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Um homem condenado à prisão perpétua em apelação por ter ajudado os atacantes do semanário satírico Charlie Hebdo e de um supermercado judaico na França em janeiro de 2015, apresentou um recurso de cassação, anunciaram seus advogados nesta quinta-feira (27).

Ali Riza Polat "apresentou um recurso de cassação", indicaram Moad Nefati e Rachid Madid à AFP.

Em 20 de outubro, após uma audiência de seis semanas, a decisão do Tribunal Especial de Avaliação de Paris condenou em apelação o franco-turco de 37 anos à prisão perpétua.

O tribunal o considerou culpado de cumplicidade nos dezessete assassinatos perpetrados pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi e Amedy Coulibaly entre 7 e 9 de janeiro de 2015 na redação do Charlie Hebdo, em Montrouge e no Hyper Cacher.

"Para o tribunal, não há dúvida (...) de que Ali Riza Polat era de fato culpado, (...) com pleno conhecimento dos fatos, de cumplicidade em atos de terrorismo cometidos de forma conjunta pelos irmãos Kouachi e Amedy Coulibaly, prestando a este último assistência permanente na preparação de seus atos e na coleta dos meios para cometê-los", justificaram os juízes.

Em primeira instância, em dezembro de 2020, o tribunal não acatou as requisições da Promotoria e pronunciou uma sentença de trinta anos de prisão contra Ali Riza Polat. Este último, que sempre alegou que "não era um terrorista", recorreu da decisão.

Esses ataques marcaram o início de uma onda mortal de ataques islâmicos em toda a Europa, principalmente o massacre alguns meses depois na casa de shows Bataclan e em bares e cafés de Paris em novembro de 2015.

O suposto autor do ataque na última sexta-feira (25) em frente à antiga sede da revista Charlie Hebdo em Paris admitiu que seu nome é Zaheer Hassan Mahmoud e que nasceu no Paquistão em 1995, e não em 2002, anunciou nesta terça-feira (29) o procurador nacional de contraterrorismo.

O suspeito do ataque, que deixou dois feridos graves - um homem e uma mulher funcionários da agência de comunicação Premières Lignes -, inicialmente alegou se chamar Hassan Ali e ter nascido em 2002 no Paquistão, identidade sob a qual se beneficiou de ajuda social quando chegou à França em 2018.

Confrontado a um documento paquistanês encontrado em seu telefone, "ele finalmente admitiu que esta era sua verdadeira identidade e que tinha 25 anos", declarou em coletiva de imprensa Jean-François Ricard, que confirmou que o suspeito "era completamente desconhecido para todos os serviços de inteligência".

Este reconhecimento do que parece ser sua verdadeira identidade aconteceu ao final de suas 96 horas de custódia policial, iniciada na sexta-feira ao meio-dia após sua prisão na Place de la Bastille (no sudeste de Paris) e que termina esta tarde.

Zaheer Hassan Mahmoud deve ser apresentado ainda nesta terça-feira a um juiz de instrução com vista ao seu indiciamento por "tentativas de homicídio de caráter terrorista" e "associação terrorista criminosa".

A Procuradoria Nacional de Contraterrorismo solicitou sua prisão preventiva. Além de Zaheer Hassan Mahmoud, 10 pessoas foram presas na investigação. Cinco foram libertadas entre sexta e segunda-feira, e o procurador anunciou nesta terça-feira que as últimos cinco também foram libertadas.

Entre elas, um argelino de 33 anos apresentado como o "segundo suspeito" que foi levado sob custódia na sexta-feira à tarde, mas libertado na mesma noite. Ele demonstrou "grande coragem ao tentar pegar o réu para prendê-lo", observou o procurador.

Ricard confirmou nesta terça que o agressor disse que estava "irritado" depois de assistir "vídeos do Paquistão nos últimos dias" a respeito da recente republicação pela Charlie Hebdo dos cartuns do profeta Maomé.

O procurador também confirmou que o interessado havia premeditado o ato: várias visitas ao local nos dias anteriores ao crime, compra na mesma manhã da arma branca usada no ataque, mas também de um martelo e garrafas de álcool com o plano de atear fogo às antigas instalações do semanário satírico.

Ao observar duas pessoas diante da antiga sede, "ele pensou que trabalhavam para (Charlie Hebdo) e decidiu atacá-las", disse o procurador.

A equipe do Charlie Hebdo, que se mudou para um local secreto há quatro anos, está sob novas ameaças desde que o semanário satírico voltou a publicar caricaturas de Maomé em 2 de setembro, para marcar a abertura do julgamento dos cúmplices dos autores do atentado de 7 de janeiro de 2015, no qual 12 pessoas foram mortas.

Um dia após o ataque com faca em Paris em frente à antiga sede do Charlie Hebdo, o principal suspeito "assumiu seu ato", que vinculou à republicação das caricaturas do profeta Maomé por parte do semanário satírico, indicaram neste sábado (26) fontes próximas à investigação.

Detido pela polícia na Praça da Bastilha pouco depois do ataque com uma faca de açougueiro que deixou dois feridos graves, este homem de 18 anos nascido no Paquistão "assumiu seu ato, que está no contexto da republicação das caricaturas, as quais não suportou", segundo uma dessas fontes.

O ataque de sexta-feira ocorreu em meio ao julgamento pelo sangrento atentado contra Charlie Hebdo em janeiro de 2015, no qual 12 pessoas morreram, incluindo alguns dos caricaturistas mais conhecidos da França.

"É um ato terrorista islamita, um novo ataque sangrento contra nosso país", estimou o ministro do Interior francês Gérald Darmanin em declarações ao canal France 2.

"Um homem chegou e atacou com uma faca de açougueiro os dois funcionários que fumavam em frente ao imóvel" explicou à AFP Paul Moreira, líder da agência de notícias e produtora Premières Lignes, vizinha da antiga sede do Charlie Hebdo.

O homem e a mulher, funcionários da agência, ficaram feridos "na parte superior do corpo" e um deles na cabeça, acrescentou. Os dois estão hospitalizados, mas não correm risco de morte.

