Combate ao trabalho infantil ganha ação de rua

Comissão do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8) e voluntários distribuem cartazes e informativos em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém

qua, 19/06/2019 - 13:10

Quarenta e nove mil crianças trabalham no Pará, aponta o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). Para mudar essa realidade, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8) realizou, na quarta-feira (12), uma série de eventos de conscientização das pessoas sobre a importância de combater o trabalho infantil. No evento, voluntários se reuniram em vários pontos da cidade com cartazes e informativos sobre o trabalho infantil, que é crime.

As escolas da rede estadual de Ananindeua, e algumas da rede municipal, também participaram do movimento contra o trabalho infantil. “Diretores, gestores de escolas e alunos foram às ruas para dizer não ao trabalho infantil. Subimos em vários ônibus, onde as próprias crianças e adolescentes falaram com os passageiros e distribuíram o material que foi dado pelo tribunal”, disse Walcircley Alcântara, conselheiro tutelar de Ananindeua.

Para Walcircley, ações como essa são importantes para chamar a atenção da sociedade para o problema do trabalho infantil que, segundo ele, é muito recorrente no município e região metropolitana. “Ainda hoje muitas crianças e adolescentes estão em situação do trabalho na idade indevida. Muitas dessas crianças, após vender chopp, pamonha, biscoitinhos nos sinais ou nas casas, estão indo à escola cansadas e sem rendimento”, afirmou.

O conselheiro orientou para que as pessoas não comprem nada de crianças pensando que estarão ajudando a sair da pobreza. Pelo contrário, diz, porque estarão ajudando a perpetuar a probreza dessa criança. Ele explicou que a escola precisa ser canal de conscientização da sociedade para combater o trabalho infantil. “Existem muitas crianças que têm dificuldades, que estão com autoestima baixa, com baixo peso, crianças que estão no trabalho e não conseguem se desenvolver na escola e há muita evasão escolar por conta do trabalho infantil", disse Walcircley.

"A sociedade precisa ter consciência de não comprar nada de crianças, porque quando ela está comprando de criança ela não está ajudando a criança, está perpetuando a pobreza daquela criança, porque o adulto utiliza as crianças para fazer a venda desses produtos, porque é uma forma deles emocionarem as pessoas, que ficam bastante comovidas de comprar de crianças e não de adultos. Isso acontece muita na nossa cidade, por isso a importância desse evento, para que o trabalho infantil possa ser eliminado”, explicou Walcircley.

Os sambistas da Escola de Samba da Matinha também participaram da ação. Distribuídos entre os semáforos do bairro de Fátima, em Belém, eles disseram não ao trabalho infantil. “A participação foi de extrema importância porque veio a concretizar aquilo que nós vivenciamos durante o ano de 2018, até março de 2019, que foi o projeto Ninho da Coruja – Sem Trabalho Infantil, que culminou com o desfile da Escola no carnaval 2019, com o enredo 'No Ninho da Coruja a criança e o adolescente têm direito de sonhar', onde retratamos na avenida as piores formas de trabalho infantil e o que seria uma infância ideal”, disse Rodolfo Trindade, presidente da Escola de Samba da Matinha.

A #BrasilSemTrabalhoInfantil também foi lançada no mesmo dia. A Comissão de Combate ao Trabalho Infantil do TRT8 e alguns voluntários prestigiaram o momento. Vinte e quatro tribunais do Brasil participaram da campanha, que marca o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Inafantil. “Isso faz parte da semana de luta contra o trabalho infantil”, disse disse Vanilza Malcher, Juíza do TRT8.

O encerramento do vento foi na praça Brasil, com a ligação das luzes que projetaram um catavendo gigante, no lado de fora do forúm trabalhista de Belém. As luzes se acenderam às 18 horas, mesmo horário em que o Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, também projetou o catavento gigante. “É mais uma forma de mostra o engajamento da Justiça do Trabalho, como um todo, na luta contra o trabalho infantil”, disse a juíza.

 

 

 

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