo libanês Hezbollah é um antigo aliado do Partido Baath, que dá sustentação à família Assad, e teve papel crucial na retomada de Aleppo pelo regime, no fim do ano passado. Sua participação na guerra, assim como a de milícias iraquianas xiitas, se deve aos mesmos motivos do Irã.

EUA - Com Barack Obama, os Estados Unidos declararam apoio aos rebeldes e pediram a queda de Assad. No entanto, Washington não se envolveu diretamente no conflito até 2014, quando passou a bombardear alvos do grupo jihadista Estado Islâmico. Ainda assim, o regime de Damasco não havia sido atacado até abril de 2017, quando o sucessor de Obama, Donald Trump, ordenou o lançamento de mísseis contra a base militar de Shayrat.

O republicano pretende marcar a presença dos Estados Unidos no Oriente Médio, reduzida durante os mandatos de Obama. O país lidera uma coalizão internacional contra o EI.

Turquia - Membro da aliança militar comandada pelos EUA e de maioria sunita, a Turquia defende a queda de Assad e dá apoio a grupos rebeldes. Ancara também aproveita suas incursões na Síria para atacar milícias curdas, consideradas terroristas pelo governo turco.

Arábia Saudita - A nação mais rica do Golfo Pérsico fornece apoio declarado a rebeldes e já foi criticada por suas relações ambíguas com o Estado Islâmico. Riad ameaçou intervir militarmente para derrubar Assad e conta com o apoio das outras monarquias sunitas da região: Bahrein, Jordânia e Emirados Árabes Unidos.

Curdos - Apoiados pesadamente pelos EUA e pela União Europeia, os curdos tiveram papel preponderante no combate ao EI no norte da Síria, principalmente na reconquista de Kobane. As milícias dessa etnia podem se aproveitar do enfraquecimento de Assad para ampliar seu poder e fortalecer sua luta por autonomia.

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