A Justiça antiterrorista está encarregada do caso, que reacendeu na França a dolorosa lembrança do ano 2015 marcado, além do Charlie Hebdo, pelos muito mais letais atentados de 13 de novembro em Paris e uma sangrenta tomada de reféns em um supermercado judaico da capital francesa.

A redação da revista, que se mudou para um lugar secreto há quatro anos, foi alvo de novas ameaças após sua decisão de voltar a publicar caricaturas de Maomé em 2 de setembro, com motivo da abertura do julgamento.

Um novo detido

Segundo o ministro Darmanin, o principal suspeito - que chegou à França há três anos - já havia sido preso em junho pelo porte de uma arma branca - uma "chave de fenda".

O suspeito foi acolhido pelos serviços sociais da infância na região de Paris, em sua chegada na França, e não apresentava "nenhum sinal de radicalização".

A polícia prendeu, na noite de sexta-feira, um ex-colega de apartamento do principal suspeito, o que elevou, neste sábado, o número de presos por este "ato terrorista" para sete.

Uma fonte judicial afirmou que outra pessoa que permanecia presa, um argelino de 33 anos, foi liberado por não estar vinculado ao ataque.

Cinco dos detidos estavam em um dos supostos domicílios do suposto agressor, em Pantin, um subúrbio de Paris.

Desde a onda de atentados jihadistas sem precedentes iniciada em 2015 na França, que causou 258 mortos, vários outros ataques foram perpetrados com arma branca, principalmente na própria sede da polícia de Paris em outubro de 2019 ou em Romans-sur-Isère, no sul do país, em abril passado.

Catorze pessoas estão sendo julgadas por um tribunal especial de Paris pelo suposto apoio fornecido aos autores materiais do ataque ao Charlie Hebdo, que morreram após o atentado.

Ao menos quatro pessoas ficaram feridas em um ataque próximo à antiga redação do jornal satírico francês "Charlie Hebdo" nesta sexta-feira (25), informa a mídia local.

Segundo o jornalista Christophe Dansette, do "France 24", os agressores usavam facas. Ao menos duas pessoas estão sendo procuradas pelas autoridades pelo crime.

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Duas das vítimas estão em estado grave, conforme a agência de notícias "AFP", e toda a área próxima ao prédio foi interditada pelos policiais.

Em 7 de janeiro de 2015, a sede do jornal foi alvo de um ataque terrorista cometido pelos irmãos Sherif e Said Kouachi e 12 pessoas foram assassinadas na ação, entre jornalistas, cartunistas e funcionários do prédio onde o "Charlie Hebdo" ficava. Esse foi o primeiro da série de atentados que ocorreriam no país a partir de então.

Em 2 de setembro deste ano, a Justiça francesa começou o julgamento do ataque e, como sua forma de protestar, o jornal voltou a publicar sátiras de Maomé - que irritaram os extremistas islâmicos. 

Da Ansa

O diretor do semanário satírico Charlie Hebdo, Riss, disse nesta quarta-feira que "não se arrepende" da publicação das charges de Maomé, que tornaram a publicação alvo dos jihadistas, no julgamento contra o atentado de 2015 que dizimou a redação.

"Não quero viver sob a arbitrariedade maluca dos fanáticos", disse o cartunista, cujo nome verdadeiro é Laurent Sourisseau, a um tribunal especial em Paris. "Não há nada a lamentar" sobre sua publicação, disse.

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"O que lamento é ver como as pessoas são tão pouco combativas na defesa da liberdade", afirmou. "Se você não luta pela sua liberdade, você vive como um escravo", acrescentou.

A publicação de charges de Maomé, o profeta do Islã, em 2006, tornou o jornal um alvo dos jihadistas.

Riss, de 53 anos, foi gravemente ferido no ombro durante o ataque dos irmãos Said e Chérif Kouachi, que em 7 de janeiro de 2015 invadiu a sede do Charlie Hebdo em Paris e matou 10 de seus colaboradores.

"Crescemos sem imaginar que um dia poderíamos questionar nossas liberdades", insistiu Riss, que substituiu Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, morto no ataque. No entanto, "a liberdade que desfrutamos" não cai "do céu", lembrou.

O diretor do Charlie Hebdo, que falou longamente sobre as circunstâncias do ataque e os ferimentos infligidos pelos terroristas, também prestou uma homenagem emocionada aos seus "amigos" cartunistas mortos.

"A sensação imediata após o ataque foi que te cortaram em dois, como se tivessem cortado seu corpo em dois e tirado parte de você", descreveu o cartunista, que, como vários outros sobreviventes, pensou que morreria no ataque.

"É outra mutilação que talvez seja ainda mais terrível do que a dos corpos. É uma amputação”, continuou Laurent Sourisseau, que vive sob a proteção permanente de guarda-costas e cuja vida mudou completamente desde os ataques.

"É como estar em prisão domiciliar. Tenho que avisar sobre tudo que faço", disse o diretor do Charlie Hebdo, que decidiu republicar, no dia da abertura do julgamento, 2 de setembro, desenhos animados de Maomé, que valeu ao seu antecessor a sua inclusão na lista de alvos da Al Qaeda.

"Se tivéssemos renunciado ao direito de publicar esses desenhos, isso significaria que estávamos errados em fazer isso", justificou Riss.

Desde 2 de setembro, 14 pessoas - três delas ausentes - estão sendo julgadas em Paris por terem prestado apoio logístico aos responsáveis pelo atentado ao Charlie Hebdo, que chocou a França e o mundo.

Os perpetradores do ataque foram mortos pela polícia em 9 de janeiro em uma gráfica a nordeste de Paris.

O semanário francês Charlie Hebdo voltou a publicar as caricaturas de Maomé que transformaram sua redação em alvo de um atentado jihadista, assegurando que "nunca" se renderá, na véspera do início do julgamento pelo ataque de 2015.

"O ódio que nos atingiu ainda está aí e, desde 2015, teve tempo de se transformar, de mudar de aspecto para passar despercebido e continuar sem ruído sua cruzada implacável”, disse Riss, diretor da publicação satírica, em uma edição cuja capa retoma as caricaturas.

