Dólar cai a R$ 3,93, mas tem quarta semana seguida de alta
Investidores desmontaram posições defensivas no câmbio, mas profissionais nas mesas de operação destacam que foi um movimento pontual, estimulado pela fraqueza do dólar lá fora
O dólar fechou a sexta-feira, 3, acumulando alta semanal de 0,19%, a quarta semana consecutiva de valorização. A sessão desta sexta foi influenciada principalmente pelo ambiente externo, em novo dia de queda da moeda americana no mercado financeiro internacional. No mercado doméstico, o noticiário foi esvaziado e a expectativa maior é para o início dos trabalhos na comissão especial que vai analisar a reforma da Previdência, previsto para terça-feira (7). Nesta sexta, o dólar caiu 0,52%, a R$ 3,9390.
Investidores desmontaram posições defensivas no câmbio, mas profissionais nas mesas de operação destacam que foi um movimento pontual, estimulado pela fraqueza do dólar lá fora e que os próximos passos da Previdência recomendam cautela. Também contribuiu para retirar pressão do câmbio uma captação de recursos no exterior. Com forte demanda, a Marfrig captou US$ 1 bilhão em bônus, superando o objetivo inicial de ofertar US$ 750 milhões. A procura pelos investidores chegou a US$ 2 bilhões, segundo bancos participantes da operação.
"Há um receio grande no mercado de que a reforma da Previdência possa ser mais diluída", destaca o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcisio Rodrigues Joaquim. Por isso, ele não vê tendência de a moeda cair abaixo dos R$ 3,90 por enquanto, a menos que apareçam desdobramentos concretos sobre a reforma. Além disso, os investidores estrangeiros seguem fora do mercado brasileiro, aguardando as medidas da Previdência avançarem, o que é um fator a mais para manter o câmbio pressionado.
O dólar caiu no exterior, perante divisas fortes, como o euro, e de emergentes, como o peso mexicano, e o rand da África do Sul. Dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos surpreenderam na criação de vagas em abril, mas o aumento dos salários veio aquém do esperado, o que trouxe de volta ao radar dos investidores a possibilidade de corte de juros na maior economia do mundo. Entre os economistas, a visão é de manutenção das taxas.
O economista do Credit Suisse, Jeremy Schwartz, minimiza a chance de redução dos juros e ressalta que o relatório "misto" de emprego apoia a estratégia do Federal Reserve de "esperar para ver". O banco espera que os juros sejam mantidos nos próximos meses pelo Fed. Hoje novos dirigentes do BC americano reforçaram a visão de que a inflação está fraca nos EUA, contribuindo para queda adicional do DXY, índice que mede o comportamento do dólar perante uma cesta de divisas fortes. Na quarta-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a inflação baixa se devia a fatores "transitórios", o que esfriou as apostas de corte de juros, mas nesta sexta elas foram novamente reforçadas.