França recorda vítimas do massacre de Charlie Hebdo

Cem pessoas reuniram-se em frente às antigas instalações do semanário satírico

ter, 07/01/2020 - 10:29
FRANCOIS GUILLOT Flores depositadas diante do antigo prédio da Charlie Hebdo FRANCOIS GUILLOT

A França recordou nesta terça-feira as vítimas do massacre de Charlie Hebdo, ocorrido há exatos cinco anos, e que marcou o início de uma onda de ataques jihadistas no país.

Cem pessoas reuniram-se em frente às antigas instalações do semanário satírico, no centro de Paris, onde, por volta do mesmo horário, em 7 de janeiro de 2015, dois jihadistas, os irmãos Sherif e Said Kouachi, invadiram a redação da revista e mataram 12 pessoas em seu interior, entre funcionários e artistas.

O semanário satírico tornou-se alvo de islamitas depois de publicar vários desenhos ironizando o profetá Maomé, em 2012, 2011 e 2006. Os irmãos afirmaram ter agido para se vingar da publicação no jornal de charges de Maomé, consideradas ofensivas para os muçulmanos.

"Vingamos o Profeta Maomé. Matamos a Charlie Hebdo!", gritaram enquanto fugiam do local do ataque. As cerimônias de homenagem, que incluem leituras comemorativas, placas, coroas de flores e minutos de silêncio, foram muito sóbrias, a pedido das famílias das vítimas.

Esses atos envolvem vários membros do governo, incluindo o Ministro do Interior, o Ministro da Justiça e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Outras homenagens estão agendadas para quinta-feira em frente a um supermercado kosher, onde, dois dias depois, um cúmplice dos irmãos Kouachi, Amedy Coulibalu, matou quatro pessoas, todas judias, depois de torná-las reféns.

No dia anterior, ele já havia assassinado uma polícia municipal na cidade de Montrouge, ao sul de Paris, que também será homenageada na quarta-feira. Esta série de atentados terminou com o ataque mais sangrento de todos.

Na noite de 13 de novembro, uma sexta-feira, três comandos terroristas coordenaram ataques em um estádio de futebol, em bares e restaurantes em Paris e no salão de espetáculos de Bataclan, o que deixou ao todo 130 mortos.

Desde então, os ataques continuam e a ameaça terrorista permanecem alta, segundo a inteligência francesa. Cinco anos depois, um novo capítulo será aberto na França, o do processo judicial.

De maio a julho deste ano, 14 suspeitos acusados de fornecer apoio logístico aos irmãos Kouachi e Coulibaly serão julgados em Paris perante um tribunal criminal especial.

Os motivos do massacre realizado na Charlie Hebdo, apesar de terem desencadeado uma de solidariedade e de apoio à liberdade de expressão, fez com que as charges, um meio político de opinião, se tornassem um gênero ameaçado, em meio aos jornais cada vez mais temerosos de publicá-las e a redes sociais prontas para expressar indignação em relação a elas.

Além disso, o ataque contra o Charlie Hebdo provocou ondas de choque por toda a França, revelando divisões num país que se orgulha do seu multiculturalismo e gerando um intenso debate sobre a integração da comunidade muçulmana e a liberdade de imprensa.

COMENTÁRIOS dos leitores