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A edição foi liberada nesta terça-feira na internet e chega às bancas na quarta-feira.

Diante do ódio e medo que gera, "nunca nos renderemos, nunca renunciaremos", completou.

As 12 caricaturas de Maomé foram publicadas inicialmente pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten em 30 de setembro de 2005 e depois pelo Charlie Hebdo em 2006.

Os desenhos mostram o profeta com uma bomba na cabeça, ao invés de um turbante, ou armado com uma faca, ao lado de duas mulheres com véu.

Além das caricaturas dinamarquesas, a capa da nova edição do Charlie Hebdo, com o título "Tudo isto por isso", também reproduz a charge do profeta feita pelo chargista Cabu, assassinado no atentado de 7 de janeiro de 2015.

"Desde janeiro de 2015 recebemos com frequência pedidos para produzir outras caricaturas de Maomé. Sempre recusamos, não porque é proibido, a lei autoriza, e sim porque era necessário ter uma boa razão para fazê-lo, uma razão que faça sentido e que aporte algo ao debate", explica o semanário em um editorial.

Uma publicação "indispensável"

"Reproduzir estas caricaturas na semana de abertura do processo dos atentados de janeiro de 2015 nos pareceu indispensável", completa a equipe do Charlie Hebdo, que considera os desenhos "elementos de prova" para seus leitores e para o conjunto dos cidadãos.

O julgamento do atentado jihadista contra o Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos e que foi seguido poucos dias depois por ataques contra uma policial e um supermercado de alimentos judaicos, começará na quarta-feira e deve prosseguir até 10 de novembro para sentenciar 14 acusados.

A decisão do Charlie Hebdo de voltar a publicar os desenhos, justamente na véspera da abertura do julgamento histórico, provocou muitas reações.

Depois da publicação inicial na Dinamarca, as caricaturas provocaram manifestações violentas em vários países muçulmanos e sua divulgação na revista francesa foi muito criticada.

A representação dos profetas é estritamente proibida pelo islã sunita e ridicularizar ou insultar o profeta Maomé pode resultar em pena de morte.

O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Mohammed Moussaoui, pediu para que as pessoas "ignorem" as caricaturas e pensem nas vítimas do terrorismo.

"Nada pode justificar a violência", disse Moussaoui, que pediu uma concentração no processo.

"Nós aprendemos a ignorar as caricaturas e pedimos para que todos mantenham esta atitude em qualquer circunstância", disse à AFP.

Vários integrantes da redação do Charlie Hebdo morreram no atentado, incluindo os desenhistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, o que provocou um movimento de apoio sem precedentes a favor do semanário satírico, na França e no exterior.

A última caricatura de Maomé publicada pela revista apareceu na capa da primeira edição após o atentado. O desenho mostrava um Maomé com uma lágrima no rosto e um cartaz com a frase "Eu sou Charlie". Acima do profeta, a mensagem "Está tudo perdoado".

Charlie ainda é Charlie? Mais de cinco anos após o atentado que dizimou sua redação, o semanário satírico francês continua a se apresentar como um baluarte da liberdade de expressão e mantém intacto seu tom provocativo, embora seus objetos de ironia estejam mudando.

"Antes mandávamos ao inferno Deus, o exército, a Igreja, o Estado. Atualmente, tivemos que aprender a mandar para o inferno associações tirânicas, minorias egomaníacas, blogueiros e blogueiras que nos repreendem como se fôssemos educadores", escreveu em janeiro Riss, o diretor de redação, por ocasião do quinto aniversário do massacre.

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Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos jihadistas Said e Chérif Kouachi invadiram a sede do Charlie Hebdo em Paris e mataram 12 de seus colaboradores, incluindo os renomados cartunistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski.

Os autores dos ataques pensaram "vingar" Maomé dessa forma, depois que o semanário publicou várias charges zombando do profeta, da mesma forma que costuma debochar de outras religiões, o que é permitido na França, onde o crime de blasfêmia não existe.

A linha anticlerical foi a marca registrada da casa desde a sua fundação, em 1970, embora ao longo do tempo seus cartunistas zombassem de tudo e de todos, a ponto de enfrentar denúncias de difamação por parte da Igreja, empresários, ministros e celebridades que obrigaram seu fechamento por 11 anos, entre 1981 e 1992.

Mas sua irreverência não diminuiu e as sátiras ao Islã a tornaram alvo de ameaças por anos.

"Virar a página"

No atentado de 2015, o Charlie Hebdo perdeu vários de seus melhores profissionais e alguns dos que sobreviveram partiram pouco depois, traumatizados. Foi o caso de Luz, pilar da escrita e autor do desenho de Maomé proclamando "Tudo está perdoado", capa do primeiro número pós-ataque, o qual vendeu quase 8 milhões de cópias.

"Cada vez que fechamos um número é uma tortura porque os outros não estão mais lá. Passar noites sem dormir, invocando os desaparecidos, imaginando o que Charb, Cabu, Honoré, Tignous teriam feito é cansativo", confidenciou Luz ao jornal Libération.

Desde então, o cartunista tem se dedicado aos quadrinhos e entre suas publicações se destaca "Catarse", onde conta como se recuperou do ataque, do qual escapou por pouco. Patrick Pelloux também saiu devido à necessidade de "virar a página".

O jornalista Philippe Lançon ficou e no livro "Le Lambeau" narra como viveu o atentado e o doloroso processo de reconstrução facial que sofreu depois de ser gravemente ferido, ganhou vários dos mais prestigiosos prêmios literários da França.

Cruzada contra "novos censores"

À frente da redação está Riss (Laurent Sourisseau), cartunista do semanário há quase 30 anos.

Sucedeu Charb após sua morte no atentado - ele foi ferido no ombro - e realizou a reforma da redação com a chegada de novos jornalistas.

"Hoje em dia, o politicamente correto impõe uma grafia de acordo com o gênero, nos aconselha a não usar palavras supostamente incômodas", Riss ataca, atacando os "novos censores" que "se acreditam os reis do mundo por trás de seu teclado telefônico" .

