Irã aposta em apaziguamento em confronto com EUA
O presidente Hassan Rohani teve uma conversa telefônica nesta quarta-feira (26) com o colega francês Emmanuel Macron e afirmou que Teerã 'não busca a guerra com nenhum país', nem com os Estados Unidos, informou a agência oficial Irna
O Irã parece apostar na moderação, após uma primeira reação veemente ao anúncio das sanções dos Estados Unidos, em um contexto de tensões elevadas no Golfo e sobre o programa nuclear iraniano.
O presidente Hassan Rohani teve uma conversa telefônica nesta quarta-feira (26) com o colega francês Emmanuel Macron e afirmou que Teerã "não busca a guerra com nenhum país", nem com os Estados Unidos, informou a agência oficial Irna.
A conversa aconteceu em um momento de elevada tensão entre Washington e Teerã, menos de uma semana depois do Irã ter derrubado um drone americano e em meio aos temores sobre o futuro do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, ameaçado desde a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018.
Sobre a questão, Rohani expressou a decepção dos iranianos com o que Teerã considera a inação dos países europeus.
Rohani insistiu que "a adesão do Irã (ao acordo sobre o programa nuclear concluído em 2015) estava condicionada às promessas europeias de assegurar os interesses econômicos do país, nenhuma delas concretizada".
As palavras, no entanto, contrastam com o teor muito severo de uma nota publicada pelo almirante Ali Shamjani, secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional, ligado aos conservadores, publicada na terça-feira pela agência Fars.
No documento, o oficial afirma que não há nada a esperar dos europeus e que o Irã aplicará de forma "resoluta" a segunda fase do "plano de redução" dos compromissos na área nuclear, a partir de 7 de julho.
Isto significa que o Irã voltará a enriquecer urânio a um nível proibido pelo acordo de 2015 de Viena e reativará o projeto de água pesada em Arak (centro), atualmente suspenso.
As palavras de Rohani, porém, dão a entender que ainda existe margem para salvar o acordo e reverter as decisões.
Pelo acordo de Viena, o Irã se comprometeu a não produzir armamento atômico e a limitar drasticamente seu programa nuclear, em troca da suspensão parcial das sanções internacionais que asfixiavam sua economia.
As sanções extraterritoriais que o governo dos Estados Unidos voltou a impor a partir de agosto 2018 ao Irã levaram os principais clientes da República Islâmica a desistir de comprar o petróleo do país.
As medidas também isolam o Irã do sistema financeiro internacional, privando o país dos benefícios econômicos que esperava obter com o acordo de 2015.
Como reação, o Irã anunciou no mês passado que deixaria de cumprir alguns limites impostos pelo acordo de Viena.
Teerã também fez um ultimato, até 7 de julho, aos demais países que assinaram o acordo (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia) para que ajudem o país a evitar as sanções dos Estados Unidos. Se isto não acontecer, o Irã deve passar à segunda fase do "plano de redução" de compromissos.
A conversa de Rohani com Macron aconteceu antes da reunião prevista entre o presidente francês e o americano Donald Trump durante o encontro do G20, que acontecerá na sexta-feira e sábado no Japão.
Além da guerra comercial entre China e Estados Unidos, o G20 deve abordar a situação do Irã, cenário de uma das principais crises internacionais da atualidade.
A China, que enfrenta os Estados Unidos em uma batalha econômica e tecnológica, é um dos principais importadores de petróleo iraniano e aliada de Teerã ante Washington.