"As chamas do inferno de outrora deram lugar aos tuítes reveladores de agora", acrescenta.

Aumento nas vendas

Quanto às vendas, o ataque reverteu um período financeiramente difícil. Dos cerca de 20.000 exemplares semanais vendidos nas bancas e 10.000 assinantes, o Charlie Hebdo, que vive sem publicidade ou subsídios, se beneficiou de uma onda de solidariedade que o levou a adicionar 240.000 assinantes em fevereiro de 2015.

Posteriormente, os números se estabilizaram e atualmente cerca de 25 mil cópias são vendidas a cada semana, além de cerca de 30 mil assinaturas. O seu volume de negócios passou de 5 milhões de euros (5,9 milhões de dólares no câmbio atual) em 2014 para mais de 8 milhões no ano passado (9,4 milhões de dólares).

Depois do atentado, o semanário tornou-se a primeira mídia francesa a adotar o estatuto de empresa solidária de imprensa, pela qual se comprometeu a reinvestir 70% dos lucros anuais e com o restante se financiar.

No ano passado, Riss, que detém dois terços do capital do Charlie Hebdo, cedeu algumas partes a três membros da redação, com o objetivo de preparar uma futura mudança geracional à frente da publicação.

Há cinco anos, três extremistas islâmicos franceses mataram 12 jornalistas do semanário satírico francês Charlie Hebdo, uma policial e quatro clientes de um supermercado kosher. O julgamento destes ataques, que marcaram o início de uma série de atentados islamitas na França, começa em 2 de setembro em Paris.

Catorze pessoas se sentarão no banco dos réus por suspeita de terem fornecido apoio logístico aos irmãos Said e Chérif Kouachi e a Amedy Coulibaly, autores dos ataques que deixaram 17 mortos entre 7 e 9 de janeiro de 2015, e que abalaram a França e o mundo.

Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos Said e Chérif Kouachi assassinaram 12 pessoas, entre elas alguns dos caricaturistas mais célebres da França, na redação do Charlie Hebdo, um semanário satírico que publicou polêmicas caricaturas do profeta Maomé.

Um dia depois, Amédy Coulibaly, um homem próximo a Chérif Kouachi, a quem havia conhecido na prisão, matou a policial Clarissa Jean-Philippe, de 27 anos, durante um controle de tráfego de rotina em Montrouge, arredores de Paris.

E em 9 de janeiro, assassinou quatro homens, todos judeus, feitos reféns no supermercado Hyper Cacher no leste de Paris. Coulibaly gravou um vídeo dizendo que os ataques foram coordenados e cometidos em nome do grupo jihadista Estado Islâmico.

Amédy Coulibaly foi morto pela polícia no supermercado. Os irmãos Kouachi morreram em uma gráfica onde tinham se refugiado em Dammartin-en-Goele, perto da capital francesa.

Os três autores destes ataques que marcaram profundamente os franceses estão mortos, mas a justiça francesa tenta fazer pagar as pessoas que lhes teriam prestado apoio logístico em diferentes graus.

O julgamento estava previsto para antes do verão no hemisfério norte, mas foi adiado devido à pandemia do novo coronavírus. O tribunal se reunirá até 10 de novembro e pela primeira vez um julgamento por terrorismo terá as audiências filmadas, em vista do interesse público.

- Cúmplices -

Dos 14 suspeitos, três serão julgados à revelia: a companheira de Coulibaly, Hayat Boumedienne, e os irmãos Mohamed e Mehdi Belhoucine, que teriam viajado para a região norte da Síria e do Iraque alguns dias antes dos ataques.

Segundo várias fontes, os três estariam mortos, mas isto nunca foi confirmado e ainda são alvos de ordens de prisão.

Mohamed Belhoucine, o mais velho dos dois irmãos, e Ali Riza Polat, um francês de origem turca, enfrentam a acusação mais grave, de "cumplicidade" com crimes terroristas, uma acusação que pode lhes render a prisão perpétua.

Os investigadores acreditam que Polat, considerado próximo a Coulibaly, tenha desempenhado um papel central nos preparativos dos atentados, pois teria facilitado o arsenal usado nos ataques.

Pouco depois dos atentados, tentou reiteradamente sair da França rumo à Síria, mas foi detido em março de 2015.

Mohamed Belhoucine é acusado de ser o mentor de Coulibaly após tê-lo conhecido na prisão, de ter-lhe aberto os canais de comunicação com o Estado Islâmico e de ter redigido o juramento de lealdade que Coulibaly fez ao grupo.

A maioria dos outros suspeitos será julgada por associação com um grupo terrorista, um crime punido com até 20 anos de prisão.

- 'Saber quem fez o que' -

Alguns dos sobreviventes dos ataques darão seus testemunhos durante o julgamento. "Este julgamento é um momento importante para eles", disseram à AFP Marie-Laure Barre e Nathalie Senyk, advogadas das vítimas do Charlie Hebdo.

"Estão esperando que se faça justiça para saber quem fez o que, sabendo que os que apertaram o gatilho não estão mais aqui", acrescentaram.

Entre os falecidos no Charlie Hebdo estão alguns dos mais célebres caricaturistas franceses, como seu diretor, Stéphane Charbonnier, conhecido como "Charb", de 47 anos, Jean Cabut, conhecido como "Cabu", de 76 anos, e Georges Wolinski, de 80 anos.

O desejo da publicação de fazer jornalismo com base em críticas irônicas e sem tabus a tornou em um exemplo da liberdade de expressão para muitos na França, enquanto outros acreditavam que passava dos limites com muita frequência.

Mas o massacre uniu o país no luto e o lema #JeSuisCharlie viralizou.

"Este julgamento importa, ainda que Amédy Coulibaly esteja morto", disse Patrick Klugman, advogado das vítimas do supermercado Hyper Cacher. "Sem os acusados que estarão no banco, Coulibaly não teria podido agir".

Para Safya Akorri, uma das advogadas de defesa, na ausência dos "principais responsáveis", que não poderão "prestar contas", a justiça será, ao contrário, "posta à prova durante estes dois meses e a expectativa de rigor que se tem direito a depositar nela é imensa".

O julgamento de 14 pessoas acusadas de terem ajudado os jihadistas que cometeram os atentados de janeiro de 2015 em Paris, incluindo o ataque contra a revista semanal "Charlie Hebdo", foi adiado, devido à crise do novo coronavírus, anunciou a Justiça francesa nesta quarta-feira.

"Não é possível reunir o tribunal, todas as partes, as testemunhas e os juristas", considerou o juiz que conduziria o julgamento, marcado para 4 de maio.

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Dezessete pessoas foram assassinadas em uma série de ataques ocorridos durante três dias em Paris e seus arredores, em janeiro de 2015. Os atentados começaram com o massacre de 12 pessoas na redação da revista satírica semanal Charlie Hebdo, pelos irmãos Cherif e Said Kouachi, em 7 de janeiro.

Nos dias seguintes, um terceiro terrorista, Amedy Coulibaly, matou a tiros uma jovem policial, antes de assassinar quatro pessoas em um supermercado judeu.

Os três terroristas, que haviam jurado lealdade a grupos jihadistas, foram mortos pela polícia. Suspeita-se de que os 14 réus tenham lhes oferecido ajuda logística.

A França recordou nesta terça-feira as vítimas do massacre de Charlie Hebdo, ocorrido há exatos cinco anos, e que marcou o início de uma onda de ataques jihadistas no país.

Cem pessoas reuniram-se em frente às antigas instalações do semanário satírico, no centro de Paris, onde, por volta do mesmo horário, em 7 de janeiro de 2015, dois jihadistas, os irmãos Sherif e Said Kouachi, invadiram a redação da revista e mataram 12 pessoas em seu interior, entre funcionários e artistas.

O semanário satírico tornou-se alvo de islamitas depois de publicar vários desenhos ironizando o profetá Maomé, em 2012, 2011 e 2006. Os irmãos afirmaram ter agido para se vingar da publicação no jornal de charges de Maomé, consideradas ofensivas para os muçulmanos.

"Vingamos o Profeta Maomé. Matamos a Charlie Hebdo!", gritaram enquanto fugiam do local do ataque. As cerimônias de homenagem, que incluem leituras comemorativas, placas, coroas de flores e minutos de silêncio, foram muito sóbrias, a pedido das famílias das vítimas.

Esses atos envolvem vários membros do governo, incluindo o Ministro do Interior, o Ministro da Justiça e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Outras homenagens estão agendadas para quinta-feira em frente a um supermercado kosher, onde, dois dias depois, um cúmplice dos irmãos Kouachi, Amedy Coulibalu, matou quatro pessoas, todas judias, depois de torná-las reféns.

No dia anterior, ele já havia assassinado uma polícia municipal na cidade de Montrouge, ao sul de Paris, que também será homenageada na quarta-feira. Esta série de atentados terminou com o ataque mais sangrento de todos.

Na noite de 13 de novembro, uma sexta-feira, três comandos terroristas coordenaram ataques em um estádio de futebol, em bares e restaurantes em Paris e no salão de espetáculos de Bataclan, o que deixou ao todo 130 mortos.

Desde então, os ataques continuam e a ameaça terrorista permanecem alta, segundo a inteligência francesa. Cinco anos depois, um novo capítulo será aberto na França, o do processo judicial.

De maio a julho deste ano, 14 suspeitos acusados de fornecer apoio logístico aos irmãos Kouachi e Coulibaly serão julgados em Paris perante um tribunal criminal especial.

Os motivos do massacre realizado na Charlie Hebdo, apesar de terem desencadeado uma de solidariedade e de apoio à liberdade de expressão, fez com que as charges, um meio político de opinião, se tornassem um gênero ameaçado, em meio aos jornais cada vez mais temerosos de publicá-las e a redes sociais prontas para expressar indignação em relação a elas.

Além disso, o ataque contra o Charlie Hebdo provocou ondas de choque por toda a França, revelando divisões num país que se orgulha do seu multiculturalismo e gerando um intenso debate sobre a integração da comunidade muçulmana e a liberdade de imprensa.

Cinco anos após o massacre na redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo e apesar da onda de apoio à liberdade de expressão que se seguiu, as charges continuam sendo um gênero ameaçado, em meio aos jornais cada vez mais temerosos e a redes sociais prontas para a indignação.

"Por toda parte, um vento ruim sopra sobre as sátiras e as charges na imprensa em geral, e 2019 terá sido um ano negro neste campo", criticam a diretora de redação do "Courrier International", Claire Carrard, e o presidente da associação Cartooning for Peace, Kak, no suplemento "2019 en cartoons" ("2019 em charges", em tradução livre), disponível nas bancas.

O golpe de 2019 veio do prestigioso jornal "The New York Times", que decidiu, em junho, deixar de publicar charges nas páginas de sua edição internacional, após uma polêmica ligada a um desenho considerado antissemita.

Embora não tenha sido o autor, um cartunista histórico do jornal, o suíço Patrick Chappatte, abordou o assunto.

"Vivemos em um mundo onde a horda moralizadora se reúne nas mídias sociais e se abate como uma tempestade nas redações. Isso obriga os editores a tomarem contramedidas imediatas, paralisa qualquer reflexão, bloqueia qualquer discussão", critica ele em um longo artigo de opinião.

No "Charlie", a edição "Caricature, mode d'emploi" ("Charges, modo de usar", em tradução livre), publicada no final de 2019, questiona se "o desenho satírico é uma forma de liberdade de expressão em via de extinção".

A revista satírica pagou um preço alto pela publicação de charges, ao sofrer um ataque que deixou 12 mortos, entre vários integrantes da redação, como Cabu, ou Wolinski.

"Temos a impressão de que a charge é cada vez menos tolerada, que é uma forma de expressão que, mesmo nos jornais, é incômoda. Um pouco atípica demais, um pouco livre demais...", explica à AFP o diretor de redação Riss.

Ele constata que, "mesmo nos grandes jornais, as charges se tornam extremamente consensuais, não se assume muito risco editorial, as charges se tornam um pouco insípidas".

O veículo se tornou alvo dos islamistas depois de publicar várias charges de Maomé, em 2012, 2011 e 2006, quando reproduziu os desenhos do jornal dinamarquês "Jyllands-Posten". Vários jornais europeus fizeram o mesmo.

Se fosse hoje, republicariam este mesmo material? "Poderíamos fazer isso, mas qual seria o sentido?", questionou Riss.

"Hoje, a noção de blasfêmia ultrapassou o âmbito de uma mera charge. Hoje, muitas coisas são vistas como blasfêmia, ou agressão. Muitas pequenas blasfêmias apareceram", avalia este profissional que precisa defender, com frequência, o espírito satírico da revista.

Riss aponta o papel amplificador das redes sociais.

"A pressão das redes intimida os veículos tradicionais. O dique cedeu. É o pânico. O que a gente esquece é que o Twitter não é nosso leitor. É um amplificador de raiva, um vetor de fenômenos em massa e incontroláveis", analisa Patrick Chappate, no "Courrier International".

"A sobrevivência econômica continua sendo um problema, e as hordas digitais que manipulam o politicamente correto para fazer sua intolerância e mente fechada triunfarem também representam um perigo contra o qual é preciso lutar", afirma seu colega Pedro Molina, hoje exilado na Nicarágua.

O jornalista e escritor francês Philippe Lançon recebeu nesta segunda-feira o prestigioso prêmio de literatura Femina por "Le lambeau", um comovente relato sobre como ele viveu o atentado ao semanário "Charlie Hebdo" e seu processo de reconstrução facial após ser ferido.

A romancista americana Alice McDermott ganhou o Femina estrangeiro por "La novena hora", uma categoria na qual estava indicado também o espanhol Javier Cercas por "El monarca de las sombras".

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Embora não esteja concorrendo ao Goncourt — a recompensa literária mais reputada da França —, "Le lambeau" (O retalho, em tradução livre) está indicado a outros prêmios relevantes como o Renaudot e, para muitos críticos, é o melhor livro do ano.

Em 7 de janeiro de 2015, Lançon sobreviveu ao massacre realizado por jihadistas que invadiram a sede da revista semanal satírica Charlie Hebdo em Paris gritando "Alá Akbar". Doze pessoas morreram, e Lançon teve a metade inferior do rosto destruída por uma bala.

Lançon conta o atentado ao longo de cerca de 60 páginas. "Girei minha língua em minha boca e senti pedaços de dentes que estavam espalhados", diz. "Depois soube que a sala de redação era uma poça de sangue mas (...), embora estivesse banhado nela, quase não a via".

O escritor relata depois seu lento e doloroso trabalho de reconstrução facial.

O livro termina em 13 de novembro, dia dos atentados jihadistas contra a sala de shows Bataclan e outros lugares públicos em Paris. Lançon estava em Nova York.

O jornal satírico francês "Charlie Hebdo", alvo de um atentado terrorista em janeiro de 2015, ironizou em sua edição desta quinta-feira (23) o desabamento da Ponte Morandi, em Gênova, na Itália, que deixou 43 pessoas mortas.

A charge critica a qualidade da infraestrutura italiana e ainda faz relação com a crise migratória no Mediterrâneo. Na imagem, a ponte aparece no alto do lado esquerdo, acima de um carro destruído, enquanto um homem negro varre o chão com uma vassoura.

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"Construída pelos italianos... Limpa pelos migrantes", diz a charge. Nos últimos anos, o "Charlie Hebdo" sempre deu espaço às tragédias da vizinha Itália, com capas polêmicas sobre o terremoto de Amatrice, em 24 de agosto de 2016, e a avalanche sobre o hotel Rigopiano, em 18 de janeiro de 2017.

O jornal é conhecido por suas sátiras do profeta Maomé, que serviram de motivação para um atentado terrorista em janeiro de 2015, quando os irmãos Said e Chérif Kouachi invadiram a redação do semanário e mataram 12 pessoas.

Da Ansa

Mais uma vez, a revista satírica francesa Charlie Hebdo ganha atenção do público internacional. Notória por ilustrar as capas com charges que criticam religião e política, o alvo da vez foi a contratação do craque brasileiro Neymar, pelo Paris Saint-Germain. A publicação desta semana traz o sheik Nasser Al-Khelaifi, dono do PSG, 'parindo' o atacante com o título: Um evento feliz no PSG. O editorial questiona a transferência que custou 222 milhões de euros.

"Neymar chegou. Neymar está aqui. Neymar está na França? Quem é Neymar? Os fãs de futebol não entendem por que nós fazemos essa questão. É verdade que isso não é nada, os 222 milhões por uma transferência. De onde veio esse dinheiro? Do clube que comprou Neymar. Quem deu esse dinheiro a esse clube?", ironizou o texto. Confira a capa:

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A prefeitura de Amatrice, cidade italiana devastada por um terremoto em 24 de agosto, denunciou nesta segunda-feira a revista francesa satírica Charlie Hebdo por suas caricaturas de mau gosto sobre as vítimas da tragédia.

"Isso é um ultraje macabro, insensato e inconcebível para com as vítimas de um desastre natural", afirmou o advogado da prefeitura, Mario Cicchetti. Poucos dias depois do terremoto que causou a morte de 295 pessoas no centro da Itália, a revista Charlie Hebdo publicou na capa uma charge com o título "Terremoto à italiana", na qual comparava as vítimas com pratos típicos da comida italiana.

A indignação em relação às charges cresceu nos últimos dias, principalmente nas redes sociais. Um dos chargistas da Charlie Hebdo, Coco, respondeu às críticas com o desenho de uma mulher coberta pelos escombros e que grita aos italianos: "Isso não aconteceu por culpa da Charlie Hebdo, e sim por quem construiu as casas, a máfia".

A denúncia apresentada ante a promotoria de Rieti (centro) pede que a justiça determine se os chargistas Felix e Coco e a direção da revista cometeram ou não um delito.

A rainha da Jordânia respondeu com um desenho alternativo a uma caricatura do jornal satírico francês Charlie Hebdo sobre o pequeno Aylan Kurdi, um menino sírio afogado numa praia turca e cuja foto, representação explícita do drama dos refugiados, comoveu o mundo. No último número do Charlie Hebdo, o diretor da revista, Riss, assina uma charge em que um homem aparece assediando uma mulher. O desenho é acompanhado da seguinte legenda: "Migrantes: no que teria se transformado o pequeno Aylan se tivesse crescido?".

O próprio Riss responde, com a legenda "Apalpador de bundas na Alemanha" (tradução livre de "Tripoteur de fesses en Allemagne"), em referência às agressões sexuais registradas neste país na noite de Ano Novo. Segundo as denúncias, a maioria dos suspeitos seria de refugiados.

Em suas contas do Facebook e do Twitter, a rainha Rânia da Jordânia publicou um desenho do caricaturista jordaniano Osama Hajjaj, que dá uma visão alternativa: ao lado do pequeno afogado, uma menino mais velho usando uma mochila escolar e depois, um médico.

A charge foi publicada em árabe, inglês e francês com a mesma pergunta inicial da caricatura do jornal francês: "No que teria se transformado o pequeno Aylan se tivesse crescido?" A rainha respondeu: "Aylan poderia ter sido médico, professor ou pai carinhoso". O desenho do jornal Charlie Hebdo gerou fortes críticas nas redes sociais. Questionada pela AFP na quinta-feira sobre a controvérsia, a publicação não quis se pronunciar.

Na véspera do primeiro aniversário do atentado que dizimou a redação da Charlie Hebdo, a revista satírica publica nesta quarta-feira um número especial, em cuja capa mostra o desenho de um Deus com um fuzil pendurado no ombro e a legenda "o assassino continua à solta".

A Charlie Hebdo, "jornal de combate divertido, deve estar onde os outros não ousam ir", afirma o cartunista Riss, um dos membros da redação que sobreviveu ao atentado há um ano e que agora é seu diretor.

Protegido por cinco guarda-costas, Riss conta com orgulho como os sobreviventes conseguiram fazer o semanário, que os jihadistas acreditavam que estava morto, renascer. "Um jornal de combate, mas um combate divertido, disparatado", especialmente em prol do laicismo.

A prova é o lançamento nesta quarta-feira de uma edição de aniversário, mais ateia e satírica do que nunca, e com uma tiragem de um milhão de exemplares. Em sua capa, um Deus assassino, que corre com um fuzil no ombro, assim como um editorial em defesa do laicismo.

"A Charlie Hebdo não renuncia a nada", constata o jornal Le Parisien. "Decididamente, gostando ou não, eles são Charlie". "Um ano depois do crime, podemos estar certos a respeito: contra os devotos, os fanáticos, os ajoelhados, os conformistas e os dogmáticos. Charlie viverá", afirma o diretor do jornal Libération, Laurent Joffrin, que abrigou em sua redação a equipe do semanário depois do atentado.

O lançamento deste número especial não provocou a avalanche de público em direção às bancas que foi registrada na divulgação do "número dos sobreviventes", logo após o atentado, que teve uma venda histórica de sete milhões e meio de exemplares.

Na época, o slogan "Je suis Charlie" passou a ser utilizado no mundo inteiro para condenar o atentado e defender a liberdade de expressão.

"É preciso sacudir as pessoas"

"Para esta capa, eu queria ultrapassar esta ou aquela religião e tocar coisas mais fundamentais. É a própria ideia de Deus que nós, na Charlie, contestamos. Afirmar as coisas claramente gera uma reflexão. É preciso sacudir um pouco as pessoas, do contrário permanecem em seus trilhos", afirma Riss.

Desde o atentado de 7 de janeiro, o jornal viveu "um ano de combates semanais: combates por nossas ideias, mas também para nos demonstrar que continuávamos sendo capazes de fazê-lo. É a última prova, na qual vemos se vivemos ou se morremos, se acreditamos em nossas ideias a ponto de superar este ano e sair vencedores. Se o jornal tivesse desaparecido, nossas ideias teriam desaparecido um pouco", afirma o cartunista.

Apesar da chegada de dez novos colaboradores, o vazio deixado pelos mortos, entre eles os famosos desenhistas Cabu, Wolinski, Tignous, Honoré e Charb, continua sendo grande. "Pensamos neles sem parar". "Para mim, não estão aqui, mas não desapareceram", afirma Riss.

Riss, que foi gravemente ferido no atentado, quer que sua publicação continue defendendo o laicismo na França e no exterior.

Atualmente a revista vende 100.000 exemplares nas bancas, além de possuir 183.000 assinaturas. Antes do atentado, sua tiragem era de 30.000 exemplares e a publicação tinha sérias dificuldades financeiras.

O apoio recebido pela revista continua emocionando Riss, mas com estas novas ajudas "também ocorrem mal entendidos", afirma sorrindo.

Conta que um sacerdote escreveu: "Desfilei por vocês em 11 de janeiro (na maior manifestação realizada na França) e considero sua capa escandalosa".

"Como se o 11 de janeiro fosse um contrato: eu me manifestei por vocês e agora se vocês acalmam", debocha Riss.

O chargista Riss, que sobreviveu ao atentado jihadista há um ano contra a redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo, afirmou que a publicação "deve estar onde os outros não ousam ir". Protegido por cinco guarda-costas, Riss conta com orgulho como os sobreviventes conseguiram fazer a revista renascer, quando os jihadistas já cantavam vitória.

"Um periódico de combate, mas um combate divertido, disparatado, especialmente em prol do laicismo", acrescentou. A prova disso é a publicação nesta quarta-feira de um número de aniversário, mais ateu e satírico do que nunca, com uma capa que mostra um deus armado e um editorial em defesa do laicismo, escrito por Riss.

"Charlie deve estar onde os outros não ousam ir. Para esta capa, queríamos ressaltar isso e tocar em coisas mais fundamentais. É a ideia em si de um deus que nós, na Charlie, contestamos. Afirmar as coisas claramente faz refletir. É preciso agitar um pouco as pessoas, caso contrário elas permanecem em seus trilhos", explicou.

Desde o atentado de 7 de janeiro, a revista conseguiu sobreviver a "um ano de combates semanais".

"Combates por nossas ideias, e também para demostrarmos que continuamos capazes de fazer isso. É a prova final, na qual vemos se vivemos ou se morremos, se acreditamos em nossas ideias ao ponto de superar este ano e sair vencedores. Se a revista tivesse desaparecido, nossas ideias teriam desparecido um pouco", avalia ainda.

Apesar da chegada de 10 novos colaboradores, o vazio deixado pelos mortos, entre eles os célebres chargistas Cabu, Wolinski, Tignous, Honoré e Charb, continua sendo grande. "Pensamos neles sem parar. Para mim, não estão aqui, mas não desapareceram', declara.

Riss, que ficou gravemente ferido no atentado, quer que sua revista continue defendendo o laicismo na França e no mundo.

"Um ano depois, o assassino ainda está à solta": um Deus barbudo, armado com uma kalashnikov, ilustra a capa da revista satírica Charlie Hebdo na edição que chega às bancas, um ano após o primeiro de uma série de atentados que mostraram a vulnerabilidade da França.

Com uma tiragem de um milhão de cópias, incluindo dezenas de milhares expedidas para o exterior, esta edição especial da Charlie sai nesta quarta-feira (6) em meio a uma semana de cerimônias, que culminarão no domingo com uma grande manifestação em Paris.

Na presença do presidente François Hollande, uma cerimônia também foi programada na Praça da República, para lembrar as manifestações gigantescas contra o terrorismo de 11 de janeiro.

Em 7 de janeiro de 2015, dois irmãos jihadistas semearam a morte na sede da Charlie Hebdo, em um ataque que espantou o mundo, visando um pilar da democracia, a imprensa livre. "O 11 de setembro francês", descreveu o influente jornal Le Monde.

"Vingamos o profeta! Matamos Charlie Hebdo", gritaram os irmãos Said e Kouachi Sharif, antes de fugirem depois de dizimarem a redação da publicação (oito de seus membros foram mortos, incluindo cinco cartunistas), inimigos dos islamitas desde a publicação de caricaturas de Maomé em 2011. Quatro outras pessoas foram mortas no ataque.

No dia seguinte, outro muçulmano radicalizado, Amédy Coulibaly, matou uma policial perto de Paris. Na sexta-feira dia 9, ele atacou um supermercado judaico, matando quatro judeus antes de ser morto pela polícia. Os irmãos Kouachi foram mortos simultaneamente no nordeste de Paris.

Em três dias, os jihadistas, que reivindicaram pertencer à Al-Qaeda ou ao grupo Estado Islâmico (EI), mataram 17 pessoas. Em 11 de janeiro, Paris se tornou a "capital do mundo", segundo as palavras de François Hollande. O presidente francês caminhou pela capital junto a cerca de 50 líderes estrangeiros.

Fissuras

No total, quase 4 milhões de manifestantes tomaram as ruas do país, a maior mobilização popular desde o Liberation em 1944. Em Londres, Madri ou Washington, as pessoas também marcharam cantando a Marselhesa e gritando "Je suis Charlie" ("Eu sou Charlie").

Mas esta bela expressão de solidariedade não escondeu as tensões na sociedade francesa. Apesar de denunciarem a violência, alguns muçulmanos tiveram dificuldades em se solidarizar com Charlie Hebdo.

Os professores também tiveram dificuldades em impor os minutos de silêncio em homenagem às vítimas, enquanto os assassinos foram, por vezes, glorificados na internet.

A França passou a questionar seu modelo de integração. Como os jihadistas, nascidos e criados na França, chegaram ao ponto de cometer tais atos extremos? O primeiro-ministro Manuel Valls denunciou um "apartheid territorial, social, étnico" no país.

A extrema-direita acabou por se beneficiar da tensão, registrando resultados históricos nas eleições territoriais em março (25% dos votos no primeiro turno) e, em seguida, nas regionais de dezembro (quase 28%).

Uma semana depois do massacre, Charlie Hebdo publicou uma nova caricatura do profeta com uma lágrima no olho. Do Niger à Chechênia, manifestações violentas, por vezes fatais, irromperam no mundo muçulmano.

França em guerra

Após esta "edição dos sobreviventes", da qual cerca de oito milhões de cópias foram vendidas, os sobreviventes da Charlie Hebdo ainda tentam se recuperar, lutando para lidar com seus traumas, enquanto alguns deixaram o jornal.

Em outras partes, a vida retornou para os trilhos sob vigilância: as patrulhas se tornaram a norma em locais sensíveis. Apesar destas medidas, alguns judeus preferiram partir para Israel.

E este dispositivo de segurança não impediu que o horror voltasse a acontecer. Apesar de alguns ataques terem sido frustrados (contra uma igreja no subúrbio de Paris em abril) ou limitados (em um trem Thalys, em agosto), os jihadistas atingiram um novo patamar em 13 de novembro.

Naquela noite, uma dúzia de homens atacaram de maneira coordenada um estádio de futebol, bares e restaurantes e uma casa de shows. Eles matam 130 pessoas no pior ataque já cometido na França.

Desta vez, o "espírito de 11 de janeiro" não soprou sobre o país, colocado em estado de emergência. As manifestações foram proibidas, as ações policias se multiplicaram, os ataques contra o EI - que reivindicou os atentados - aumentaram na Síria e no Iraque. "A França está em guerra", insistiu François Hollande.

Quase ano depois dos atentados que dizimaram sua redação em Paris, no dia 7 de janeiro, o semanário satírico francês Charlie Hebdo publicará no dia 6 um número especial, com uma tiragem de quase um milhão de exemplares, informou nesta quarta-feira sua direção.

Este número duplo -32 páginas em vez de 16- vendido ao preço habitual de 3 euros, contará com um caderno de caricaturas de Charb, Honoré, Cabu, Wolinski, Tignous, os cartunistas assassinados em 7 de janeiro por dois extremistas, e com desenhos atuais e mensagens apoio de personalidades.

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